👑The Monster and The Beauty • Namjin ✔𝙾𝚋𝚛𝚊 𝚌𝚘𝚗𝚌𝚕𝚞𝚒𝚍𝚊 EM REVISÃO

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A impressão que tinha era notar a madeira do móvel formando um breve sorriso.

Além de falar, ele podia sorrir?

-Ah, eu sou Seokjin, mas já que dividimos o mesmo quarto e você me viu sem roupa ontem pode me chamar de Jin. -A naturalidade do garoto para encarar tudo aquilo deixou o guarda-roupa levemente intrigado. Até ele que é um objeto falante não acreditaria em objetos falantes. -Devo descer para falar com Najoom, mas não sei que roupa botar.

-Eu já saí do armario à muito tempo, mas posso ver o que tenho aqui pra você. -Jin riu, tirando a roupa. -Isso mesmo meu caro, sabe, eu não sinto só atração por homens, então não se sinta acanhado e talvez eu seja o único nesse palácio.

-Não tem nada aqui que você já não tenha visto ontem Osjang. -O armário falante remexia dentro de si por entre os cabides, escolhendo os trajes que Jin usaria. Pegou uma camisa branca e calças e um casaco em cor vinho. -Como isso tudo aconteceu?

-Acho que Chosdae pode lhe responder melhor, ele sabe tudo que a bruxa falou. -Jin deixou de colocar o casaco, e prestou atenção nas palavras de Osjang. -Cuidado com o mestre, ele pode ser um pouco bruto às vezes.

-Estou acostumado. -Seokjin pegou a escova que o armário entregou e começou a pentear os cabelos. -Não sinto medo.

-Eu vi seu curativo ontem, você deveria tê-lo trocado. -Kim calçava as botas, imparcial. -Pode ocasionar um infecção, e não seria nada bom.

-Preciso de uma bandagem nova, usei um pedaço de pano velho que guardava na calça.

-Porque guardava um pano velho no bolso? -Osjang indagou passando uma faixa limpa para Seokjin que retirava a antiga, deixando a mostra o ferimento no pescoço.

-Para isso mesmo. -O armário suspirou, olhando atônito para a largura do machucado. Mesmo não sendo profundo, era saliente e bem avermelhado. -Não tenho bandagens em casa, são muito caras na drogaria.

-Como isso aconteceu?

-Don Gaston. -Disse enfaixando o local ferido de volta. -É um forasteiro francês que se instalou na nossa vila, e não saiu mais.

-Ele é bruto com quem convive, Jin?

-Pode ter certeza. -Levantou da cama dando uma última conferida no espelho que tinha na penteadeira. -Acho que consigo aguentar meu novo mestre.

Kim terminou de se arrumar e despediu-se do armário por hora, descendo as escadas, com o sol iluminando apenas alguns cantos do palácio. Cortinas compridas e escuras desciam pelas paredes impedindo raios de sol de chegarem nos cantos, tornando o ambiente sombrio em plena 7 horas da manhã.

Ao chegar no final dos grandes degraus, ouviu pequenos passinhos, e procurou em todos os cantos de onde estava vindo aqueles barulhos. Avistou figuras baixas, algumas não se moveram já outras correram pra longe tilintando contra o chão. Seokjin seguiu os sons, indo ao canto de uma das várias portas do salão. A medida que o garoto vestido de vermelho se aproximava o objeto também, acendendo as velas em chamas que clarearam a vista do Kim. Um relógio chegou atrás, com os tic-taques agudos pelo nervosismo.

-Chosdae, eu presumo, é um prazer. -Uma pequena reverência foi retribuida pelo objeto incandescente, que sorriu para o humano confirmando. -E o relógio, quem é?

-Me chamo Sigye, seja bem vindo ao castelo senhor.

-Me chame de Jin, apenas Jin. Poderiam me mostrar o castelo?

-Meu senhor, creio que o mestre o espera na grande mesa de jantar, seria melhor comparecer, para que ele não se zangue. -Chosdae disse aflito, odiava ver o mestre Kim irritado. -Mostraremos tudo a você mais tarde, eu lhe prometo. Venha.

Jin seguiu Chosdae e Sigye até a sala com a mesa farta, vendo na ponta a grande fera o esperando. O Kim mais novo pegou a cadeira da outra ponta na mesa, levando até o lado de onde estava o dono do palácio. Surpreso, o lobo que estava com sangue pingando da boca pela carne mal passada que comia, encarou o garoto.

-Por que trouxe a cadeira até aqui, se eu mandei que a deixassem lá longe?

-Não quero deixá-lo comer sozinho, eu me sentiria um péssimo hospedeiro, sendo prisioneiro ou não. -Serviu batata e cenoura com um pouco de sopa no prato, levando o caldo até a boca. -Esta sopa está uma delícia.

-Foi minha mamãe que fez! -Jimin disse, pulando na mesa. O moreno pode ver que se tratava de uma pequena xícara, e sorriu de volta. -Sou Jimin, como você se chama?

-Já disse que não quero você em cima da mesa enquanto eu como Jimin. -A fera fociferou mordendo mais um pedaço de carne, depois servindo a sopa também. -Posso colocar alguma coisa em você sem querer, eu não quero fazer isso.

-Desculpe-me mestre, ele fugiu de mim enquanto lavava a louça. -O bule disse pouco afobado, Jin soltou uma pequena risada fazendo mais uma vez Namjoon se hipnotizar e seus pelos ficarem levemente eriçados. -Jimin, desça já aqui seu levado!

-Desculpa mamãe. -A pequena xícara disse saltitando pela mesa até chegar perto do Kim humano, e o mesmo o pegou nas mãos colocando ao lado da mãe na mesinha com rodinhas. -Você tem mãos macias moço!

-Jin, pode me chamar assim, e muito obrigada.

Os objetos mágicos saíram do local, deixando Namjoon e Seokjin sozinhos na imensa sala de estar. A fera na ponta da mesa se deliciava com o bufê, enquanto o garoto prisioneiro apenas o observava.

-Por que não tenta usar a colher para comer? -Jin disse erguendo a colher que sobrava na mesa, já que o grande lobo tomava a sopa levando o prato até a boca, fazendo escorrer por tudo. A fera pegou a colher e tentou encher com o caldo da sopa, mas ao levar na boca derrubou tudo. -Oh!

-ARRRRRGH! -O Kim lobo rugiu, e jogou o prato na parede fazendo o mais novo levantar e se afastar alguns passos. -MAS QUE DROGA! AAAARGH!

-Acalme-se, senhor. Está tudo bem, veja. -Os objetos correram apavorados, achando que de alguma forma o príncipe lobo havia tentado devorar o garoto, e ficaram surpresos e admirados quando viram que o moreno estava arrumando outro prato com sopa para a fera. -Pronto, não precisa ficar nervoso, vamos comer.

Ao sentar de novo no lugar, pegou o prato e ergueu até a altura dos lábios, então o lobo meio desconfiado também ergueu, e Jin sorriu levando a borda até a boca tomando a sopa diretamente do prato como a fera fazia antes. O jantar seguiu assim, e foi tudo bem pela primeira vez em anos sem ter um humano de verdade novamente no castelo.

Durante muitos meses, quase um ano se passou e Jin se acostumou a vida que levava, havia até esquecido de perguntar como havia acontecido tudo aquilo com o castelo e os habitantes dele. Namjoon e o outro Kim foram se aproximando mais e mais a cada dia. Passeavam pelos jardins do palácio e faziam outras atividades. O moreno havia deixado de ser um prisioneiro e virou um acompanhante.

Os dias que pareciam continuar terríveis, tornaram-se os melhores dias da sua vida.

Sua vida não era de servo, e sim como príncipe.