É triste a dor do parto, mas eu tenho que partir

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Eu vou mudar um pouco o layout dos capítulos, se vocês não gostarem me avisem que altero para o formato antigo... Espero que gostem

Ponto de Vista (P.O.V.): Hiccup

Ok, eu estou nauseado... Não é sempre que se atravessa um portal para sabe-se lá onde e se volta vivo para contar a história.
Se eu soubesse que era disso que o "encontre-me" significava, não sei se realmente teria ido atrás de The Man in the Moon, ou MiM como ele sugeriu. Que papo doido, nova missão, Dons, colar para telepatia, pessoas novas, um menino cujos cabelos são tão brancos como a neve, uma menina preocupada e outra desmaiada. Como vou contar isso para minha mãe? Para Astrid? Será que conto para Astrid? Espera... Como vou contar para o Banguela?
Tudo ficou tão difícil de uma hora para outra, não havia pensando em Banguela até então. O que ele vai achar disso tudo? Será que um dia meu dragão vai ser capaz de me perdoar depois de eu o deixar por tempo indeterminado? Só de pensar nisso estou passando mal. Como fui insensível não pensando no que Banguela iria sentir, sou mesmo um fracasso.
Me encolho e começo a chorar, pensando na hipótese de perder para sempre a amizade de meu melhor amigo.
Não muito tempo depois de me recuperar do meu momento de fraqueza escuto um som, som esse que tanto conheço, Banguela. O dragão voa rapidamente até mim e me lambe, fazendo cócegas e me sujando com sua baba grudenta (ele estava com saudades).
Não demoro muito para me recuperar, me levanto e ele começa a se esfregar em mim, como se quisesse carinho. Passo minha mão pelas suas resistentes escamas, fazendo o máximo para lhe passar conforto.
-Também senti saudades garoto -ele se deita de barriga para cima, esperando por carinho- Hahaha, assim é demais né Banguela -o dragão faz um chiado em tristeza, mas logo se recupera e fica em pé-
-Ai amigo, como queria que você pudesse falar agora... Têm tantas coisas passando na minha mente, tantas coisas para falar e em tão pouco tempo, mas o que vou fazer? As coisas são como são e não há nada que eu possa fazer para mudar -ele faz uma cara de quem não entende o que estou querendo dizer-
De supetão, sinto meu pulso esquentar. Olho para a região e vejo meu bracelete da Lua reluzir. Banguela fica espantado. Em minha mão surge uma magnífica fita prateada com o símbolo da Lua na lateral, sabia do que se tratava, não como havia feito, mas havia utilizado pela primeira vez meu Dom das Ferramentas e agora meu dragão poderia falar.
Amarro delicadamente a fita em seu pescoço para não causar desconforto. Não ficou muito bonito, mas deve servir.
    Mentalizo um agradecimento a MiM e parto para o centro de Berk, a fim de falar com minha mãe, esse não era o momento certo para conversar com Banguela sobre o que estava acontecendo.

[...]

    -Maaaãeee, você está aqui? -pergunto, entrando na sala de casa-
    -Hiccup? Sim estou aqui, mas por que esse desespero? -ela começa a rir-
    -Algo sério aconteceu mãe -olho para trás, me certificando que meu dragão não conseguiria nos ouvir- Algo que muda tudo!
    -O que você quer dizer com isso menino? Não me faça enfartar aqui, eu sou cardíaca!
    -Você conhece The Man in the Moon? -pergunto-
Ela simplesmente trava, fica pensando em perplexidade
-Não é possível, ele é uma lenda... Ele precisa ser -ela parece ter um flashback- Seu pai me contou uma história uma vez, um garoto que foi chamado por The Man in the Moon para uma tarefa, mas ele nunca mais retornou. Me diga que não é isso que você precisa me contar Hiccup, por favor me diga que é outra coisa! -minha mãe começa a soluçar, como quem está prestes a chorar-
-Ou mãe, respira, só fiz essa pergunta porque também ouvi a lenda -minto, tentando não preocupa-la- Só vim te avisar que vou fazer uma viagem para descobrir mais sobre as terras a noroeste, fica tranquila
-Ahhh meu filho, que ótimo. Tudo bem, você tem meu apoio, mas se cuide por aí mocinho, já conversamos sobre essa coisa de viagens ein, você pode estar ficando mais velho, mas não se esqueça do juízo! -reviro meus olhos-
-Sim mãe, já conversamos sobre isso, agora preciso ir, mas antes... -a abraço profundamente, beijando seu rosto- Te amo, volto o mais cedo que eu conseguir.
E assim deixo para trás uma mãe amorosa e cuidadosa. Agora faltam dois.

[...]

Falar com Astrid é mais fácil, não tenho que dar muitas explicações, afinal, já não temos mais nada. Além disso, do jeito que ela é, sei que não vou precisar explicar para onde vou a mais ninguém, ela espalhará a mensagem por mim. Encontro-a na arena de treinamento.
-Ei, Astrid!
-Hiccup, eu precisava mesmo falar com você! Eu sinto muito por -não a deixo terminar a frase, interrompo-a-
-Seguinte, já sofri demais por você e agora já passou, não temos mais nada. Que isso fique bem claro. Outra coisa, estou fazendo uma viagem e não sei quando volto, você fica encarregada de treinar a todos na minha ausência -digo simples e objetivo, pegando ela de surpresa-
-O quê? Mas, mas como assim? Para onde você vai? Eu preciso ir com você! -ela tenta se impor-
-Não! E para onde eu vou não te interessa. Que parte do "não temos mais nada" você não entendeu? -sou ríspido com ela, quero deixar as coisas claras como a neve-
-Mas Hiccup, você não pode fazer isso! -ela se exalta, irritada-
-Tchau Astrid -deixo-a nervosa e preocupada, mas não me importo, ela me traiu, não merece minha simpatia afinal-

[...]

Agora já é fim de tarde, tenho pouco tempo para conversar com Banguela, mas sinto que é extremamente necessário.
-Amigo, não sei se você percebeu, mas vim evitando falar de um assunto o dia todo com você. É um assunto muito delicado e não sabia como te contar... -confesso ao meu dragão-
-Eu sei Hiccup, te conheço, sei quando algo está te incomodando -sua voz sai engraçada, talvez porque seja algo inusitado e a primeira vez que ouço- E também tenho noção que é algo muito importante, mas você pode me contar, eu estou pronto
-Assim espero, Banguela. Lá vai... -digo, muito tenso- Eu preciso ir para um lugar muito distante e não posso te levar junto, nem mesmo sei quanto tempo vou ficar lá ou sequer se vou conseguir voltar -solto tudo, descarregando esse peso de minhas costas-
Não se escuta nada e acho que o silêncio é o que deixa tudo pior.
-Tudo bem Hiccup -o dragão agora triste, responde depois de um tempo- Sei que independentemente do que seja, você não me deixaria por qualquer motivo, muito menos preocupado desse jeito. É algo importante e eu vou respeitar isso, mas vou sentir saudades todos os dias e todas as horas, só espero que um dia você possa voltar -ele admite, desgostoso-
E pela primeira vez, vejo Banguela chorar, uma cena que me corta o coração, fazendo eu chorar junto. Caio de joelhos ao seu lado e lhe dou o meu mais sincero abraço, compartilhando com ele todas as sensações do momento, todas as angústias, mágoas e inseguranças que estou sentindo, o mundo agora é só eu e ele.
Mas é como dizem, tudo que é bom dura pouco e quando noto, meu tempo havia se esgotado. O portal mais uma vez se abre e Banguela pôde ver que a despedida havia chego em seu fim.
Como último reflexo e desejo antes de ser teletransportado, sinto meu pulso quente mais uma vez e arremesso para meu dragão um presente final, um acessório que se prende em sua cauda, mas não um acessório qualquer, um que lhe dava as ferramentas necessárias para poder voar totalmente sozinho, sem qualquer tipo de ajuda, como um dragão deve ser capaz.
Agora Banguela estava livre para voar em novos horizontes, partes inexploradas, ir tão longe quanto ele conseguisse chegar. E eu também.

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