Globos vítreos

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Ponto de Vista (P.O.V.): Anna

Muita coisa mudou desde que Elsa voltou ao palácio, a população está mais feliz do que nunca, todos se sentem acolhidos por uma representante que, apesar de ter poderes característicos de inverno, tem um coração caloroso digno do verão. Da mesma forma, eu nunca a vi tão radiante (não que eu a visse muito também), hoje podendo ser ela mesma sem temer o que os outros pensariam se descobrissem seu "segredo".
Tudo parece perfeito no reino, infelizmente esse conceito não se aplica para o meu relacionamento com o Kristoff. No começo tudo eram flores, o mundo era apenas meu e dele, contudo, de um tempo para cá ele veio se mostrando cada vez mais ignorante comigo, até me lembra um pouco do Hans, alguém que eu realmente não quero recordar.
A situação está tão crítica que até Olaf, o ser mais fofo desse mundo, fica com um pé atrás em relação ao nosso "amor". Para se ter uma ideia, ontem a noite ele chegou em casa muito frustrado e acabou por me agredir! Talvez não fisicamente, mas nem por isso agressão psicológica se torne menos impactante. Até porque o externo, com o tempo, se regenera, mas vai saber a profundidade da cicatriz deixada por uma frase mal pensada.
-Anna, está tudo bem? -Elsa diz, entrando na biblioteca e vendo minha expressão pensativa.
-Ahnn, claro! Por que não estaria? -dou um sorriso amarelo.
-Não sei, você anda pensativa demais, tem algo te incomodando? -fala minha irmã com uma voz doce.
-Na verdade não Elsa, está tudo certo, só estou pensando mais sobre a vida ultimamente -dou um sorrisinho para tentar convencê-la.
-Então tudo bem... Por sinal, o que você está lendo? -pergunta minha irmã curiosa-
-Não sei, peguei esse livro para me distrair, fala sobre alguns mitos e histórias fantásticas -respondo sem pensar muito-
-Espero que você goste, tenho que ir agora, mas saiba que qualquer coisa que você precisar Anna, pode contar comigo -diz Elsa, como se soubesse algo a mais que não estava contando.
-Pode deixar... Ahnn muito obrigada -sorrio de verdade para ela.
Elsa se vai, deixando-me só na biblioteca, mas não sem antes me dar um beijo na testa, como a irmã super amável que ela é (sim, talvez soe engraçado se pararmos para pensar que quando eu a chamava para sair, não obtinha respostas concretas, mas hoje eu vejo, ela não fez isso apenas para me proteger, mas para proteger todo o reino, como uma verdadeira rainha deve fazer).

[...]

Como eu gostaria de viver em um conto de fadas, onde no fim, tudo dá certo. Infelizmente, hoje foi o ápice do que eu suportava, não aguento mais conviver nessa relação tóxica onde não posso ser quem sou, pensar e agir do jeito que eu quero porque um espírito sanguessuga rouba todas as minhas energias e qualquer resquício de felicidade.
Deixei tudo para trás, Kristoff, suas palavras asquerosas e um pobre Sven, que me olhava com uma cara triste como quem pede por desculpas. Saí pela noite fria, com lágrimas nos olhos, em busca de qualquer coisa que me tirasse desse estado de tristeza.
Nada encontrei, se não uma linda Lua brilhante, que apesar do meu estado, era impossível não ser notada. De supetão e ainda olhando para o céu, sinto meu corpo cair no chão, havia tropeçado em uma pedra. Quando olho para cima, vejo um mercador importante de Arendelle com a mão estendida para me ajudar, não que o conheça há muito tempo, mas certamente era um cidadão famoso.
Decidindo se me pronunciava ou não, percebo algo inusitado, seus olhos brilhavam em uma cor estranha, um cinza esbranquiçado, quase como se estivesse possuído. Não apenas isso, mas seus movimentos eram muito robóticos, como se não tivesse controle de seu próprio corpo.
Não tenho tempo de reação, só consigo escutar:
"Anna, de Arendelle, encontre-me, as coisas estão para mudar".
Com um lampejo de esperança no coração e muito medo do que acabou de acontecer, disparo noite adentro rumo ao castelo que tantas vezes para mim já era conhecido.

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