CAPÍTULO 5 - DYLAN

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O que está acontecendo?

Maldição!

A culpa é minha, por ter aberto meu bico!

Porque a elogiei?

Ela é minha chefe, porra!

O que tenho na cabeça?

Mas, vamos concordar, ela estava muito linda mesmo.

Tentei não usar os óculos, por achar que não combinavam com minhas roupas. Mas não dava pra ver o que estava a um metro de mim e as luzes da entrada junto com a vergonha, me impediram de observa-la. Só a reconheci de longe por ver alguém me olhando e confirmei que era ela ao me aproximar.

Parece que, propositalmente, se aproximou de mim após perceber que comecei a enxergar direito.

Charlie está divina.

Os cabelos soltos, mais ondulados do que o normal, na empresa. Acho que as ondulações o deixaram ainda mais avermelhado. A cor do batom combinava com o vestido vermelho e usava uma maquiagem leve, não a impedindo de continuar majestosa.

Dança tão levemente. Com toda aquela sensação de poder e autoritarismo que ela consegue emanar, sem nem se esforçar.

Havia dito que não sabia, mas não é realmente verdade, danço desde pequeno, quase que obrigado, por meus cuidadores.

Dançávamos tão sincronizados que não parecia ser nossa primeira dança.

— Mentiroso! – Murmurou, aparentando estar brava. – Disse que não sabia dançar.
Baixei o rosto para lhe olhar.

Seus olhos castanhos escuros quase negros fitavam-me, como se alcançasse o fundo da minha alma e de todo meu ser.

Sinto meu coração acelerar e minhas bochechas esquentarem, fazendo-me afastar, um pouco, de seu corpo por segurança.

— Desculpa... – Sussurro, tirando meu olhar do seu.

Terminamos o resto da dança sem conversar.

Minhas mãos e nuca soavam, lembrando-me que preciso cortar o cabelo.

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Chegou a hora do jantar. Havia várias mesas grandes em uma parte do salão mais afastada. Sentamos enquanto garçons colocavam potes, tigelas e garrafas de vinhos e champanhes no centro da mesa. Antes de comermos, uma morena na ponta da mesa chamou nossa atenção e agradeceu a vinda de todos. Adivinho que seja a anfitriã, por tanto, tia de Charlie que sorria e batia palma, junto com os outros, do meu lado.

O jantar durou pouco. Comi um pequeno prato de salada e vinho branco. Charlie comia e conversava entretida com uns casais a sua frente e lado. Como agradeço, por ser invisível e Charlie chamar toda atenção. Como não também? Ela é linda, atraente, interessante e madura. É como uma mistério, cheio de labirintos e salas. Não deixa passar nada, além daquilo que quer passar. Consegue ser uma pessoa agravel, mesmo sendo óbvio que demostra tudo que sabe, sente e entende.

Porra! Quero me perder nessa montanha russa de emoções e confusões.

Depois do jantar, voltaram ficar de pé e conversam em grupos pequenos. Parei de frente ao bar e observava os outros, nesse momento, recordei do rosto de Charlie enrubescer após elogia-la, fazendo-a ficar ainda mais linda. Evito ter pensamentos impuros, dando um gole demorado num copo de champanhe, que o garçom acabara de passar servindo e puxei um rapidamente antes dele passar direto.

Charlie tinha sido raptada depois do jantar. Acho que houve algum imprevisto que nem à vi saindo.

Procuro com os olhos e avisto-a de longe. Sua postura é admirável, talvez tivera aula de etiqueta. Anda de cabeça erguida e coluna ereta mesmo com pressa. Parece que o mundo é seu e que não precisa de ninguém, que é praticamente verdade.

O vestido dança em suas curvas trabalhadas. Infelizmente, suas pernas escondem-se por trás da seda e por um momento o amaldiçoou.

Enquanto bebo o champanhe em pé, a observo, convencendo-me que é apenas para caso ela precise de minha ajuda. Vejo-a procurando alguém e ao encontrar-me, faz um gesto para que me aproxime. Pedi que eu a acompanhe enquanto cumprimenta a todos os convidados.

O que foi de elogio à produção do evento não se coloca no papel e Charlie fica extasiada de agradecimento. Sabe que não é mentira e que está tudo do jeito que planejara.

A noite passou depressa e logo os que tinham sido convidados haviam ido embora.

— Já pode ir para casa, se quiser.

Viro-me para a pessoa atrás de mim, que pegou-me de surpresa, olhando o trabalho alheio. Tento esconder um sorriso ao me deparar com Charlie descalça, com as mãos na cintura, olhando para o lado.

É a primeira vez que vejo-a sem os saltos. É mais baixa do que esperava. Batia, um pouco, abaixo do meu queixo e mesmo sendo baixa, não perdia a compostura.

— Você irá agora? – Pergunto, contendo minha euforia.

— Vou beber. – Franzo o cenho, estranhando. – Venha comigo. – E se afasta sem nem esperar oposição.

Não é ruim quando ela faz isso. Parece me convidar quando na verdade está mandando. Eu provavelmente negaria mesmo querendo ir, por pura vergonha. Me dar nos nervos não conseguir aceitar e muito menos retrucar com ninguém, principalmente com ela!

Charlie senta em um banco alto de frente ao balcão do bar, que já está sem o barman, esticando-se para pegar uma garrafa de uísque detrás da grande mesa de mármore do balcão. Observo-a se esticar e sorrio de sua falta de sucesso. Sem muito esforço, alcanço a mesma garrafa que ela tentara, frustradamente, pegar. Arranjo dois copos de vidro, que estavam em uma bandeja por perto, e coloco duas doses generosas para nós dois.

Seu rosto denuncia que está meio frustrada por não ter alcançado, mas sem ressentimentos, pega o copo e logo em seguida, dá um gole rápido. Depois, coloca as mãos no rosto e apoia os cotovelos sobre a mesa. Com os dedos, faz círculos lentos sobre as têmporas, enquanto suspira aliviada.

Está cansada e nem tenta esconder.

As pernas estão penduradas, sendo balançadas levemente. Seus pés estão avermelhados de ficaram presos naqueles saltos lindos, mas desconfortáveis, que nem sei onde ela os enfiou após tira-los.

— Finalmente acabou. – Suspira. – Pelo menos esse, né? – Fala, me olhando com um sorriso cansado e as pálpebras pesadas.

— Não é melhor ir para casa descansar? –Pergunto, sem sentar no banco ainda.

Charlie dá outra golada prolongada, acabando com o uísque e erguendo o copo para que eu coloque mais. Derramo uma dose, ela faz um movimento para que coloque mais, arfo e viro até a metade do recipiente.

— Se beber muito não terá como dirigir. – Aviso, enquanto dou meu primeiro e pequeno gole.

— Então não tem problema, se você me levar para casa, certo? – Estou vermelho de certeza. Ela ri. – Estou brincando. Irei de taxi. Então não se preocupe, ta bom? – Fala com um sorriso caloroso. – Pode ir.

Fico calado enquanto bebo mais uma dose. Após dar mais uns goles, percebe que não ieri sair sem ela, arfa e se levanta, com um sorriso meio de lado.

Saímos juntos até a saída. Já havíamos pego nossas coisas e estávamos nos despedindo na entrada. Subo na moto, mas a espero pegar um taxi e sair do meu ponto de visão.

Assim que chego em casa, tomo um banho e lavo meu cabelo.

Tenho que cortá-lo. Já está dando trabalho.

Antes de dormir, penso como Charlie ficou linda constrangida com o elogio e penso como seria outras reações dela, no mesmo instante, sinto a parte da minha entreperna contorcer-se nas calças e me arrependo imediatamente por tê-lo pensado.

Seram longos dias de trabalho...

Sorrio ansioso.

Tons de Rubro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora