CAPÍTULO 26 - CHARLIE

326 37 0
                                    

A primeira coisa que pensei em fazer foi vê-lo. Na verdade, contei apenas por isso. Quando entrei em sua na sala e estava de costas, mal pensei em outra coisa. Aquelas costas que sempre amei, as dobras que qualquer camisa dá quando ele usa, no meio.

Ah!

Seus ombros cresceram ainda mais. Assim como seus músculos e cabelo, que está do mesmo jeito que estava da primeira vez que o vi, mas repicado, de uma forma arrumado. Vontade de enfiar as mãos por dentro e puxar para mim.

Sua expressão não mudou. Seu rosto feliz, surpreso e firme. Só falta aquela expressão que amo. Aquela de tons que nunca havia visto em rosto algum.

Chego no bar um pouco antes das sete. Para ser exata, de seis e quarenta. Estou tão nervosa que poderia explodir.

Será que estou bem? Será que essa roupa me caiu bem? Não estou com o mesmo corpo que Dylan se lembra. Já devo está cheia de rugas e pelancas.

Penso, enquanto olho para a parede de cerâmica tão limpa, que aparece meu reflexo nitidamente. Mas deixo de pensar em minha aparência, assim que vejo Dylan, que ao por os olhos em mim, pareceu vir me devorar como um lobo faminto pelo olhar feroz e viril. Estremeço como se tivesse me tocado.

Está com lentes de contato? Ah, hoje vai ser difícil.

Controle-se! Ainda é cedo para esse descontrole!

— Quanto tempo, ein? — Pergunta, desviando o olhar para o copo.

— Sim... — Respondo, fitando-o. — Pelo menos você não veio me buscar bêbada. — Sorrio junto dele.

— Uma vodka, por favor. — Pede.

— Começar a noite assim?! Tão cedo. — Provoco.

— Recomenda algum outro?

— Sabe que uísque é meu favorito.

— Pra mim seria café.

Sorrio.

— Me conhece tão bem...

E aí está. O rosto que falava. O tom que tanto desejava ver. Seu rosto mudou de cor assim que terminei de falar, para um tom rosado nas bochechas.

— Você não mudou nada. — Comento, mordendo o lábio inferior.

— Espero que você também não... — Acrescenta.

Dou um último gole em meu copo agora vazio de uísque e viro-me no banco para olhá-lo.

— É? Mas eu mudei. — Fita-me. — Já não sou mais tão nova.

— Não fale como se fosse uma velha. — Sorri. — Só tem trinta e três anos. Uma carreira, uma empresa, grana, uma vida inteira!

— Trinta e três é muita coisa, Dylan. — Resmungo.

Percebo seu olhar sobre minhas pernas. Finjo que faço algo no cabelo e abro-as um pouco, "sem perceber", fazendo-o enrigescer o maxilar e desviar o olhar para o lado. Mordo mais uma vez o lábio.

— Bom, — Acrescenta. — Não mudou a mania de morder a boca. — Quase inaudível.

— Como? — Tento olhar em seus olhos. — Ah, então você percebe!

— Você fazia isso quando gemia.

Sua áurea muda completamente. Agora olha-me nos olhos como um predador. Sinto minhas bochechas esquentarem, assim como entre minhas pernas.

— E você range os dentes quando se excita. — Viro o jogo, com ele virando o rosto para baixo. 

Sorrio convencida com minha vitória.

Tons de Rubro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora