CAPÍTULO 2 - CHARLIE

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HORAS ANTES —

Finalmente sobre o domínio da empresa.

Meu pai com certeza não se arrependerá!

Levanto ansiosa e me arrumo para sair.

Após preparar um café reforçado, pego as chaves do meu carro e saio com minha bolsa Louis Vuitton marrom de alça.

O trânsito, que de costume quase fica parado, hoje está à uns 15 minutos imóvel.

Bufo de impaciência, passando as mãos pela testa pedindo incessantemente forças, quando ouço meu celular tocar encima do banco, ao lado da minha bolsa. Pego-o e atendo sem nem olhar para a tela.

— Buttley! – Brado.

— Olá, querida! O que houve? Esta irritada? – Diz a doce voz no celular, que imediatamente identifico quem é: meu pai.

— Desculpe, pai. O trânsito não me deixa sair do lugar. Já largo o carro no meio da pista e vou a pé para a empresa! – Rosno, olhando para os carros parados na minha frente.

Ele ri.

— Sei, querida, estava numa situação parecida mais cedo. – Diz, cansado. Quase o vejo coçando atrás da cabeça e alisando os cabelos grisalhos. Faz isso quando está cansado. – Bom, tenho boas noticias, consegui um secretario para você. Desculpe não lhe deixar Carmo, sabe que meus negócios não andam sem ela. — Fala de sua fiel secretaria, que o acompanha desde o começo dos negócios.

— Não se preocupe, já lhe disse. — Reviro os olhos — Fale-me mais desse secretário que arrumou. — Mudo de assunto.

— Bom, como sabe, Will vendeu a empresa e me recomendou seu secretario. Disse que era extremamente responsável, pontual e tinha experiência nos ramos empresarias. Estava com Will há cinco anos e agora está desempregado. Já lhe enviei o currículo dele pelo e-mail e marquei sua entrevista, hoje às quatro. Algum problema? – Pergunta, apressado.

O trânsito começa a andar. Logo virarei a esquina e sairei do transito.

— Não! Está ótimo! Obrigada! Terei que desligar que aqui voltou a andar. Beijos!

— Beijos, querida.

Desligo e volto a dirigir.

Após uns quinze minutos chego à empresa. Estaciono o carro no estacionamento e entro no elevador.

Assim que me veem saindo da caixa metálica, três pessoas vem em minha direção simultaneamente.

— Senhorita Buttley! — Quase grita à loira Sophie. Está de vestido folgado azul, saltos baixos e óculos grandes. Arrumada como sempre. — A dona da Pucci ligou e falou que queria a decoração de azul Royal e branco neve! — fala seguindo-me até minha sala junto com Débora e Marcos.

— A ligarei mais tarde para acertarmos isso. Ela sabe que isso não vai rolar. — Digo, olhando para uma tabela de cores nas mãos de Marcos e uns pedaços de tecido na de Débora. Que erguem para perto do meu rosto.

Entramos na sala, enquanto Sophie sai.

— Para a festa da Sra. Buttley Fyldes. – Diz, Marcos lembrando da festa de minha tia que estou organizando.

Tirando a caneta de sua mão, circulo a cor ferrugem e ele sai com pressa.

— Para as cortinas da Pucci. – Apressa Débora após olhá-la.

— Seda. – Digo, enquanto dirijo-me para cadeira e se retira, fechando a porta pelas costas.

Arfo.

Preciso de um secretario. Olho meu e-mail, imprimo o currículo e me interesso. Espero que ele seja realmente bom como aparenta.

As horas passam como um raio. São tantos afazeres. Por dia, ligo para, em média, 16 pessoas, serviço esse, que seria de um secretario, assim como um quarto das coisas que faço e fazem.

Olho para meu relógio de pulso de couro,  são três e cinquenta.

Já ele chega.

Começo a escrever o relatório de cada evento que preparo. Ajudará futuramente em outros eventos.

Poucos minutos depois, ouço baterem na porta.

— Entre! — Digo, ainda escrevendo para não perder minha linha de raciocínio.

Ergo logo a mão, para que esperem e termino minha linha após poucos segundos.

Olho-os. Estão longe. Não, eu que ainda estou de óculos. Droga de presbiopia!

Retiro-os do rosto, abaixando a cabeça e volto a olha-los.

Enquanto Léa esta explicando, observo-o rapidamente.

É muito estranhamente bonito.

Após convida-lo a sentar. Conversamos e nos apresentamos. Mal olha-me nos olhos. Parece tímido. Além de bonito, se arruma bem. Seu cabelo está um arrumado bagunçado. É estranho ver nos dias de hoje homens com cabelos grandes, mas o dele é perfeito. Não é nem cacheado e nem liso, é um meio termo mais liso, num tom alaranjado muito charmoso. Os fios soltos no rosto dão um charme masculino e os que estão soltos nos ombros fazem parecer que suas costas são mais largas do que já são, não é nem um pouquinho feio, tanto que a blusa o aperta um pouco. Os óculos marrons dão um realce a mais, nos seus olhos castanho caramelo. As bochechas estão meio avermelhadas e acho que é de vergonha. Fofo. A boca parece que foi desenhada e seus lábios parecem brilhar, mas também, constantemente está lambendo os beiços.

Está realmente nervoso.

Sou o mais profissional possível para ele ficar confortável. Parece funcionar, ele até riu quando falei do velho Will, mostrando um sorriso de lado encantador e dentes branqueados que se destacavam com o bronzeado natural de sua pele.

Ao terminarmos nossa curta conversa nos cumprimentamos e ele se foi. Antes, óbvio que olhei para suas pernas e percebi como são bem grossas. É de minha profissão prestar atenção em cada detalhe, mas acho que estou olhando demais. Paro, suspiro e continuo meu trabalho logo depois dele sair junto a Léa.

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O dia passa rápido e logo estou no meu carro voltando para casa. Tomo um vinho enquanto termino meu relatório. Como sempre tudo está em silêncio. Ainda bem na verdade. Moro sozinha há dois anos. Não tenho empregada nem nada para me fazer companhia.

Seria maldade ter um animal e passar apenas 20% do dia com ele. Além de gostar de arrumar e limpar, pelo menos faço algo em casa. Não sou muito boa com as panelas, por isso, normalmente, compro a comida já pronta e como assistindo a melhor coisa que encontrar na TV. 

Antes que eu pudesse perceber, durmo no sofá.

Tons de Rubro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora