CAPÍTULO 16 - CHARLIE

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Minha cabeça dói e meus pensamentos estão a mil, de medo, desespero e devaneio.

É difícil ver Dylan tomar iniciativa, mas esse abraço... Ah... Esse abraço! Estava pedindo por ele em meus pensamentos. Talvez tenha ouvido-me. Odeio situações como essa. Odeio chorar na frente dos outros. Tive que juntar todas as minhas forças para não fazê-lo e preocupa-lo... Meio que inútil. Ele é preocupado por natureza, principalmente quando é algo em relação a mim.

Descemos do prédio. Pego minha chave e aviso-lhe que irá comigo no Logan 2018, preto estacionado à frente. Jogo minha bolsa no banco de trás e dirijo, sem ligar o som ou abrir as janelas, apenas ar-condicionado, seu perfume pelo carro e o silêncio, que não durou cinco minutos. Dylan balança as pernas freneticamente e aperta as mãos, com os dedos cruzados, enquanto olha para fora da janela sério.

Quer me falar algo, com certeza.

Suspiro.

- Se não me falar logo o que quer, vai acabar com tendinite nas pernas. - Brinco, sem tirar o olhar da estrada.

Ele para de balançar e me olha.

- Quem é esse tal de Állan? - Pegunta com prudência.

Arfo.

- Como havia lhe falado antes, ele é filho de um amigo de meu pai. Nos conhecemos desde os meus 12 anos...

- E o que houve com vocês?

Bato as pontas dos dedos no volante.

- Quando saímos da universidade, seu pai morreu e todos ficamos muito tristes... Meu tio era um homem realmente muito bondoso. - A lembrança faz meus olhos marejar. Suspiro, enquanto sinto-o me observar. - Ele se afastou de todo mundo. Levou as coisas de seu pai e sumiu... Nunca pensei que poderia voltar e querer tirar minhas coisas assim, sem pé nem cabeça. - Aperto o volante, irando-me. - Nunca foi um cara realmente bom. Sempre ganancioso, rude e egocêntrico, mas as pessoas mudam quando perdem as outras... Pensei que seria igual, dessa vez...

Após uns setes segundos, Dylan rosna, voltando o olhar para a janela:

- Filho da puta!

Sua tentativa frustrada de conter a raiva e o palavrão, faz-me gargalhar, como nunca mais tinha feito. Ele enrubesce e ajeita os óculos no meio das lentes.

- Desculpe... Não conseguir conter.

Estico meu braço, alcanço seu pescoço, puxo-o e taco-lhe um beijo suave. Volto à dirigir, como se não tivesse o feito, deixando Dylan vermelho como uma acerola.

Chegamos logo em seguida à nosso destino. O salão era arrumado, mas pequeno. Rodamos por mais umas duas horas e não encontramos nada que combinasse com nossos quesitos.

Sinto fome e olho o relógio. É dose e vinte.

- Vamos almoçar. - Digo, passando direto por ele, que enfia, em seguida, dentro da bolsa, sua agenda com os nomes de outros salões e segue-me.

Andamos pouco e logo encontramos um restaurante pequeno. Estou com fome, não é hora de avaliar local de onde irei comer. Mas parece ser um lugar arrumado e convidativo.

Entramos em uma pequena fila, com umas quatro pessoas em nossa frente. Procuro dentro de minha bolsa, minha carteira para adiantar, averiguando se realmente está lá.

- Dym?! - Ouço uma voz masculina vindo detrás de mim, onde Dylan está, e olho pelo canto dos olhos.

- Rick? - Dylan brada surpreso.

- É você mesmo! - O homem bonito, alto e musculoso, que falara, abraça Dylan, enlaçando-o pelos ombros e balança-o. - A quanto tempo não te vejo?!

Tons de Rubro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora