Uma nova chance

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P.O.V S/n

Havia acordado, com muita dor na perna. Na verdade, na perna fantasma.

Pois não tinha mais merda nenhuma ali.

Fiquei bastante incomodada com a dor, e ainda estava com frio e com a garganta latejando. Não ouvia, e a minha visão estava extremamente embaçada.

Acho que nunca estive tão perto da morte.

Ainda estava na enfermaria, o que eu consegui notar por conta do branco que estava ao meu redor. E do forte cheiro de sangue e de metal. Levanto meu tronco para poder enxergar o estrago e lá estava. Sem a porcaria da minha perna. Um equilíbrio perfeito. Ao me movimentar, sinto vontade de vomitar.

Jogo a minha cabeça para o lado, onde  vomitei muito. Eu suava frio, e mais e mais frio eu sentia. Sinto uma mão puxar meu ombro para deitar novamente. Era Sunmi.

Ela dizia palavras e palavras, mas eu não conseguia entender. Estava grogue. Parecia que havia fumado maconha, pelo menos um 20 maço.

De repente, um pano de água gelada é jogado sob meu rosto, e foi aí que eu acordei mesmo.

- Quem foi a filha da puta?! - Falei alto, enquanto tirava o maldito pano do rosto.

- Foi eu, S/n. - Sunmi disse. - Acordou finalmente?

- Ah. - Suspiro de dor ao mexer a perna. - O que diabos aconteceu?

- Você dormiu por um dia inteiro. Fervia de febre e começou a ter uma infecção na sua perna. Estamos tratando, mas se pararmos o tratamento, irá ser pior. - Ela dizia. - Como se sente?

- Me sinto como se estivesse morrendo. - Falo. - Aqui é o céu? Pois está tudo branco até demais..

- Branco? - Ela olha ao redor. - Só o teto é branco, doida.

- Foda-se, pra mim tudo tá branco. Você é branca, as paredes, tudo. E também esta embaçado. - Falo. E sinto um enjôo. - Eu tô com vontade de vomitar.

- É a infecção. - Ela dizia, enquanto injetava um remédio em mim. - Isso irá ajudar por agora... Mas em relação a dor...

- Não tem merda nenhuma, né? - Pergunto, sentindo um pingo de raiva.  - Que ótimo. Agora eu vou ficar enfurnada.

- Pelo menos está viva, e isso não é o bastante? - Sunmi me repreendeu. - Você está viva, respirando, podendo sentir dor e sentir amor. Você ganhou uma segunda chance. Por que não vive por eles, ou pelo seu pai?

Travo.

- Como sabia? - Pergunto, olhando outro ponto. - Todos guardaram segredo de mim?

- Seu pai e sua mãe quiseram assim. E todos nós, colegas de trabalho dos dois, prometemos isso a eles. - Ela respondeu.

- Sente falta dele como comandante? - Pergunto. - Eu achava engraçado as caretas dele com os novos soldados.

- O café da manhã dele era divino. Sempre tentava animar os outros comandantes. - Sunmi conta. - Sim, sinto falta dele.

Ficamos em silêncio, até que ouvimos um estrondo. Com o susto e tremedeira que alguma coisa fez, caio da cama. Um terremoto? Eu tento me levantar, mas não conseguia por conta da dor na perna. Eu estava pela primeira vez, apavorada. Não iria sobreviver, estou infectada com alguma doença, e também febril.

Até que senti alguém me ajudando a levantar, era Sunmi que tinha ganhado um ferimento na cabeça por conta de algo cair sob ela. Eu tremia muito, muito mesmo. Eu estava sem força, por conta da falta da perna. Até que algo é apoiado debaixo de meu braço. 

- Vamos S/n! Preciso que foque em mim! - Sinto meu rosto ser puxado na direção dela, para encara-la. - Não desista agora!

Fechei meu olhos, para respirar. Até que sinto cheiro de algo. Gás, estava tendo vazamento de gás em algum lugar. Abri os olhos rapidamente, e minha visão voltou ao normal. Olhei ao redor, notando a enfermaria. Estava toda quebrada. Ao acertou a base. Olhei novamente Sunmi, que parecia apavorada quanto eu.

- Me ponha na cadeira de rodas. - Falo. - Vamos ter que usar os esgotos, acho que estamos sendo bombardeados.

- Cadê o Jung? - Ela grita. Puxando a cadeira que estava no canto, e então me sentando. - Precisamos de que?

- Remédios por sua conta. - Falo, e escuto um grito ensurcedor. Novamente eu travei. Era a porcaria de Runners. - Merda. Merda. Merda. Merda!

Algo é jogado sob as minhas coxas, quando vejo é um Rifle de Assalto. Tinha muitas balas, e olhei para Sunmi, que tinha posto tudo numa bolsa.

- Vamos. Use essa pistola, fica de retaguarda. E se lembre, Runners são espertos, vão partir para cima quando ver você! - Falo, e recarrego o Rifle. - Vamos nessa.

Saímos da enfermaria, e vimos o que não gostaríamos de ver.

Um corredor cheio de mortos, por conta da horda de zumbis. Respirei bem fundo, e então fiz sinal para irmos para a porta dos esgotos. Era próximo dali, mas era arriscado. O grito do Runner foi perto, ou seja, tá com o fome o filha da puta.

Estava em posição de liberar o tiro enquanto Sunmi me empurrava, mas prestando atenção atrás. Estávamos tentando fazer o menor barulho possível para o desgraçado não nos escutar. Escuto algo em minha direita, e fiz sinal para pararmos. Era um zumbi normal devorando uma mulher. Dei um tiro certeiro em sua cabeça, e outro na mulher. Não quero mais zumbis por aqui. Continuamos andando até chegar na porta de serviços, onde parecia bloqueada com algo.

Enquanto Sunmi tentava abrir a porta empurrando ela, olho no corredor, onde as luzes piscavam sem parar. Havia algo ali. Comecei a mirar, e então um grito foi ouvido. Era o maldito Runner. Mirei em sua cabeça onde errei. Mirei várias vezes e errei. Quer saber? Se foda! Comecei a mirar em seu peito, onde acertei várias vezes. Até que quando ele estava perto, acertei em sua cabeça.

- Filho da puta. - Solto, enquanto voltava para Sunmi que estava conseguindo abrir a porta. Tinha uma zumbi ali. Quando entro e vejo quem que é fico horrorizada.

- CL? - Sunmi pergunta. - Meu deus.. me perdoe CL, por favor...

- Tem que dar misericórdia. - Digo. - Mas ela não foi nem um pouco misericordiosa nessa vida.

- Por favor, S/n.. - Sunmi estava prestes a chorar. - Podemos fazer o que por ela?

- Acabar com a alma agoniada dela. - Respondo. - Você sabe o que fazer.

Vejo ela pegando a faca, e levando até a cabeça da mulher. Sunmi sussurrava baixo, palavras que eu dizia quase toda hora e todo dia. Eu olhava aquela cena deprimente. Não gostava dela, mas não queria que morresse assim.

Até que tudo acaba para ela. A faca atravessa seu crânio, fazendo o corpo parar de se movimentar.

- Fique em Paz, CL. - Falo baixo, até que outro estrondo é ouvido. - Merda, precisamos ir.

- Certo. - Sunmi enxuga as lágrimas rapidamente, e começa a me empurrar.

O local de serviços estava vazio, sem nenhum zumbi ou pessoa. Limpo. Corríamos contra o tempo, pois de levassemos mais um dano, o lugar iria ao ares por conta do gás.

Ao chegarmos a uma porta onde dava pra chegar até os bueiros, escuto uma voz.

Uma voz que eu me segurei para não chorar.

- Você ouviu? - Pergunto a Sunmi, que olhava ao redor também. Ela acena com a cabeça. Cadê ela?

Começo a rodar as rodas para se locomover ao redor para ver onde está essa menina. Eu tossi, e ouvi mais uma vez, vozes. Olhei mais ao redor, e escutei um barulho de helicóptero sendo ligado. Olhei na direção do barulho, e vejo luzes. Sunmi veio na minha direção, pois zumbis havia nós seguido pela ala de serviço. Estávamos atirando, sem parar nos zumbis que pareciam brotar na porta até que vejo algumas sombras saltarem do helicóptero. Ao reparar quem eram, seguro o choro. Eram os meninos.

Eles atiravam com todo tipo de arma, e jogavam granadas. Quando o último havia sido morto, sinto algo pular em meus braços. Era Ah-ri, chorando de felicidade.

E ali havia ganhado mais uma chance de viver.

Our Guardian - IMAGINE BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora