Máscaras-PARTE I

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Tentamos agradar tantas pessoas que nos desagradam. Tentamos ser quem não somos para não ter a pressão de enfrentar os próprios medos. Queremos sair das gaiolas, mas temos aflição só de pensar que vamos ter que abrir as asas para voar. Todos esquecem o mais importante: o importante é ser você. É perigoso usar as máscaras que escondem nossas verdadeiras faces, porém, um dia ela cai.

" Artur? O que você está fazendo aqui? ", pergunto nervosa.

A volta de Artur é o retorno do meu passado, do queria esquecer, mas que voltou assim como eu parti, sem aviso prévio ou paraquedas para evitar a queda. Me sinto assim, como uma garota que tem medo de altura e que de um dia para o outro, a jogam do céu.

" Eu que deveria te perguntar, Beatriz. Afinal, não fui eu que te deixei do nada, sem ao menos terminar. Achei que o que você sentia por mim, era respeito "

" É claro que eu tinha respeito, eu te amo Artur. Eu te amava ", nesse ponto do campeonato já estou trocando as palavras, me sinto fraca, uma garota inútil. Não consigo sentir raiva dele.

" Então por que me largou do nada? O que eu fiz que justifica? ", Artur fala com uma mistura de raiva e tristeza. Seus olhos, assim como os meus, estão enchendo de lágrimas prestes a derramar.

" Ah Artur. Eu sei, eu sei o que está sentindo, já estive em seu lugar. Da mesma forma que você se sente abandonado por mim, eu me sentia quando namorava com você. Como um objeto e não como alguém que você presa por estar perto ", respondo com o mesmo misto de emoções que ele. Estou com medo, quero abraçar ele e ao mesmo tempo falar tudo que ele fez e que me machucava.

" Beatriz, a gente transou na última vez que nos vimos, você simplesmente foi embora. Como pode dizer que me ama? Você estava feliz "

" Feliz. Claro, todo mundo achava que eu tava feliz, que eu sempre estava bem. Minha mãe por exemplo, achava que aquelas roupas, aqueles planos, aqueles sonhos, eram meus e não dela. Depois de um tempo, Artur, você começou a ficar frio comigo, ciumento, não queria me ouvir. Queria mesmo era falar de você, dos seus problemas, dos seus amigos, do que você sentia e até de quando você queria transar. E eu tinha que estar feliz né?! Você não queria saber de mim, queria ter uma namorada para mostrar para seus amigos, para transar quando quisesse ", falo gritando. Não quero demostrar vulnerabilidade, que ainda tenho mágoas em meu peito.

" Eu estava passando por um momento difícil Beatriz. Na época, não tive coragem de te contar, na verdade não tive coragem de contar para ninguém. Um dia eu acabei descobrindo que minha mãe estava traindo meu pai. Eu não sabia lidar com aquilo, tinha raiva dela, mas eu não queria passar pelo mesmo que você "

Fico calada, não sei o que dizer. Artur desfaz sua postura defensiva e senta na minha cama.

" E eu não vim lá de Recife para brigar com você "

" Até agora não respondeu por que veio para cá. Ou melhor, como me encontrou aqui ", falo em um tom mais calmo.

" Eu tomei coragem e procurei sua mãe. Depois de eu contar tudo o que tinha acontecido, ela achou justo me passar seu endereço. E eu vim para cá para duas coisas. A primeira era para ouvir da tua boca o que aconteceu, aquela mensagem genérica não responde minhas dúvidas. E depois de tudo o que acabou de me falar, acho que estou satisfeito. Eu errei, você também. E a segunda coisa é sobre isso, ambos erraram, nós merecemos uma segunda chance "

" Segunda chance, Artur? Como? Eu não posso voltar para Recife assim, teria que abrir um processo na justiça para transferir minha guarda "

Por Um InstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora