Dançando-PARTE I

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" O mundo acaba hoje e eu estarei dançando "

         Turbulências. Passamos por tantas delas durante a vida que quando está tudo bem, já imaginamos que pela frente vem mais uma. Às vezes é inevitável, ás vezes por saber que o mal está por vir, adiantamos o sofrimento, mas ás vezes a turbulência vem acompanhada de outro furacão. E a vida é assim, dos momentos mais felizes aos mais terríveis, simplesmente imprevisível.

Estou desnorteada, sem chão, sem ar. Sofia é uma das pessoas que eu correria para abraçar quando acontece, porém, nesse momento não posso, afinal ela é o problema.

Penso na possibilidade de ela ter descoberto tudo, que não sou quem ela pensa, antes mesmo de que eu pudesse me justificar. Lembro de todos os nossos momentos bons e que não foram poucos, mas que agora perdi por insegurança. Dói, machuca quando você percebe que perdeu quem mais te fazia feliz e que poderia te acompanhar por tanto tempo, poderia te beijar e abraçar novamente, perdi um universo inteiro.

Começo a chorar desesperadamente, simplesmente quero sair daquele lugar. Por um instante quero voltar para o passado, ter novamente meu namorado, estar ao lado da minha mãe. Nesse momento sinto que tudo que está ao meu lado está quebrado, consegui brigar com meu pai e afastar Sofia.

Sabrina me vê no caminho e me para.

" Beatriz. O que aconteceu? Foi a Sofia, né? ", ela fala me abraçando no meio da calçada. Eu assinto com a cabeça que está depositada no seu ombro.

Consigo voltar para a escola e passo o dia acabada. Tudo parece ter perdido o sentido. A última coisa que eu estava preparada era para um término.

Na volta para casa começa a chover para combinar com meu clima melancólico e para piorar esqueci meu guarda-chuva. Tomo um banho de chuva e chego em casa necessitando de um banho e de uma cama quentinha. Mas horas depois percebo que tudo isso que está acontecendo comigo e essa chuva resultaram em uma gripe com direito a garganta doendo e nariz escorrendo.

" Filha, não tem como você ir para a escola amanhã, ainda mais agora que o período de chuvas está começando "

" Mas eu preciso ir pai. Faz dias que não falo com a Sofia. Ela parou de me responder, desapareceu "

" A mesma coisa que você fez com o Artur? "

" Pai! "

" Filha, é aprender a lidar com as consequências dos seus erros, amadurecer "

" Pelo menos você não está mais nervoso comigo, né? "

" Mais ou menos. Mas uma coisa é estar bem contigo e outra é confiar em você "

...

Passo o final de semana mergulhada na cama e entupida de remédios que vão de antigripal, remédio para garganta, vitamina c e chá de gengibre. No domingo de eleições passo o dia no sofá da sala acompanhando tudo, mudando de canal, tudo para não perder nenhum detalhe. Está aí um pedaço de Sofia que deixou em mim.

Os resultados combinaram com minha semana, o pior venceu. Fico mal, mas sei que nesse momento Sofia deve estar destruída. Mesmo com raiva, ódio e tristeza no peito (além de catarro, odeio ficar gripada, parece que vou morrer), envio uma mensagem a ela.

Beatriz: Eu sei que está difícil para você e para mim também está. Mas tudo vai melhorar, eu acredito que vai.

Minutos depois ela visualiza e eu percebo que na mensagem eu não estava falando apenas das eleições, mas também da nossa relação.

Por Um InstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora