" Aqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada."
Havia muita dor na alma de Tarquin por ver o sangue correndo pela sua Corte. Os gritos de batalha e agonia soavam em forma de tambores em seus ouvidos, atingindo seu coração e sua alma e o transformando num macho do qual não se orgulhava. A dor de seu povo, daquela Corte que já fora dizimada tão cruelmente tão pouco tempo atrás, despertava nele o desejo de sangue, de vingança e a ferocidade totalmente instintiva de matar.
Era uma batalha e o Grão–Senhor da Estival estava provando que não era apenas um tolo idealista e que precisava de supervisão do conselho de sua Corte.
Estava provando que era um guerreiro e que a magia corria em suas veias.
Tarquin provava aquilo derramando o sangue de seus oponentes.
Mas não se orgulhava daquilo.
O cheiro ocre do sangue misturado ao da água salgada em sua pele não lhe satisfazia, assim como as mortes que provinham de suas mãos não aplacavam a dor em sua alma. Ele estava defendendo e vingando seu povo. Batalhava no mar e batalhava em terra, aonde fosse necessário... Atravessando da cidade para o palácio, então para os barcos e de volta a praia. A magia saia dele em rompantes tão intensos que Tarquin mal a reconhecia.
– Tarquin. – Era Varian, as costas contra as dele enquanto batalhavam na praia. Seu primo estava ainda mais coberto de sangue que ele. – A batalha está se findando por conta da ajuda da Corte Noturna, mas os nossos guerreiros vão morrer pelo medo se não fizermos nada.
– Pelo medo? – Os guerreiros da Estival não eram fracos, muito menos medrosos. Aquilo que Varian dizia não fazia o menor sentido, mas o primo não pareceu dar atenção a descrença do Grão–Senhor. Transpassou um maldito de Hybern no pescoço, assim como Tarquin afogou em terra um outro infeliz. Se viraram um para o outro, arfantes, e fazendo útil o curto hiato.
– Se eu for lá irei morrer, mas você precisa fazer algo. – Tarquin apertou os lábios. Odiava quando o primo falava daquela forma. Varian era um Príncipe, poderoso e líder dos exércitos. Uma rocha impenetrável e com uma racionalidade fria que faltava a Tarquin. Só que o Grão–Senhor não era ele, a magia da Estival não o habitara, então era irrelevante que Tarquin não se sentisse confortável com as declarações de que era mais poderoso do que o primo. Ainda mais naquela situação. – Esperava que alguém da Noturna fosse fazer algo, mas não ocorreu.
– Varian. – Tarquin chamou com urgência. Não era hora para preâmbulos que não eram sequer típicos do Príncipe de Adriata, mas aquilo só lhe mostrava que tinha algo errado que sequer Varian entendia direito.
– Tem uma das Generais de Hybern aqui. Está liderando o ataque e alguns parecem estar tendo uma alucinação estupida de que é Amarantha revivida. – O sangue de Tarquin gelou nas veias. Amarantha revivida. Entendia porque os guerreiros estariam em pânico. Aquela fêmea os destruíra, matara Nostrus, o antigo Grão–Senhor, e aniquilara o povo deles. – Está lutando em mar, na maior parte do tempo.
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The depths of the soul
FanfictionTarquin se tornou Grão-Senhor cedo, mais cedo do que era recomendável, mas não havia quem pudesse questionar o poder da Mãe. Erguido de Almirante pra Grão-Senhor com a morte do primo, Tarquin se viu com uma corte cativa, torturada e destruída. Ci...