Antigas e novas feridas

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" Paramos de procurar monstros embaixo da cama quando percebemos que eles estão dentro de nós"

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" Paramos de procurar monstros embaixo da cama quando percebemos que eles estão dentro de nós"

Três dias depois e Valkyrie acordou com olhos azuis acinzentados lhe observando de forma incisiva próxima a sua cela. Por um instante, ela achou que a Grã Feérica de olhos acinzentados e cabelos castanho claros fosse Feyre Archeron. Todo seu ser se retesou e seus olhos se inflamaram de fúria assassina. Ela quase tentou atacar a fêmea pelas frestas da barra, já que está estava estupidamente próxima das barras, mas então Valkyrie percebeu que as linhas das feições daquela fêmea eram mais duras. Os olhos eram definitivamente mais frios e incisivos, assim como a postura era rígida demais. Só então Valkyrie buscou as tatuagens da Grã – Senhora, mas encontrou apenas pele clara e imaculada. 

Aquela não era Feyre Archeron. Aquela era Nestha. 

Nestha Archeron a estava observando com aqueles olhos frios, analisando suas roupas, as mesmas que ela estivera três dias antes, as asas que se acomodavam ao redor dela para esquentá-la no chão gélido sem que Valkyrie as ordenasse que fizessem isso e os cabelos vermelhos que de destacavam na pedra escura da montanha. 

Sabendo que não estava perante a Grã Senhora, Valkyrie se sentou e aprumou as asas, agora já acostumada com as fisgadas e a força que precisava imprimir para mantê-las eretas. Duvidava muito que sua postura chegasse perto daquela que vira em Rhysand, mas agora ela conseguia se equilibrar e impedir que elas se arrastassem pelo chão ou ficassem caídas nas pontas. Pelo menos, naquela posição ela conseguia. 

Encarou Nestha com uma frieza que deveria ensinar aquela Grã Feérica como fazer aquele tipo de olhar, mas a fêmea não parecia se importar muito. Havia um absurdo descaso ao redor dela, mas Valkyrie não chegara na sua posição subestimando alguém. Ela passou os olhos pelo local, as paredes e os detalhes da cela fechada. 

– Eu não me lembro de você em Hybern. – Ela enfim falou, voltando o olhar para os orbes violáceos de Valkyrie. A ruiva se aproximou das barras, ficando com menos de um metro de distancia entre ela e Nestha. Dor agonizante se estendeu pelas suas costas, barriga e repuxou nas pernas, todavia a almirante fora treinada para suportar alto índice de dores.

Aquela era nova, mas ela lidaria com ela. 

– Sua transformação era um show particular, Nestha Archeron. Um presente para os Senhores de Prythian. – As palavras eram baixas e venenosas, mas Nestha não pareceu se abalar por elas. Valkyrie se inclinou para frente, deslizando os dedos pelas barras enfeitiçadas e abraçando a dor gélida que fluiu pelo seu corpo como resposta. Aquilo mandaria um alarme, certamente. Valkyrie queria saber se Nestha estava ali com permissão ou não. – E, caso morressem, seriam uma perda de tempo. Porque eu estaria lá?

Nestha cerrou os olhos, quase imperceptivelmente, e virou a cabeça olhando-a. O movimento foi animalesco, dizendo a Valkyrie que a novata ainda não se acostumara totalmente com os impulsos selvagens da espécie nova. O olhar, porém... Analisando e pesando o que encontrava. Descaradamente. Valkyrie não gostava do escrutínio de Nestha, mas ela teve a impressão que aquela fêmea... Aquela fêmea não estava ali porque a odiava ou porque tinha algum ideal ilusório de família. Ela a estava medindo. Julgando. E era lógico aquela atitude, já que Nestha não possuía ligação com Rhysand. Ela jamais quisera ser feérica ou familiar do Grão – Senhor. 

The depths of the soulOnde histórias criam vida. Descubra agora