THE NEW AVENGER

Capítulo 11

FLASHBACK – Torre Stark, Nova York, 22 de março de 2010.

- Então, eu não vou voltar pra Columbia? – Athena disse assim que Happy Hogan estacionou em frente à Torre.
- Não. Pelo menos não agora. – Tony disse sério, fazendo a garota respirar fundo. Já Peter, apenas observava a conversa com atenção desde que saíram da Instalação. Vez ou outra queria tecer um comentário, mas, se esforçou para controlar sua boca grande. Afinal, Sr. Stark tinha sido claro que não o queria importunando sua filha. – Você vai estar mais segura em casa. Mais do que na Instalação... Já que agora a ameaça vem de lá.
- Então a situação é séria mesmo? Ainda estou confusa, não assimilei direito tudo que você me explicou.
- A Srta. Potts vai te explicar.
- Você não vai nem entrar?
- Não. Ainda preciso levar o moleque a outro lugar.
- Tudo bem. Se cuida, ok? – disse cabisbaixa. Sentia o pai estranho, mais do que o normal. E, além disso, nunca se acostumaria a vê-lo partir.
- Por favor, Annie, me obedeça só uma vez e não entre em contato com ninguém além de mim, Rhody e Pepper. E não saia da Torre.
Athena preferiu não responder. Não tinha tanta certeza se seria capaz de cumprir a promessa. Não queria mentir, nem contrariar o pai. Por isso, se calou.
- Eu te amo, pirralha. – Tony disse assim que Athena saiu do carro. E foi aí, que ela teve certeza de que seu pai estava estranho. Havia sido totalmente surpreendida por aquela frase. Não que Stark não soubesse demonstrar amor, pelo menos com ela ele o fazia. Mas, nunca daquela maneira direta e reta. A menos que algo realmente preocupante o estivesse atordoando.
- Eu também te amo, Tony. Tchau Peter, tchau Happy. – falou e em seguida fechou a porta do carro.
Entrou um tanto apressada no prédio. Não precisava dizer nada. Todos ali a conheciam. Se tivesse que se identificar, demoraria trinta minutos, de tão atordoada que estava. Sua mente voava a mil por hora tentar ligar tudo que seu pai havia explicado. Tentava entender se era aquilo mesmo que ela estava pensando. Não seria possível que tanta coisa havia mudado em tão pouco tempo, seria? E se sim, como seria daqui pra frente? O único momento em que respirou aliviada foi quando viu a silhueta de Pepper na sala de estar. A ruiva correu para abraça-la, e por alguns segundos, Athena achou que tudo iria ficar bem. Estar em casa, com Pepper, Tony ou Carol, trazia a ela essa sensação.
Sentaram-se no sofá e Nena se virou para Potts – que já esperava uma chuva de perguntas da menina. Afinal, Tony não estava com cabeça para explicar tudo à filha.
- Pepper, o que meu pai me disse é verdade? – respirou fundo ao ir direto ao assunto. – Steve realmente está contra ele?
A mais velha notou certa mágoa no tom cabisbaixo que a garota havia usado para perguntar sobre Rogers.
- Não é bem assim... Ele não está contra o seu pai, diretamente. Está contra o que seu pai está apoiando.
- Dá no mesmo.
- Foi exatamente assim que Tony me respondeu. – Potts soltou um riso triste.
- Qual a dificuldade de assinar um maldito acordo?
- Não é só isso, Athena. Eu sempre vou apoiar o Tony, mas, consigo entender o lado de Steve e dos outros. – respirou fundo. – Com o Tratado de Sokovia, o Governo ia determinar quando, onde E se eles deveriam entrar em ação. E, além disso, tem a questão do Bucky...
- Sabe, depois de tudo que aconteceu em Sokovia, Tony se sente culpado. É por isso que ele concorda com o acordo. Ele ainda não superou. E agora ver seus próprios amigos do outro lado... Deve estar devastado. – disse com pesar. Já sentia os olhos encherem de lágrimas. Odiava pensar em seu pai nesse estado. Odiava mais ainda pensar que Steve tinha culpa por seu pai estar assim. Tony já tinha extrema dificuldade para aprofundar sua relação com pessoas. E agora, via sua segunda família se desmoronar.
- Ele está se sentindo traído. Mesmo que os outros tenham tentado esclarecer que aquilo não era pessoal contra ele, ele se sentiu traído. Tony custa a admitir, mas, a decepção com Rogers o deixou atordoado. – respirou fundo. – O mais triste de tudo isso é assistir os Vingadores se destruírem.

FLASHBACK – Torre Stark, Nova York, 24 de março de 2010.

Athena rolava na cama. Já havia perdido a noção de quantas vezes havia acordado e dormido no pequeno intervalo de uma hora e meia. Sua cama parecia mais desconfortável do que dormir em um banco de metrô. Sentiu seus pelos se arrepiarem e logo fechou os punhos em alerta, mas ainda fingindo que estava dormindo. Não era possível que alguém tivesse entrado na Torre. Não com Sexta-Feira vigiando absolutamente cada átomo daquele prédio. Mas, por qual motivo então se sentia observada?
Preferiu escutar seus instintos e rapidamente se virou, já com os punhos preparados para soltarem jatos de energia, quando, percebeu que conhecia aquela silhueta. Para sorte de Steve, a pouca luz vinda da janela, fez com que seu rosto se iluminasse e Athena não o acertasse.
- EI, sou eu, calma. Não precisa me acertar. – Steve falou assustado enquanto se aproximava da garota. Sentou-se, na cama, de frente para ela.
- VOCÊ FICOU LOUCO? – disse mais alto com a voz esganiçada. – Está fazendo o que aqui? Você sabe que a Sexta-Feira vai dizer a ele que esteve aqui, certo?
- Não vai. A Pepper me deu cinco minutos de vantagem.
- Por quê? – questionou chocada.
- Não sei. Eu só implorei e expliquei o quanto era importante que eu falasse com você.
- 36 horas pra te capturarem e é aqui que você vem? – disse mencionando o que Tony havia falado a ela mais cedo, antes de sumir de casa, junto com Rhodes e Peter. Tony e sua equipe tinham trinta e seis horas para capturarem o Capitão e Bucky. E quem quer que fosse que os ajudasse.
- Pode ficar tranquila, aqui é o último lugar que Tony imaginaria que eu estivesse. Muito menos com você.
- Tranquila? Você entra numa briga contra meu pai, Tio Rhody, Visão, Romanoff e o coitado do Peter e quer que eu fique tranquila?
- Eu sabia que ele ia te contar tudo distorcido. – disse cabisbaixo.
- Ele está magoado, Steve. E com razão. Não precisou distorcer nada. Eu entendi muito bem. Você escolheu o Barnes, ao invés de ficar do lado do meu pai e assinar o maldito tratado.
- Como eu poderia aceitar um acordo daqueles, Athena? E como eu poderia não ficar ao lado do Bucky?
- Ele matou os pais do Tony. Meus avós, Steve...
- Ele é inocente, Athena. Você precisa confiar em mim.
- Talvez ele não seja o seu Bucky. Não mais. Talvez, nunca tenha sido aquele homem que você idealizou. – disse e Rogers a olhou chateado.
- Eu não tenho tempo pra te explicar, afinal, meus cinco minutos já estão acabando. Mas, eu não quero ir embora com você achando que eu fiquei contra seu pai, contra sua família. – falou tentando se aproximar da garota que recuou.
- Eu realmente espero que meu pai não te ache, Steve. – suspirou. – Mas, quanto a não me magoar por você estar contra nós... É um pouco tarde pra me fazer esse pedido.

FLASHBACK – Nova York, 26 de março de 2010.

Stark estava sentado no chão de um galpão imundo, com Rogers, Bucky, Sharon Carter e Sam Wilson ao seu redor. Graças à pequena traição de Natasha, eles haviam conseguido escapar, e agora, haviam capturado Tony sozinho. Não que Stark não conseguisse dar conta de todos eles. Mas, todo aquele combate no aeroporto, somado ao fato de que sua armadura estava praticamente destruída, o impediam de tentar. Por isso, enquanto os presentes murmuravam o que deveriam fazer com Tony agora, ele discretamente apertou um pequeno pager vermelho em um compartimento da armadura. Não queria chamar ajuda. Detestava precisar de outras pessoas. E talvez, por isso, estivesse naquela situação. Mas, dessa vez não tinha escolha.
- Levanta, Tony. A Sharon vai levar você. – Rogers disse assim que os murmúrios acabaram.
- Vai deixar a garota fazer o trabalho arriscado, Capsicle? – Stark soltou um riso debochado. – Pensei que você fosse um cavalheiro... Pelo visto, eu estava certo. Olha que surpresa?! Athena se livrou de uma boa.
- O que você disse? – Cap perguntou assustado. Dois dos outros três presentes os encaravam sem entender nada.
- Você não achou que eu fosse a deixar o meu bem mais precioso sem supervisão na Instalação, achou? Ou que Pepper não me contaria do seu abuso de ir atrás dela na minha própria casa? – riu forçado. – Você cada vez mais me mostra que não era o homem que eu pensava, Cap. Eu observo essa menina há mais de dezesseis anos. Acha que o maior gênio da Terra não seria capaz de notar o comportamento estranho de sua própria filha?
Rogers permaneceu em silêncio.
- Qual era seu plano hein? Usá-la para me atingir?
- Não seja leviano, Stark. Me conhece e conhece Athena. Sabe que ela não é nenhuma garotinha indefesa e que eu nunca faria nada para machucá-la.
- Não queria que as coisas terminassem assim. Mas, você insistiu em ficar contra mim. – Tony disse um tanto magoado, mas, sem perder a prepotência na voz.
- Você perdeu, Stark. Não faça as coisas ficarem piores do que já estão. Acabou.
- É aí que você se engana, Cap. Eu chamei reforços. Na verdade, reforço. No singular.
Um estrondo fora ouvido e a porta do galpão foi escancarada, chamado à atenção de todos.
- Esse é o seu reforço? – Sharon Carter perguntou assim que a menina se aproximava. Não entendia como aquela garota serviria de algum reforço para Tony. Parecia ter uns recém vinte anos, estava desarmada e com roupas comuns.
Tony não queria ter chamado à menina. Mas, sabia que era sua única opção. E que tê-la ali atordoaria Rogers. Ele não machucaria a garota.
- Não falou sobre mim pra sua amiga, Cap? – Athena perguntou ao parar a poucos metros de distância dos presentes.
- Eu não acredito nisso, Stark. – Steve disse entre dentes. Em seguida, se virou para a garota. – Athena, vai embora, por favor. Você não tem nada a ver com isso.
- Vocês têm o meu pai, e eu não tenho nada a ver com isso? – perguntou irônica.
- Pai? – Bucky olhou confuso para Steve que apenas o ignorou momentaneamente.
- Não vamos machucá-lo. Você sabe disso. Ele só está aqui pra que possamos arrumar um jeito de fugir sem que ele teime em nos seguir.
- Me desculpa por isso. Mas, eu não posso deixar o Barnes fugir, Steve. Ele matou os pais do Tony.
- Eu já tentei te dizer que não foi ele.
- Estamos perdendo tempo, Steve. A Carter leva ela e o Tony e nós...
- Você não entendeu ainda que não vão a lugar algum comigo aqui? – Athena o interrompeu.
- E como você vai conseguir isso? Usando a prepotência de um Stark? – Sharon perguntou enquanto ela e Bucky se aproximavam da menina. Sam parecia relutante.
- Pelo visto Steve realmente não contou sobre mim pra vocês. Uma pena. – disse irônica, mas, por dentro tinha um fundo de ressentimento e insegurança.
Quando Sam fez menção de voar até a menina, Athena soube que era o momento. Os três estavam próximos o suficiente para que ela acabasse com aquilo de uma vez, mas, sem machucar Rogers e seu pai.
- Athena, por favor. Você não precisa carregar a dor dele. Não faz isso... – Rogers disse enquanto via a menina, lentamente, levitar até ficar um pouco mais alta que os outros três.
- Me desculpa. – a garota murmurou como uma súplica para Rogers, os outros presentes que acabaria machucando e para si mesma. Mas, já tinha tomado sua escolha. Não voltaria atrás. Por mais que estivesse começando a gostar de Steve, por seu pai, e pela justiça, teria que fazer aquilo.
A garota respirou fundo antes de bater as mãos com força uma na outra. O gesto, que de nada se parecia com bater palmas, fez com que jatos de energia saíssem de ambas as mãos, causando uma pequena explosão – que atingiu os três que caíram desacordados. Tony tinha dito que daquela maneira, ela não precisava se preocupar, pois não os machucaria permanentemente.
Aproximou-se de seu pai e fazendo certa força o levantou do chão. Deu graças a Deus por Steve não tentar nada contra ela. Pois, sabia que seria incapaz de machucá-lo. Respirou fundo, e antes de começar a andar com Tony a seu encalço, murmurou para seu relógio que Sexta-Feira prosseguisse com a etapa quatro do plano.
- Você pode ir. Se eles te encontrarem aqui, vão te prender. – respirou fundo, disse de costas para ele. Ainda sem coragem de olhar em seus olhos. – Se quiser levar sua amiga e Sam, tudo bem. Mas, por favor, vai logo antes que eles cheguem.
- Se vai me deixar ir, então, pra que, tudo isso?
- Eu não terminei. Você vai. Mas o T'Challa leva o Bucky.