❄Six❄

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⚫Kayla⚫

Ouvia baterem violentamente contra a porta do meu quarto e gritos, tanto do corredor, como do piso abaixo

- KAYLA! - ouvia Mark gritar - KAYLA ABRE A PORTA!

Tentei ignorar mas a repetição fez-me responder

- VAI-TE EMBORA MARK! - gritei, fungando

- Por favor Kay, abre a porta! - ouvi-o pedir, já mais calmo - Por favor!

- DEIXA-ME MARK - gritei de volta

Passado uns segundos fez-se silêncio. As minhas lágrimas pararam de cair mas as palavras de Luke continuavam a ecoar na minha cabeça. Porque é que ele me afetava tanto? Já me tinham dito coisas bem piores mas as palavras de Luke pareciam afetar-me mais, por algum motivo. Decidi então esquecer aquelas afirmações com algo que me era muito mais conhecido.

Dirigi-me à minha secretária, abrindo a bolsa da minha mochila que se encontrava pousada em cima da mesma. Retirei de lá uma bolsa preta e dirigi-me à pequena varanda do meu quarto, que era partilhada com o quarto da minha mãe. Visto que ela não estava em casa estaria à vontade. Sentei-me no chão da varanda e imediatamente senti o contraste do tijolo frio com o meu corpo, que até me soube bem. Abri a bolsa e retirei de lá um maço de tabaco e um isqueiro. Olhei-os por uns segundos e decidi depois agir. Retirei um cigarro, levando-os aos meus lábios, guardando novamente o maço e acendendo de seguida o cigarro, sugando e inspirando o fumo. O meu corpo relaxou e senti imediatamente uma certa calma.

Para além do Calum ninguém sabia deste meu hábito, e queria que as coisas permanecessem assim, o que me fez sobressaltar quando ouvi a porta da varanda do quarto da minha mãe abrir e uma figura masculina esguia espreitar. Apaguei o cigarro rapidamente até que reconheci o rapaz. Calum.

- Eu sabia - disse ele imediatamente - só podias estar aqui.

- Parece que me conheces demasiado bem - declarei, fingindo um riso, aparentemente sem sucesso.

- O que se passa Kay? - perguntou ele - E estás à vontade para fumar, só o Henry sabe que vim e disse para ele não deixar ninguém subir.

- Porque não me abandonaste, Calum? - perguntei eu, deixando novamente as lágrimas cairem pela minha face

- Han? Como assim? - perguntou ele, confuso - Que conversa é essa?

- Sim, porque não me abandonaste? - insisti - Sou uma cabra arrogante, maltrato toda a gente, inclusive tu por vezes, e tu nunca te chateaste nem deixaste o meu lado como todos. Porquê?

- Oh Kay... - disse ele, podia sentir a tristeza na sua voz - Antes de mais eu amo-te como se fosses minha irmã de sangue, e tu não és uma cabra arrogante, pelo contrário, és a pessoa mais sincera e querida que já conheci. Se tens dias em que me apetece dar-te dois estalos? Sim, mas os outros 364 dias do ano compensam tudo...

- Oh Cal... - deixei eu sair à medida que as minhas lágrimas caíam como chuva, encostando a minha cabeça ao seu ombro.

- Queres ir ter com eles à cozinha? - perguntou ele, olhando para mim

- Não, de todo. - respondi, olhando-o de volta - Só me quero deitar.

- Está bem, então anda lá - anunciou ele, colocando-se de pé de um salto e estendendo a sua mão para eu agarrar, que agarrei e usei como auxílio para me pôr de pé.

- Obrigada - disse, limpando as lágrimas - obrigada por tudo.

- Kay, por favor, não fiz nada por aí além - respondeu ele dando-me um leve e carinhoso beijo na testa - vou avisar o teu irmão que nos vamos deitar, muda de roupa e deita-te que eu venho já fazer-te companhia

E assim ele abandonou o meu quarto, fechando a porta devagar atrás dele. Eu guardei a bolsa no seu devido lugar e agarrei numa t-shirt e numas calças de fato de treino, vestindo-os e deitando-me debaixo do cobertor da minha cama. Esperei uns minutos até que alguém bateu à porta.

- Sim?

- É o Cal, estás decente? - perguntou ele, fazendo-me rir

- Não estou sempre? - respondi entre gargalhadas - Entra.

Ele obedeceu, entrou e vinha também a rir-se. Despiu as suas calças e atirou-as para cima da cadeira que se encontrava junto à secretária, apagando em seguida a luz.

- Chega para lá - pediu ele

- Rude! - exclamei, fazendo-nos novamente rir, mas fiz como ele pediu, dando-lhe espaço para se deitar.

- Ainda não me explicaste o porquê desta explosão... - disse ele aconchegando-se nas mantas - Foi o Luke?

- Basicamente... - respondi

- Mas foi algo que ele disse ou...?

- Sim foi. Ele disse que devia ser mais simpática para as pessoas não me deixarem. Afetou-me sabes?

- Mas Kay já te disseram coisas bem piores... - disse ele, confuso - Porque é que te afetou desta maneira?

- Aí está, não sei.

- Já sei! - quase gritou ele, levando-me a dar-lhe um estalo com o susto - Tu gostas dele!

- Não sei se te lembras mas eu odeio-o Calum.

- Há uma fina linha....

- Que separa o amor do ódio, eu sei - interrompi-o - mas não é isso de certeza.

- Não o negues! Ele esta noite foi agradável e tu gostaste!

- Chega Calum! - pedi - Não é nada disso! Podemos ir dormir?

- Se isso te faz sentir melhor, então claro - disse ele rindo

- Até amanhã Cal

- Até amanhã Kay, amo-te nunca te esqueças

- Também te amo Cal

E assim adormecemos, aconchegados nos braços um do outro.

❄❄❄❄❄❄❄

Heyyy!

A relação do Calum e da Kayla é tão friendship goal, nem sei epah. Quero.

Lots of Love,

- Maria XX

Bonfire Heart || L.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora