Capítulo 3 - Parte 4 - Amor e Medo

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"Não acredito mais em destino do que acredito em acasos, sr. Uchoa. Destino não passa de uma desculpa esfarrapada inventada pelo homem para amenizar a sua falência ou justificar suas glórias. O que existem são consequências e reações."

"Interessante o seu ponto de vista, Luzmarina. Denota um espírito sagaz e uma mente analítica e completamente racional."

Uchoa já havia se levantado do tronco e andava lentamente até à mulher, sem que ela percebesse o movimento que ele fazia.

Quando se deu conta disso, o rapaz estava a menos de um metro dela, ajoelhando-se à sua frente.

Estava muito difícil para Uchoa reprimir os seus instintos e os seus desejos.

Conseguiu realizar o que havia almejado por todos os últimos meses, que era poder simplesmente conversar com ela, ouvir a sua voz, as suas ideias.

Mas ele conseguira mais que isso.

Vê-la sob a claridade do dia e tão próxima a ele, com as fagulhas de sol que venciam os obstáculos das folhagens iluminando a pele bronzeada dela, os cabelos sedosos e brilhantes da cor da castanha portuguesa, que desciam em cachos até os ombros e, principalmente, aqueles enormes olhos amendoados, da mesma cor dos cabelos, porém com círculos raiados de dourado, o fazia desejá-la ainda mais, sentindo como se jamais pudesse ter demais.

Havia alguma magia, alguma fascinação que a fazia muito mais especial do que ele acreditava até então.

Lutava para não ser abrupto e grosseiro ao sucumbir ao desejo de acariciar o belo rosto de maças salientes e queixo anguloso, e puxá-la para junto dele e sorver seus beijos através dos lábios carnudos e perfeitamente delineados.

Controlou-se por aquele momento, pelo menos.

"Mas o destino existe, Luzmarina. E quando chega o seu momento de se realizar, ele arma as situações mais inusitadas e une os mais estranhos seres..."

Luzmarina estremeceu pela segunda vez, a ponto de sentir-se sufocar.

Ficou paralisada, encarando o rosto anguloso e liso, com lábios cinzelados e olhar muito expressivo... que ela sentiu já conhecer de alguma forma.

Fechou os olhos com força quando as memórias emergiram à sua consciência, virando o rosto quando o sentiu perto demais dela, tão perto que percebeu uma leve nuance de almíscar.

Uchoa, cedendo-se, tocou-lhe o rosto levemente, falando-lhe em sussurros numa voz amável:

"Lembrou-se de algo, não foi?"

As pontas dos dedos dele deslizaram para a nuca de Luzmarina, enredando-se nos cachos grossos e macios, fazendo com que ela voltasse novamente para ele.

A moça o encarou com um misto de terror e desejo, murmurando numa voz vacilante e fraca:

"Quem é você, afinal?"

O homem-lobo sorriu:

"Você sabe quem eu sou... só não quer aceitar a verdade..."

Baixou a cabeça, tomando de assalto a boca de Luzmarina num beijo urgente e sedento por seu gosto e sua textura.

A moça estava paralisada de assombro com as lembranças das noites passadas com ele se tornando nítidas.

E o gosto adocicado e morno da saliva dele despertava o desejo por todo o seu corpo, sentindo uma corrente elétrica atravessando-a e a unindo a ele como magnetismo.

Ele afastou os aparelhos que estavam no colo dela, rodeando-a pela cintura e puxando-a para junto dele, para cima de suas pernas.

Abandonou a boca e deslizou seus lábios e sua língua para o queixo dela, descendo para o pescoço longo e delgado, detendo-se por mais tempo em sua curva, um ponto erógeno que sabia ser bem desenvolvido nela.

Raptores - Episódio 1Onde histórias criam vida. Descubra agora