ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ ᴜᴍ - ᴄᴏᴍᴇɴᴛáʀɪᴏs

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"– Eu te amo, Larissa.

Ele dizia de novo, entregando seu coração em pequenas porções de palavras.

– Eu também te amo, Erick.

E, de novo, ele recebia mentiras em troca de sua sinceridade."

O sino de Belém só não é mais pequenino que os nossos preços, venham conferir a liquidação das nossas lojas

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O sino de Belém só não é mais pequenino que os nossos preços, venham conferir a liquidação das nossas lojas...

Eram propagandas diárias como essa durante meus turnos de trabalho que me lembravam que já era o último mês do ano. O tão esperado Dezembro.

Pisca-piscas enfeitavam faixadas de estabelecimentos e luzes douradas contornavam os troncos das árvores do parque, assim como miniaturas de Papai Noel escalavam janelas de apartamentos e guirlandas se dependuravam nas portas.

E, claro, o espírito de Natal enchia o coração de todos. Abraços calorosos eram distribuídos à vontade, presentes eram escolhidos com carinho, porém, nem o feriado poderia acabar com o hábito humano mais complicado.

A fofoca.

Eu ouvi tudo por acidente. Afinal, quem iria esperar que a pessoa chave do assunto tivesse sido contratada pelo shopping da cidade para se fantasiar de Papai Noel naquele ano?

— Gente, eu realmente não entendo. — Jéssica, uma das amigas da minha namorada sentadas na mesa a menos de seis metros da casinha do Papai Noel, comentou com indignação — Eu perguntei para a Eva como estava indo o namoro, sabe, em qual nível estava a situação e advinhem? O Erick ainda não deu o passo importante!

Minha orelha começou a queimar com a pronúncia do meu nome. Por sorte, nenhuma criança parecia interessada em um cara de 23 anos com barba branca falsa naquele momento, proporcionando-me a oportunidade de ouvir tudo.

Que passo importante era esse?

— Você fala daquela coisa? — Marta, uma baixinha de cabelos curtos, franziu o cenho e Jéssica ficou levemente vermelha e sacudiu a cabeça.

"Mal sabem que eu e Eva já cruzamos essa linha há muito tempo", pensei, prestando maior atenção.

— Algo mais importante ainda que isso.

— Jess, fala logo! — Bianca, a última e mais impaciente das garotas, olhou fixo para a amiga em urgência.

— O Erick ainda não...

Quando as palavras estavam prestes a atingir o ar, um choro infantil irrompeu no portal de entrada da casinha. Um menino de uns cinco anos tentava se soltar do aperto da mãe para fugir de sua sina que, naquele momento, era eu.

— Não, mamãe! — o choro ficou mais alto e a mãe da criança mais impaciente — NÃO!

Senti compaixão pelo desespero do pequeno. Eu também não gostava muito da ida ao shopping para "tirar uma foto com o bom velhinho".

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