26.When everything falls

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23 de Janeiro de 2015. – Primeiro ano da faculdade.


Era de manhã quando Day sentiu um leve desconforto no corpo e abriu os olhos sentindo-se completamente sonolenta. Passou os olhos pelo cômodo em que se encontrava constatando que nunca saiu da sala de estar da casa dos Biazin, e que a sensação de um sonho ruim era, na verdade, a realidade. Ela estava deitada no sofá com as costas contra o encosto com uma Carol encolhida em seus braços em um sono profundo; estavam abraçadas com as pernas entrelaçadas, mas o desconforto do móvel causou uma bela dor nas costas para a morena que sentiu sua coluna travada. Sua mente trabalhou avidamente retomando tudo o que aconteceu antes de chegarem ao sofá, e então ela se lembrou. Carol chorou como uma criança necessitando de colo, ela agarrou-se à camisa de Day como se tivesse medo que a morena lhe fosse abandoná-la. Depois de mais algumas conversas em meio ao choro, elas acabaram pegando no sono pela exaustão da mais nova. Day analisou o rosto inchado da namorada e sentiu vontade de chorar outra vez, Carol estava encolhida em seus braços como um bebê que precisava de todo o cuidado do mundo.

Day conseguiu se desvencilhar dos braços de Carol sem acordá-la e a cobriu com a pequena manta vermelha deixando um beijo suave em sua têmpora. Droga, ela precisava de um longo banho e remédio para dor no corpo antes de ir para o estágio. Caminhou com a mão direita nas costas até a cozinha pensando no que aconteceria quando sua menina acordasse, mas seus pensamentos mal puderam ser consumados quando se deparou com uma Rose cabisbaixa preparando o café da manhã, a mulher levantou a cabeça ao notar a presença de Day lhe oferecendo um sorriso triste quando viu a surpresa no rosto da nora.

- Eu cheguei agora pouco, não quis acordar vocês. – explicou e Day balançou a cabeça em entendimento. A morena levou a mão esquerda ao cabelo em desconforto, não sabia o que dizer e nem com perguntar sobre Isaias. – Day, antes de qualquer coisa eu gostaria de agradecer você.

A mulher sentou-se à mesa de jantar indicando a cadeira em frente a sua para que Day seguisse seu gesto. As olheiras eram visíveis em baixo do rosto cansado da mulher, seu semblante calmo havia sido substituído por algo mais obscuro, como se ela soubesse que eram tempos difíceis para sua família

- Eu realmente não me import-

- Não, me escute. – ela pediu cansada. Day concordou. – Você tem cuidado de Carol todo esse tempo com tanto carinho... Cheguei a pensar que ela ficaria doente se continuasse trancada naquela sala de música, mas você apareceu na vida dela e mudou isso. E ontem você cuidou de Júlia, passou a noite naquele sofá desconfortável zelando o sono de Carol... – ela deu uma pausa e serviu o copo de café do jeito que Day gostava. – Nós te amamos como uma filha, Day. Nunca menos que isso.

A morena não soube o que dizer. Não tinha pensado muito bem quando ficou com Julia em casa, ela simplesmente sabia que era o certo, assim como deixou de voltar ao dormitório para cuidar de Carol, não era uma opção deixá-las sozinha naquele momento difícil, porque ela também sofria por Isaias. Ter Rose lhe dizendo que a tinha como filha era como ser oficialmente integrada à família que tanto amava e se orgulhava.

- Eu fiquei sem palavras, desculpe... – ela sorriu sem graça. – Eu não fiz nada que não faria pela minha família, Rose. Carol é a minha namorada e vocês são os pais que eu nunca tive.

A mulher segurou a mão de Day por cima da mesa e lhe ofereceu mais um sorriso em compreensão.

- Carol deve ter lhe contado sobre a quimioterapia. – ela disse. A voz agora trêmula, seus olhos estavam presos no copo de café. – Eu me encontro em um beco escuro, para ser sincera. Pensei em hipotecar a casa, mas Isaias deixou claro que não vai fazer isso, que essa casa é de Carol e Julia. Não podemos arriscar perdê-la agora, e nossa situação com o banco não está nada boa... Como eu devo assistir meu marido morrer sem fazer nada, Day? Nós temos duas filhas e eu preciso ser forte pelas duas e...
Day pulou da cadeira correndo até Rose para envolvê-la em seus braços. Ela estava vendo os Biazin desmoronarem um por um e, por mais que tentasse esconder, isso estava afetando seu coração também. Ela deixou que Rose chorasse copiosamente em seu peito, mais uma vez tinha a camisa encharcada de lágrimas enquanto lutava para conter as suas próprias pela mulher que dera a vida à pessoa que mais amava no mundo.

The Red Hair (dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora