23.After

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10 de Janeiro de 2015. – Primeiro ano da faculdade.


Ponto de vista de Day.


Quando abri meus olhos naquela manhã, meu corpo foi capaz de detectar vários tipos de emoções ao mesmo tempo em que eu não sabia que seria capaz de sentir. Primeiro o desconforto dos meus olhos com o contato direto com a luz do sol que atravessava o enorme rombo do teto. Depois uma leve ardência entre minhas pernas, o que fez minha mente, até então sonâmbula, viajar à noite anterior. E então sinto o formigar do meu braço esquerdo e meus olhos caem numa cabeleira ruiva enfiada na curva do meu pescoço. Sorrio ao constatar que Carol e eu estávamos mais do que nunca emaranhadas uma à outra com as pernas entrelaçadas e seu braço esquerdo abraçando possessivamente meu tronco como se temesse que eu fosse fugir durante a madrugada, além, é claro, de seu maravilhoso cheiro de Marshmallow.

E nós estamos nuas.

O calor de sua pele contra a minha fez o meu sorriso aumentar duas vezes mais. Lembrar dos nossos corpos suados em sincronia era uma espécie de troféu que eu havia ganhado, daqueles que eu me recordaria como um dos melhores dias da minha vida. Havia sido perfeito. Tirei uma mecha de cabelo do rosto amassado em meu peito e a coloquei atrás da orelha de Carol para admirar melhor seu rosto. Se antes havia algum resíduo de dúvida sobre querer tê-la ao meu lado no futuro, essas dúvidas estúpidas foram lançadas ao inferno a partir do momento em que ela se entregou a mim de corpo e alma naquela noite, da mesma forma que eu nunca pensei que me entregaria a alguém de tão livre e espontânea vontade. Uma vez eu li que a noite é dos poetas, das putas e dos que morrem de amor. Eu estava morrendo de amor todas as noites e nem mesmo me importava.

Meu dedo indicador passeou sobre a pele lisa e delicada daquela menina mulher, reconhecendo cada detalhe de seu rosto como meu maior presente.

- Pequena? – chamei enchendo seu rosto de beijos carinhosos. – Hora de acordar, princesa. – Carol se mexeu incomodada e em seguida fez uma careta, o que me fez rir adorando toda aquela manha. – Pense pelo lado positivo, hoje é sábado e nós vamos poder assistir filme o dia todo agarradas no sofá da sua sala. – respirei fundo sentindo sua respiração contra meu pescoço. – Ou o seu pai vai nos chutar para o quarto, isso também é uma oportunidade.

Ela riu gostosamente contra minha pele provocando vários tipos de arrepios pelo meu corpo. Eu não me lembrava de me sentir tão livre e feliz como naquele momento.

- Você me escolheu, amor. Seus sogros fazem parte do pacote. – murmurou levantando o rosto na altura do meu.

Não pude conter um suspiro com a fofura daquela garota, não se parecia em nada à garota desinibida de ontem à noite. Carol coçou os olhos infantilmente e eu me inclinei para beijá-la, mas fui empurrada pelo ombro.

- Não se atreva! Não escovei os dentes e provavelmente estou com bafo. – reclamou tapando a boca com uma mão.

Minha única reação foi rir daquela carinha assustada.

- Nós estamos abraçadas nuas e você quer me impedir de te dar um beijo de bom dia? Você sabe que a última coisa que me importa é com seu bafo. – resmunguei empurrando o corpo de Carol levemente para que pudesse montar seus quadris e prender seus braços acima da cabeça. Eu comecei a rir quando ela trancou os lábios e virou o rosto com as sobrancelhas arqueadas. – Ah, então vai ser assim? Vai mesmo recusar sua mulher?

- Huuuum... – ela murmurou fitando os toquinhos de vela no chão.

Como eu ainda estava um pouco sonolenta, decidi desistir por ora de beijá-la e inclinei meu corpo enfiando meu rosto no pescoço quente dela por um momento, precisava criar a coragem necessária para levantar. Em um movimento brusco, Carol me empurrou para o lado outra vez e deitou à cabeça em meu peito, nós começamos a rir pela infantilidade daquele ser adorável.

The Red Hair (dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora