Lá estava ela sentada no gramado do campus de Columbia com seus inseparáveis fones de ouvido reproduzindo o bom e velho Johnny Cash. Cappuccino de chocolate em mãos, óculos Aviador no rosto e os livros de seu curso esquecidos de lado. Era sábado e como de costume, Nath tinha voltado à LA – furiosa com a morena –, e Day ligou para os pais com a desculpa de que precisava estudar para não ser retida em algumas matérias, o que, de fato, não passava de mentiras. Seu único plano era ver Carol durante a noite. Nath sequer tinha se despedido quando saiu pela manhã, e, como vingança, bateu a porta do quarto alto o suficiente para fazer Day pular da cama assustada e bufar irritada.Após a conversa da noite passada, Day sabia que estava caindo pela garota que não só tocava piano e violoncelo, mas também seu coração. Isso a fez mudar seu conceito em relação à lei da gravidade. Era algo ruim? Sabe, render-se a alguém que mal conhecia; sentir-se entregue e com a sensação de que seu coração poderia explodir a qualquer momento?
Talvez isso fosse estar apaixonada.
Quando o alarme de seu celular soou estridente, Day recolheu todo o material e jogou o copo no lixo antes de seguir para o dormitório. Havia poucas pessoas naquele dia, praticamente todos os estudantes do campus tinham ido visitar os pais ou saído para festejar, e era a primeira vez que Day ficava em pleno sábado enfiada naquele lugar.
Ela ligou o aparelho de som e deixou algumas faixas de Amy Winehouse reproduzindo enquanto tomava banho quente e se trocava para o evento da noite. Optou por uma camiseta cinza com o numeral 53 nas costas e o logo de Columbia no peito; calça preta skinny; uma botinha Osklen da cor marrom escuro, e como o frio naquele fim de tarde não estava ajudando muito, decidiu amarrar sua camisa xadrez preto com vermelho na cintura por precaução.
Pronto, não poderia estar mais feminina.
Day desligou o som e saiu do quarto em direção ao estacionamento, mas não sem antes fazer seu ritual de parar na máquina de café e comprar um cappuccino de chocolate. Sua mãe sempre dizia que ela ainda teria problemas futuros com esse vicio, mas quem liga quando o que pode te matar é uma das delicias da vida? Entrou no carro deixando o café no porta copos e o ligou apreciando o ronco do motor que era quase também um ritual para sair do estacionamento. Ás vezes Day se perguntava se isso soaria estranho se dissesse a alguém, e quase sempre a resposta era sim.
Columbia não ficava muito longe do Central Park que àquela hora, faltando exatamente quatro horas para o inicio do espetáculo, já estava cheio. Ao longo da Av. Fifth Avenue as calçadas eram infestadas por banners com os nomes das bandas – que na sua maioria eram de Juilliard -, e artistas principais que tocariam aquela noite. Day estacionou o carro o mais perto possível do lado Sul do parque. Analisou sua maquiagem no retrovisor, jogou a franja de lado e tirou um pequeno embrulho e uma toalha do porta-luvas
Havia milhares de balões sobrevoando o parque, além de barraquinhas de maçãs do amor e algodão doce por todos os lados. Day decidiu esperar por Carol em baixo de uma árvore um pouco distante da multidão, era um bom lugar para assistir ao espetáculo sem ser sugada pelas pessoas.
Me: Hey! Estou aqui. Encontre-me em baixo dessa árvore grande em forma de L no lado Sul do palco."
O encontro com os pais de Carol havia ficado para domingo devido ao evento dessa noite o que dava à Day mais tempo para arquitetar um plano para não ser uma idiota na frente de seus futuros, seja o que Deus quiser, sogros. Thay também tocaria naquela noite com Carol e talvez Gabi estivesse por ali para lhe fazer companhia, o que era muito melhor do que ficar sozinha no meio de milhares de pessoas.
O crepúsculo tinha acrescentado ao céu um espetáculo de cor gradiente e felizmente o tempo não anunciava chuva para aquela noite. Day bateu o pé algumas vezes na calçada e chutou uma pedra impaciente, o sentimento de frustração começava a invadir seu peito quando ouviu uma risada distante, sonhadora e ao mesmo tempo feliz. A morena focou seus olhos imediatamente na direção do som onde uma garota sorridente despedia-se de duas amigas e caminhava em sua direção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Red Hair (dayrol)
RomanceQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Carol e Day formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou acabará...