7. Look at the stars

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Carol estava concentrada em seu velho livro à beira da janela de Juilliard enquanto Thay praticava algumas notas no piano, e resmungava palavrões audíveis quando falhava. Tinham acabado de voltar do almoço com Gabi e aguardavam o professor na sala de ensaios, cada uma presa em seu próprio mundo. Era mais uma tarde ensolarada onde os alunos andavam de um lado para ao outro se abanando com os panfletos do evento de terça do grupo de dançado segundo ano; o inverno parecia algo muito distante aos americanos naquele dia

A pequena estava concentrada demais decidindo se estava amando ou odiando o livro - por fazê-la chorar mais vezes do que se permitia admitir -, para notar que o som das teclas havia cessado e que agora Thay se encontrava com os braços apoiados em cima da tampa do piano a observando atenta como uma velha cartomante analisa seu futuro.

– Quer dizer que passou a noite com Day? – finalmente perguntou, segurando-se tempo demais para entrar no assunto, pois sua curiosidade não lhe permitiria mais nenhum segundo de espera.

Carol sorriu para si mesma convicta de que Thay não aguentaria muito tempo em silêncio quando viu Day a deixar na porta de Juilliard naquela manhã, mesmo que do outro lado da rua e com os vidros escurecidos, Thay conheceria aquele Dodge em qualquer lugar.

– Eu não passei a noite com ela – explicou fechando o livro com o marca-página e se virando para a amiga. – dormi na parte de baixo do beliche de Day, o que é bem diferente.

– Oh! Nath com certeza não ficou muito feliz de ver Day em sua cama.

– Nós saímos antes que ela chegasse, de qualquer forma. – continuou caminhando até o piano e se debruçando nele. – Day me trouxe para Juilliard e voltou para Columbia, fim de história.

O sorriso de Thay cresceu duas vezes quando a amiga terminou de contar. Talvez Carol e Day não tenham percebido, mas pareciam mais um casal de namoradinhas do que imaginavam e já não era mais segredo nenhum que Day estava investindo descaradamente em Carol.

– Não posso acreditar que não houve sequer um beijo, Carol. – reclamou fazendo bico, o que fez Carol revirar os olhos e corar. – Vocês parecem duas baratas tontas sem saber o que fazer.

– Thay! – exclamou Carol fazendo careta de desaprovação com o comentário. – Day e eu estamos nos conhecendo melhor, acho que realmente posso gostar dela futuramente e-

A garota foi cortada quando um garoto franzino do departamento de teatro bateu na porta timidamente perguntando por Carol Biazin. Ele segurava um enorme buquê de rosas vermelhas e o entregou para Carol que estava de boca aberta e quase se esqueceu de agradecer ao moço com a paralisia que seu corpo sofreu. A pequena deixou o buquê em cima do piano e tirou o cartão rosa com notas musicais em azul que estava embrenhado entre as rosas.

"Estranho seria, se eu não me apaixonasse por você. – Nando Reis."

Os olhos de Carol rapidamente mudaram para surpresa ao mesmo tempo em que um brilho intenso entregava o que ela vinha tentando esconder de si mesma. Música brasileira. E novamente Day tinha acertado em cheio. Ela terminou de ler e abaixou o papel deixando seus olhos repousarem nas rosas vermelhas que tanto lhe agradavam, o coração traindo as ordens de sua razão para não se abalar.

– Futuramente, uh? – brincou Thay apanhando o cartão das mãos da pequena e o lendo mais uma vez. – É mais do que óbvio o sentimento que está envolvido, Carol. Se acha que pode mudar isso...eu acho que é tarde demais.

Ela tinha mais do que certeza de que estava corada o suficiente para ser notada do outro lado de sala por alguns alunos que começavam a adentrar despreocupados e entretidos na própria conversa

The Red Hair (dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora