Capítulo 46

290 10 0
                                    

Passou um filme na minha cabeça mas eu fui, a carteira estava exatamente onde ele falou, passei com facilidade pela portaria com aquele documento, sequer me importei de olhar o nome que havia ali, mas vi que tinha uma foto minha, eu senti tanto medo dele me levar embora, me separar da milha menina pra sempre, tive medo de  nunca mais ver o Luan, meus pais, tive medo da minha filha não estar nesse lugar, aquele elevador pareceu demorar uma eternidade pra subir, quando finalmente ele abriu vi que só haviam duas portas de apartamentos, uma delas se abriu e foi até lá que fui.
Assim que me aproximei vi minha filha sentada naquele tapete brincando com um controle remoto. Meu coração transbordou, eu não pensei em nada além de entrar correndo e pegá-la no colo, nunca senti uma emoção tão forte na vida, é como se ela tivesse renascido, ela ficou tão feliz quando me viu, estava tão risonha, senti suas mãos pequenas e gordinhas me abraçando também, aquilo me acalentou da forma que eu precisava e já não me importava mais o que acontecesse dali pra frente, eu estava com ela e é isso que importa. Logo consegui me recuperar foi quando levantei a cabeça e vi Nicolas parado ao lado da porta, ele estava completamente normal como se não tivesse acontecido nada, estava sorrindo naturalmente, não sei o que está acontecendo mas com certeza alguma coisa muito grave aconteceu, esse não é o Nicolas que eu conheci, parecia que ele estava drogado ou alguma coisa assim.
_ Quanto tempo hein -ele falou ainda sorrindo enquanto me olhava sentada no chão com minha menina no colo-
_ Por que você fez isso?
_ Não tinha nada melhor pra fazer... Alguém te seguiu?
_ Já disse que não, eu não contei pra ninguém, Luan tava dormindo quando eu saí -ele riu-
_ Eu sei, falando nisso, me dá seu celular -ele se aproximou e estendeu a mão-
_ Nicolas para com isso pelo amor de Deus
_ Me da, eu guardo pra você, fica aí com sua filha -ele continuou com a mão estendida e eu entreguei o aparelho-
Ele trancou a porta e colocou a chave no bolso, saiu daquela sala em direção a um cômodo perto da cozinha, parecia um quarto. Deitei Júlia em meu colo e a coloquei pra mamar, ela pegou de um jeito que parecia que estava há dias sem comer, não consigo imaginar o que ele tenha feito aqui com ela, enquanto ela mamava tratei de abrir seu macacão e fui olhando cada parte de seu corpo, ela estava limpinha, sem nenhum arranhão, acho que ele pegou ela só pra me atingir mesmo, não tinha intenção de machuca-la.

POV Nicolas
Martina caiu como uma pata, sabia que ela viria atrás da filhinha querida dela, tomei seu celular, tirei o chip e o mantive desligado pro Luan não achar ela tão cedo, sei que com ajuda da polícia ele vai encontrar, mas vai demorar um pouquinho mais. Vai ser tempo de fazer o que eu quero.
_ Que cena mais linda -falei quando voltei pra sala onde ela entrava sentada no chão amamentando a cria- Senta aqui no sofá que é mais confortável -me sentei próximo dela e a vi se esquivar-
_ O que você quer?
_ Nada, eu não vou te fazer mal, não se preocupe, eu só queria ouvir de você como tudo aconteceu -vi seus olhos se encherem de lágrimas, o drama de sempre-
_ O que?
_ Me conta como você conheceu ele
_ Pra que você quer saber?
_ Nenhum motivo específico, só por curiosidade, quero saber onde errei com você -ela abaixou a cabeça e ficou em silêncio- Vai Matininha, pode falar, não tem mais problema, eu só quero saber
_ Numa balada -ela falou baixo e eu segurei em seu queixo e levantei sua cabeça-
_ Olha pra mim -ela olhou- Faz muito tempo?
_ Já tem mais de um ano que a gente terminou Nicolas, então lógico que tem muito tempo
_ Mas vocês manteram isso em segredo por quanto tempo?
_ Uns meses
_ Quantos meses? Eu quero os detalhes, não mente pra mim
_ Não sei, eu não lembro
_ E por que você fez isso?
_ Onde você quer chegar? Nicolas pelo amor de Deus já passou, me deixa em paz
_ O que ele tem que eu não tenho? -ela não quis responder- Vai, você vai falar por bem ou por mal, mas vai falar -suspirei- Você tá tão linda assim com sua filha, é melhor continuar né? Então me responda
_ Ele só me dava mais atenção que você
_ MARTINA, EU VIVIA POR VOCÊ -gritei e ela fechou os olhos certamente assustada, mas eu não me importo com nada, ela deveria sofrer muito mais- TUDO O QUE EU FAZIA ERA POR VOCÊ, EU TRABALHAVA VIRADO POR VOCÊ, EU QUERIA UMA VIDA COM VOCÊ E VOCÊ MENTIU, VOCÊ ABRIU AS PERNAS PRA OUTRO NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE
_ Nicolas, por favor -ela me olhou já chorando-
_ Por favor??? Ah, agora é por favor? Na hora de me trair não teve por favor né? Você não teve medo, não pensou em mim, eu me formei e trabalhei igual um escravo pra ter alguma coisa na vida porque eu não queria depender do dinheiro dos meus pais, eu nunca quis e você sabe disso Martina, eu fiz a planta da nossa casa, eu tava pensando em tudo, já tinha até cogitado te dar o filho que você sempre quis, mas não, você não teve paciência e resolveu arrumar logo de outro
_ Minha filha não tem nada a ver com isso, não faz nada com ela Nicolas por favor, entrega ela pro Luan e eu fico com você -suplicou- É isso que você quer? EU FICO mas deixa ela com o Luan
_ Eu quero você sim, mas agora já é tarde pra devolver essa menina, deixa ela aí que ela é muito mais tranquila que você
_ Faz o que você quiser comigo mas não faz mal pra ela, só isso que eu to te pedindo Nicolas
_ Você não tem que me pedir nada, a única coisa que eu te pedi foi PACIÊNCIA que a gente ia se acertar e você não teve, você acha que só você tinha vontades? Você acha mesmo que eu nunca tive vontade de ir atrás de outra mulher? Lógico que eu tive, tive muita vontade mas eu não fiz porque eu tenho vergonha na cara, diferente de você
_ Eu sei que eu errei, eu me culpei muito por isso, mas eu tentei até o último ficar com você, eu fiz tudo que podia pra chamar sua atenção e você não ligava, você não queria ficar comigo, eu pensei que você também tivesse outra pessoa
_ Chega, já perdi minha paciência, levanta daí -ela levantou devagar com a menina que dormia em seu colo- Você vai ficar aqui e vai ficar quietinha -a levei até um quarto vazio, havia apenas um colchão no chão e mais nada- Vou deixar você assim pra conversar com sua filhinha tá bom? Mas se você PENSAR em gritar ou fazer qualquer coisa, eu te amarro e você fica sem ela -ela assentiu com a cabeça e se deitou no colchão e colocou a criança ao seu lado-
Voltei pra minha salinha para olhar as câmeras, o papaizinho ainda estava dormindo, acho que dava até pra eu pegar essa menina de dentro do quarto que ninguém ia ver.

A culpa é SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora