Capítulo 48

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Não entendi direito o que ele falou, mas assim que abri meu Instagram vi o tal vídeo, todo mundo estava compartilhando, percebi que o quarto do vídeo é esse que estou agora, olhei pra cima e pra todos os lados procurando alguma câmera e não foi difícil encontrar. Que merda.
_ MARTINA -gritei quando achei a câmera e não obtive resposta- Martina, você tá aí? -abri a porta do banheiro e ela também não estava, olhei na varanda e nem sinal dela, olhei suas coisas na mala e vi que estava tudo do mesmo jeito, liguei no celular dela e estava desligado-
Eu não sei mais o que está acontecendo, não sei onde está minha filha e agora pra piorar, também não sei onde está a mãe dela, mas espero do fundo do coração que ela não tenha nada a ver com isso. Desci na recepção do hotel e ninguém a viu, mostrei foto dela pra todos os funcionarios e hospedes, ela desapareceu. Voltei pro quarto, quebrei aquela câmera, me sentei na cama e desabei a  chorar, não aguentava mais segurar, tentei ao máximo me fazer de forte pra passar alguma segurança pra Martina mas agora ela também sumiu, eu perdi absolutamente tudo o que eu tinha, eu não sei onde está minha filha, não sei se algum dia voltarei a vê-la... Minha única garantia era a Martina, eu sabia desde o começo que em algum momento o Nicolas ia querer ela, enquanto ela tivesse comigo eu sabia que ia encontrar minha filha, mas agora eu já não sei de mais nada, eu só queria sumir também e não voltar nunca mais, eu senti medo de procurar a polícia mas me sentia um completo inútil ali parado sem poder fazer nada. Decidi revirar as coisas da Martina em busca de alguma pista, quem sabe ela deixou o celular... mas não, ela deixou tudo, inclusive os documentos, as roupas estão todas aqui, não dei falta de nada, mas o celular ela levou, e o fato dele estar desligado me preocupa ainda mais. Cansei, nada vi se resolver se eu continuar parado aqui, peguei minhas coisas, desci até a recepção do hotel e entrei em um dos táxis que estava parado ali, fui direto para a embaixada tentar falar com alguma autoridade e ver se conseguia rastrear o celular da Martina.

POV Nicolas
O papaizinho finalmente acordou do coma, vi ele tendo um mini surto e me surpreende essa criança ser tão calma, nem parece filha deles... Ele quebrou a câmera mas agora já não faz diferença nenhuma, pelo rastreador pude vê-lo indo até a embaixada, deve ter ido atrás de notícia da Martina mas não vai conseguir, enquanto o celular dela estiver desligado ninguém no mundo consegue rastrear, ele deveria ser um pouco mais esperto.
Aos poucos sinto que Martina vai cedendo para mim, logo logo sei que ela vai ser toda minha. Odia já virou noite e ela até que não me deu muito trabalho, pediu pra dar um banho na cria e eu como boa pessoa que sou, deixei, óbvio, ela é completamente indefesa com essa criança então não tenho com o que me preocupar.

POV Martina
Esse lugar até que não é tão ruim, tirando o desespero de não saber o que vai acontecer, o Nicolas está completamente perturbado, não sei ao certo o que ele quer, se ele só quisesse meu corpo com certeza teria me agarrado hoje mais cedo, então não consigo imaginar, ele até me deixou dar um banho na Júlia, e óbvio que achei uma ótima oportunidade pra revirar esse banheiro, achei alguns frascos com uns comprimidos dentro, não sei se é remédio ou droga, presumo que seja a segunda opção, também achei algumas caixas de medicamentos tarja preta, o que reforça ainda mais minha teoria de que ele esteja drogado, já que está totalmente fora de si. Eu preciso usar isso a meu favor, o Luan precisa me achar, eu preciso ficar do lado do Nicolas pra ele confiar em mim, ele não está em completo juízo, é um pouco arriscado já que em uma hora ele quer transar comigo e na outra quer me deixar amarrada sozinha... mas é a vida da minha filha, eu preciso arriscar, não tenho outra opção.
_ Nicolas -chamei do banheiro e ele me respondeu daquela sala- Tem uma toalha?
_ Por que você não pegou? Eu disse que as coisas dela estavam no sofá -ele veio em minha direção-
_ Pega pra mim, por favor, eu esqueci -ele fez o que eu pedi e quando me trouxe a toalha ficou parado na porta olhando eu pegar ela-
_ Essa menina podia ser nossa, você sabe disso né?
_ Eu achei que fosse no começo
_ Nunca vou entender por que você fez isso
_ Se você soubesse o quanto me arrependo -o olhei cabisbaixa e passei por ele para seguir em direção ao quarto-
_ Então por que a gente não recomeça? -ele falou enquanto vinha atrás de mim-
_ Agora já é tarde, eu tive uma filha, tudo muda, é uma outra vida
_ Me ensina, eu posso aprender
_ Você nunca quis ser pai, além disso, ela tem o pai dela
_ Esquece isso Martina -ele se abaixou no colchão na minha altura e segurou meu rosto com as duas mãos, se aproximou o meu rosto nervoso e começou a falar rápido embaralhando as palavras- Esquece isso, esquece tudo o que aconteceu, vamos ser feliz eu e você porque você é minha, sempre foi minha e ninguém no mundo vai te fazer feliz quanto eu te fiz, eu ainda te amo, Martina, você tem que ser pra sempre minha
_ Nicolas, deixa eu trocar ela, depois a gente conversa sobre isso -falei assustada com seu rosto já colado no meu-
_ Deixa ela aí, ela não entende nada, eu to com tanta saudade de você -ele passou a mão da minha cintura até minha coxa, eu tive medo naquele momento mas eu não posso perder a oportunidade, vai ser só assim que vou conseguir alguma coisa-
_ Nico, deixa pelo menos eu fazer ela dormir, tá bom? -ele concordou e saiu do quarto-

Vesti a Júlia e fui até a sala com ela onde estava seu carrinho, a deitei e Nicolas se propôs a colocar algum desenho na TV pra ela dormir mais rápido, logo ele voltou para sua salinha secreta e aos poucos fui mexendo nas coisas tentando achar meu celular, abri todas as gavetas, tudo o que tinha de armários, olhei embaixo dos móveis, em todos os lugares possíveis e não encontrei, mas achei uma pasta com vários papeis dentro, abri e continha alguns documentos, o primeiro passaporte que abri levei um susto quando vi uma foto da minha filha e estava com todos os dados alterados, vi outros dois passaportes na pasta e quando abri confirmei o que já imaginava, ele mandou fazer um passaporte pra mim e um pra ele com dados falsos que eram compatíveis com o passaporte também falso da Julinha.

A culpa é SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora