Sala Comunal

f o t o g r a f i a {2}

DEPOIS

  — Eu sinto falta de ter beijar.

  E foi nesse momento que a alma de Theodore deixou o corpo.

  A mão esquerda de Neville ainda estava na sua coxa, enquanto a direita fazia lentamente o caminho até seu pescoço.

  Longbottom sentia falta de ter Theodore assim, ansioso por cada toque seu. Sentia falta de percorrer as sardas no pescoço do outro, como se estivesse brincando de ligar os pontos.

  — Nev... — Theo disse, a voz saiu mais como suspiro do que qualquer outra coisa

  — Você também não esqueceu. Eu sei que não.

  Theodore fechou os olhos e sentiu a mão de Neville percorrer o caminho até seus lábios. Ele realmente não tinha esquecido, como poderia?

ANTES

  Nott e Longbottom estavam estranhamente próximos. No sexto ano já poderiam se considerar amigos.

  Nunca se falavam durante as aulas ou intervalos, mas era só colocá-los sozinhos (de preferência no esconderijo da árvore) e os dois começavam a conversar como se nunca tivessem sido separados.

  — Você já beijou alguém, Nott?

  O sonserino parou o que estava fazendo e virou-se para o outro com a melhor expressão de dúvida.

   — Por quê?

   — Eu estava conversando com Ginny e Luna e as duas já tiveram seus primeiros beijos. Eu sou o único que não...

  — Espera, você ainda não beijou ninguém?

  — Viu? Até você me acha estranho!

  Neville cruzou os braços e se afastou. Em resposta, Theodore sentou-se ao lado dele.

  — Não te acho estranho só porque você ainda não beijou ninguém, isso é idiotice.

  Longbottom pareceu querer falar algo, mas ficou em silêncio. Foram cinco minutos assim, sem falar nada, até que ele tentou pegar uma pena ao mesmo tempo que Theodore, fazendo suas mãos se encontrarem. Aquilo não pareceu significar nada para o sonserino, que apenas tirou a mão e deixou que o outro pegasse a pena. Mas significou muito para Neville, que sentiu um arrepio no corpo todo.

  — Ei — chamou a atenção do outro que não exibiu reação. — Você já beijou um garoto?

  Theodore Nott quase engasgou com aquela pergunta. Automaticamente lembrou das vezes que ficou até tarde na Sala Comunal da sonserina na companhia de Blaise. Não se arrependia, mas também preferia não lembrar daquilo.

— Já — murmurou. — Por que a pergunta?

— Eu estava curioso. — Neville ficou mais perto, de modo que suas pernas estavam encostando-se.

  Neville nunca tinha beijado ninguém, mas não significa que ele nunca tenha imaginado. E quando imaginava, sentia vontade de beijar garotas e garotos.

— Eu posso acabar com sua curiosidade

  Theodore ficou a poucos centímetros do outro, conseguia até sentir a respiração entrecortada dele. Nunca foi de tomar iniciativa, mas algo naqueles olhos azuis de Neville o puxava para perto como ímãs. Dizem que os opostos se atraem e os dois eram a prova viva disso.

   — As pessoas não podem saber ssbre nós — Neville murmurou, encarando os lábios de Theo.

  — Não é problema delas.