quatro.

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"Cross my heart and hope to die
To my lover, I'd never lie
He said "be true", I swear I'll try
In the end, it's him and I"

Nayeon checou a tela do celular pela décima vez, encontrando-a livre de notificações. Ela não sabia bem o que esperar, mas de alguma forma desejava saber o que se passava do lado de fora, tanto em casa quanto com Kook - onde quer que estivesse. Como se lesse sua mente e sentisse a aflição de seu peito, o celular vibrou em suas mãos, mostrando o nome do ex cunhado e amigo.

— Como ele está? - Jungkook perguntou, no instante em que Nayeon atendeu a ligação.

— Vivo. - Nayeon respondeu, apoiando a testa em uma das mãos. Aquilo deveria ser o suficiente, certo? - E você?

— Inteiro. - disse, e havia em seu tom um sorriso inconfundível. Aquela arrogância juvenil permanece intacta, e Nayeon se pegou quase sorrindo pela nostalgia - Ele pode falar?

— Kook, acho melhor não. - a mulher baixou a voz para checar se Taehyung continuava adormecido na sala de exame.

— Diz pra ele que está feito. - Kook completou, inconsciente do modo como aquela informação encriptada fazia o estômago de Nayeon revirar em aversão - Eu não vou demorar, só tem mais uma coisa que preciso fazer.

— Kook... - Nayeon disse o nome dele feito um lamento, sendo interrompida antes que pudesse, de fato, implorar.

— Eu prometo, Nayeon. - terminou, e com isso a mulher quase permitiu que seu corpo relaxasse na cadeira: havia poucas coisas tão certas no mundo quanto o fato de que um Viper cumpria suas promessas.

Nayeon deixou de lado as reflexões que sua mente tentava provocar a todo custo, e buscou se ocupar de coisas que conseguia fazer no automático: checou os sinais vitais de Taehyung, alterou a velocidade em que corria o soro, e se preocupou em vasculhar o consultório em busca de algo com que cobri-lo, já que a madrugada trazia consigo um frio inesperado para o meio de junho. Ela tinha acabado de ajeitar o cobertor sobre ele, quando a visão de Taehyung abrindo os olhos de forma preguiçosa, exatamente como ela se lembrava de vê-lo fazer todas as manhãs, lhe atingiu feito um soco no estômago.

— Eu não achei que algum dia acordaria com essa visão de novo. - Taehyung comentou, e o mesmo sorriso triste que assombrara Nayeon durante toda noite surgiu nos lábios dele. "Nem eu", ela gostaria de responder. O que fez, contudo, foi baixar os olhos por um momento, recompondo-se do impacto que aquela visão tivera sobre sua mente saudosa daquele homem.

— Seu irmão ligou. - mudou de assunto, mexendo na barra do cobertor apenas por não saber onde colocar as mãos. Era realmente inacreditável como as coisas podiam ir de extremamente familiares a absolutamente desconfortáveis em segundos - Disse que 'está feito'. - completou, vendo Taehyung acenar uma vez em compreensão - O que isso quer dizer? - ela murmurou, encarando os olhos dele apenas para vê-los se escurecendo e endurecendo notavelmente.

— Nayeon... - não era a primeira vez que ele usava seu nome naquela noite, mas nem por isso deixava de fazer uma verdadeira revolução dentro da mulher que, diante dele, parecia a mesma de anos atrás.

— Esquece que eu perguntei. - ela maneou a cabeça, compreendendo o olhar dele: se ela mantivesse a pergunta, ele responderia. Sempre respondia, não importava o quanto doesse. E, por Deus, como doía.

— Eu não minto pra você, sabe disso. - completou, e aquela informação era tão dolorosamente verdadeira que Nayeon teve de controlar uma vontade absurda de chorar.

VIPERS - Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora