Para sempre, meu amor.

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A criatura diante dela mais parecia uma bruxa do que uma sereia. Suas vestimentas e o estilo de seu penteado eram estranhos. Shelby sabia os boatos que corriam sobre aquela vidente. Ela era uma antissocial que ninguém gostava, as pequenas sereias a temiam. Mas ainda assim a rainha se encontrava diante dela, deixando a mesma ler as cartas marinhas sobre o seu futuro.

- Eu vejo sua ruína. - a voz e os olhos da vidente estavam maquiavélicos. - Três garotas causarão a sua queda. Elas vão destruir você e uma verdade será revelada. Querida, elas te derrubarão do trono.

  - Isso é impossível! - vociferou, insatisfeita com as verdades que ouvia.

  - Eu só digo o que leio, majestade. E eu leio sua queda. - a outra não se intimidava, apenas continuava firme em sua crença.

  - Não se eu mata-las primeiro. - a rainha rosnou, dando com seus punhos na mesa. Incapaz de esconder a raiva que suas sobrinhas lhe proporcionavam.

Somente a hipótese de ser vencida por suas sobrinhas, deixou Shelby maluca. Ela deixou  a casa da bruxa do mar, completamente desnorteada. Não deixaria três crianças lhe vencerem, não havia feito tudo o que fez até ali, para no final, as filhas bastardas de suas irmãs odiadas, ganharem. Sempre fora psicopata, desde criança. Mas com o tempo havia apreendido a esconder melhor aquele seu lado insano. Mas ali, naquele momento, fora sugada de novo para dentro do mar negro. Shelby estava cega, sedenta por vingança, ao ponto de sacrificar qualquer coisa, para matar as jovens sereias.

  Afobada e ainda sob os efeitos das revelações, entrou em seu aposento. Parecendo uma maluca em abstinência. Correu para seu closet e vasculhou o mesmo em busca da pequena caixa em formato de coração. A abriu com cuidado, olhando para a mesma de uma forma doentia, como se aquilo, fosse sua salvação.

  Antes de pensar direito, pegou o punhal dourado e o ergueu para ler sua gravura. "para sempre, meu amor." A arma era feita de ouro, e havia sido preparada para aquele momento que Shelby esperou que nunca chegasse, mas infelizmente havia chegado. Escondeu o punhal em sua cintura e negou diversas vezes com sua cabeça, chorando compulsivamente. Em sua mente doentia, era a coisa certa. Ele a perdoaria pois sabia que a muito ela vinha planejando aquela vingança, não podia deixar as coisas simplesmente acabarem bem para as filhas de suas irmãs. Mesmo que isso significasse deixar as coisas acabarem mal para ele, a única pessoa que verdadeiramente lhe amou.

   Reuniu todas suas forças e se ergueu do chão, com o ódio instalando em cada mísero canto de seu coração. Enxugou suas lágrimas e ainda cega por toda aquela amargura, foi atrás de Noah. Encontrou-o na floresta marinha, o mesmo sorriu ao lhe ver e o coração dela doeu, pensou que os gelos que lhe mantinham durona, se derreteriam, mas infelizmente, não.

Passará sua vida toda sendo humilhada e desprezada, vendo suas irmãs serem amadas e aplaudidas por serem belas e talentosas. Ela era a excluída, a que ninguém queria, a que ninguém amava. Não queria nunca mais perder para aquelas três, mesmo depois delas estarem mortas. E não importava que o preço para destruí-las por completo, fosse o coração de seu amado.  

  Correu para ele, que lhe recebeu de braços abertos ao ver os olhos dela banhados em lágrimas. O coração da rainha pedia para ela não o matar, mas a mente maligna dizia que ela tinha que concretizar sua vingança. Shelby nunca fora boa em ouvir o coração. Envolvida nos braços de seu amor, tentou parecer tranquila para não alarma-lo ou assusta-lo, não queria que Noah sentisse medo nos seus últimos momentos, não queria que ele lhe temesse.

  - Eu sinto muito, meu amor, sinto muito... - sua voz saiu fraca e arrastada, dava para perceber o quão aflita e machucada estava por dentro.

   - O que está acontecendo, Shell? - ele afastou o rosto molhado por lágrimas de seu corpo, afim de fita-la nos olhos. A confusão pairando nos olhos dele, era para Shelby, torturante.

   - Nada, nada... - negou encostando sua face na mão dele, para inspirar seu cheiro uma última vez. - Só me abrace. - pediu, destruída. Noah sacudiu sua cabeça e a puxou para o conforto do seus braços, inocente a respeito do mal que aquilo lhe faria. - Eu te amo. - a rainha murmurou em seu ouvido, antes de puxar discretamente o punhal de sua cintura, e literalmente o apunhala-lo pelas costas. Sentiu o corpo dele perdendo as forças e o segurou mais firme, chorando compulsivamente agarrada ao corpo sem vida. Antes de dar seus últimos suspiros, Noah conseguiu olha-la com dor e incompreensão. Sabia que sua amada era obcecada por destruir sua família, mas não pensou que no meio disso, ele seria destruído. A rainha do cardume laranja estava destroçada, ela o havia matado. Mas suas sobrinhas pagariam caro, seu ódio pelas meninas sereias só aumentou, porque em sua mente, tudo o que dava errado em sua vida, era culpa delas. Elas não perdiam por esperar...

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