Morgana segurou com mais força as alças de sua mochila, trazendo ela para mais junto de seu corpo. O lugar estava tomado por um assobio sinistro e de filme de terror. Enquanto ela entrava na floresta mal assombrada, aonde encontraria o primeiro dos muitos desafios que adentraria em seu caminho.
O nome da floresta já dizia tudo, era um lugar realmente assustador. Nem mesmo em seu mais insano pesadelo, viu algo tão arrepiante. Qualquer misero barulho que ecoava na parte mais sombria daquele oceano mágico, fazia com que Morgana levasse um susto. A estrada que ela teria que seguir, não era uma estrada convidativa, aquele não era um mar de rosas, mas era a única opção que ela e suas amigas tinham. Então empinou seu nariz, determinada, e com uma valentia que não lhe pertencia, avançou.
Tentando ignorar o desespero crescente em seu peito, começou a cantarolar uma música baixinha, música essa que Maila sempre cantava para lhe acalmar quando ela nada mais era do que uma criança. Ao lembrar da irmã, seu peito doeu, não havia dito adeus para ela, apenas havia se jogado de cabeça naquela aventura da qual ela podia nem sair viva.
Estava nadando por aquelas águas escuras e assustadora já fazia um bom tempo, tudo era tão quieto e misterioso, apenas seu canto baixo podia ser ouvido. Morgana apressava o nado, mas a paisagem nunca mudava, seus dois lados estavam cercados de árvores marinhas mortas.
- Morganaaa. - De repente sua voz não era a única que preencheu o silêncio. A ruiva paralisou no lugar e olhou para os lados do cenário deprimente, em busca de alguém. Mas acabou por não encontrar nada. Talvez a saudade de sua irmã já fosse tanta que ela começava a ouvi-la lhe chamando. Voltando a andar, a sereia cruzou seus braços sobre o peito. Começava a ficar frio e o arrepio em sua espinha também não facilitava as coisas. Precisava mais do que urgentemente encontrar um lugar seguro aonde pudesse passar a noite, mas olhando para os lados não viu nada, somente mato morto, um cenário realmente aterrorizante. - Ei, Morganaaa. - a voz de sua irmã novamente interrompendo o silêncio, fez ela parar imediatamente e começar a olhar espiada para os lados. Daquela vez tinha certeza de que não estava ouvindo coisas.
- Ma-ma-Maila? - chamou trêmula, girando enquanto olhava para todos os cantos. - É você?
- Sim, maninha. Sou eu. Eu estou aqui. - Confirmando suas palavras, uma figura tomou foco no meio de toda aquela escuridão. Estava alguns quilômetros distante, mas estava lá e Morgana pode reconhece-la. Afinal de contas, reconheceria o rosto de alguém com quem passou toda sua vida.
- Maila! - Fora impossível esconder sua surpresa ao vê-la ali. Como fora parar ali? Como soube aonde lhe encontrar? Não fazia sentindo, mas era como se Morgana não conseguisse pensar com clareza, tinha algo interferindo em seus pensamentos.
- Me da um abraço. - os braços de sua suposta irmã se abriram para recebe-la. Aquilo tudo era muito esquisito e em seu intimo, a ruiva sabia. Mas ainda assim cedeu aos seus sentimentos e começou a nadar até ela. O caminho era longo.
Ainda faltava um tempo para alcança-la, a voz cantava a música que Maila utilizava para lhe acalmar, mas junto dela se misturou outro tom, um com mais firmeza, mais alto e muito mais afinado. A segunda cantora, tinha uma voz linda. Ainda mais linda do que a da irmã de Morgana.
Apesar da outra voz ser ainda mais bonita do que a primeira, essa em questão soava tão mais poderosa. Morg estava entre ambas e apesar de não conseguir pensar com clareza, sabia que elas estavam disputando para entrar em sua mente. Aquelas vozes estavam tentando lhe encantar, mas obviamente, a ruiva escutaria aquela que se parecia com sua irmã. Ela percebeu que a voz desconhecida lutava bravamente para lhe fazer recuar, tentando impedi-la de ir para os braços de Maila. Mas nada surtia efeito, cada vez mais Morgana se aproximava da outra, pois essa tinha um elemento surpresa, não era sua voz magnifica e sim a canção que ela escolhera para cantar, uma canção que tinha tremendo peso sentimental para Morgana.
Quando Morgana estava quase chegando ao seu destino, aquela que tentava lhe trazer de volta descobriu o que exatamente estava encantando a garota. Não era a voz, era a música. Tendo consciência disso, ela cantou com graciosidade, aquilo que realmente estava atraindo a ruiva, ao ouvir sua canção de ninar favorita saindo com tanta determinação e perfeição dos lábios da desconhecida, Morg acordou de seu transe e a figura a sua frente revelou sua verdadeira identidade. Não era Maila, era uma criatura tenebrosa.
- ABAIXA! - a dona de sua voz salvadora gritou, quando percebeu que a havia conseguido livra-la da hipnose.
Morgana se abaixou no exato momento em que um grito agudo surgiu, era um grito prolongado que emitia ondas sonoras. O ser que havia tentando lhe seduzir, também gritava com as mãos esticadas para frente, era um poder de grito e elas estavam medindo força por ele. Enquanto no meio daquela disputa, a ruiva se mantinha encolhida e com os olhos arregalados. Aquela que foi ao seu socorro utilizou seu grito poderoso com tamanha força que a criatura maquiavélica se desmanchou, virando fumaça no ar.
Quando soube que a batalha havia acabado, Morgana se sentiu segura, mas ainda relutante se ergueu bem a tempo de ver sua salvadora cair fraca, como se aquela disputa houvesse lhe sugado por inteiro. Os lábios da ruiva se abriram com surpresa assim que seus olhos reconheceram a outra sereia.
- Kate!
Erguendo seus olhos, a irmão de Noah lhe fitou com um semblante duro, sua face não demonstrava dor, mas a outra sabia que ela sentia.
- Olá novamente, ruivinha.
- Você me salvou? - Havia incredulidade em sua voz e face. Realmente era completamente inacreditável pensar que uma garota tão fria como Kate, agiria de uma forma tão heroica.
- Patético, eu sei. - Resmungou, sua voz demonstrava o quão fraca aquela briga havia lhe deixado. Teve um pouco de dificuldades para reequilibrar seu corpo, mas como pedir ajuda nunca fora uma opção, se esforçou ao máximo para reunir as forças que lhe restavam e faze-lo sozinha.
- Não foi patético. Foi muito legal. - Não conseguia deixar de estar agradecida, apesar de saber que Kate não era uma sereia sentimental que ligava para o que as pessoas pensavam ao seu respeito.
- Tanto faz. - primeiro lhe encarou como se tivesse sido atingida por aquelas palavras mas em seguida deu de ombros como se fosse a coisa mais insignificante ser elogiada. - Agora me diga, por que infernos está atrás da Concha prisão?
- Eu não estou atrás da Concha prisão. - A presença de Kate ali, era muito pior do que ela havia pensado. A menina ousada era também muito inteligente, Morgana não precisava de ninguém bisbilhotando a história, afinal de contas, a história incluía meninas metades sereias.
- Você mente muito mal. - para a surpresa da sereia ruiva, a outra soltou uma risada.
- Tudo bem. - Sabendo que não havia chances em manter aquilo em sigilo pois sempre fora uma péssima mentirosa, Morgana confessou: - Estou atrás concha pisão. Mas isso não lhe diz respeito, então agradeço por ter me salvado, mas recomendo que vá embora.
- Desculpa decepciona-la, ruivinha. - Ignorando seu conselho, Kate passou por ela e bateu seu ombro contra o da mesma. - Mas eu não vou a lugar nenhum, ao invés disso, vou ajuda-la.
- Como é? - Ainda fitando as costas da sereia, Morgana arqueou suas costas, se vendo surpreendida pela segunda vez naquele dia. Primeiro ela lhe salvava da morte e depois aquilo...? Suspeito. - Por que você faria isso?
- Digamos que sem a minha ajuda, você irá morrer. - Kate deu um suspiro alto. - E eu não suportaria carregar mais essa culpa. Vamos logo, teremos um longo caminho pela frente.
Ela não esperou por sua resposta, deixando claro para Morgana que seria uma total perda de tempo tentar convence-la a não lhe acompanhar, Kate claramente era uma garota que guardava muitos segredos, a outra sereia só queria saber qual deles a tornara mais fria do que uma pedra de gelo.
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Teen Mermaids
Teen FictionPertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus corpos passam por mudanças estranhas e mágicas, e em meio a suas buscas, as jovens precisam enfrentar o ensino médio. Lidando com seus...