capítulo onze: somos só eu, você e o assassino

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— Eu quero um cappuccino, por favor

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— Eu quero um cappuccino, por favor.

Peter atravessava um corredor da delegacia quando interrompeu o passo e virou o rosto na direção de Madison. Ela estava sentada na sala de espera com as pernas cruzadas, uma mulher alta e mais velha ao seu lado. Perto dos três, meia dúzia de policiais intimidados evitavam olhar para Moore. Era como se ela pudesse morder.

— Não sou garçom — ele rebateu.

— Mas trabalha aqui. Pode me arrumar um cappuccino. Deve ter alguma máquina escondida por aí.

Peter revirou os olhos.

— Quantas vezes vou precisar dizer que não sou policial?

— Senhorita Moore, pode entrar.

Enfiado para fora da sala de interrogatório, o xerife evitou olhar para o filho. Parecia bravo e decepcionado. Ele ainda não havia tido a oportunidade de conversar com Peter para saber seu exato envolvimento naquela confusão, adiando o interrogatório dele o máximo possível. Aquele seria o maior e mais difícil, porque era pessoal. Seu lado paterno não ficaria atrás do profissional em uma situação tão delicada.

Madison jogou o cabelo sobre o ombro ao levantar. A mulher ao seu lado acompanhou seus movimentos.

— Não precisava ter chamado sua advogada. Só os seus pais seria o suficiente — Jason olhou para a mulher perfeitamente trajada ao lado de Madison.

— Os Moore não fazem nada em uma delegacia sem um advogado.

Jason a olhou por um segundo, mas, ainda impaciente, decidiu não tentar entender ou discutir. Deu passagem para que as duas entrassem na sala de interrogatório e fechou a porta, deixando um Peter curioso e aflito para trás. O filho do xerife não gostava de nada sobre aquela situação, desde a morte de Cash, mesmo o odiando, ao surto de Madison quando agrediu a detetive.

Mais cedo, quando a guiou para fora do hospital, Peter imaginou que ambos teriam problemas motivados por aquela cena. Por isso, a manteve por perto. Acompanhou Madison até a BMW, lhe abriu a porta e ficou de braços cruzados, longe o suficiente para que a garota conseguisse se acalmar com privacidade, mas sempre de olho. Não fazia ideia do que aconteceria se a deixasse sozinha por mais cinco minutos. Madison eram imprevisível, poderia agredir outra pessoa ou simplesmente fazer algo que a incriminaria muito mais.

Sabia que a garota era difícil de lidar, mas nunca pensou que fosse agressiva.

— Não devia ter feito isso — Peter comentou, pensando sobre o assunto.

Madison estava sentada no banco do motorista da BMW, a porta aberta e uma das pernas pra fora. De algum jeito, mesmo vivendo na sombria e nublada Shepherd Hill, era bronzeada.

— Não pedi a sua opinião.

— É impossível que não esteja com medo agora.

Ela inclinou o corpo e colocou a cabeça para fora da BMW, encarando-o. Naquele breve milésimo de segundo, foi exatamente como Peter disse: medo. Mas então, como se tivesse sido uma alucinação, passou. E ali estavam os olhos frios de Madison novamente.

Bad KarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora