capítulo quinze: nunca vi tanta gente agindo estranho em um mesmo lugar

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Depois de deixar Madison na mansão Moore, Peter dirigiu de volta para casa

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Depois de deixar Madison na mansão Moore, Peter dirigiu de volta para casa. A todo instante a sua mente voltava aos detalhes da visita à residência de Bane Decker e sua mãe misteriosamente desaparecida — era assim que pensaria nela: desaparecida até que provassem o contrário. Peter achou a história do manicômio no mínimo suspeita. As pessoas daquela cidade costumavam ser traiçoeiras, e aquela vizinha pareceu pouco confiável. Era possível que alguma coisa tivesse acontecido à senhora Decker. Ele não descartaria aquela possibilidade.

Quando Peter entrou em casa, seu pai estava vendo TV na sala. Era tarde o suficiente para ele saber que, se estava sendo aguardado, era porque havia arrumado problemas. Peter até tentou não fazer barulho, mas foi em vão: Jason era o xerife, afinal. Não deixava passar muita coisa.

— Como foi a escola?

Ele nem mesmo olhava para o filho. Estava relaxado, sentado no sofá com as luzes da TV dançando pela sala. Já estava ali há algum tempo, a julgar pela garrafa de cerveja vazia na mesinha de centro e a cheia na sua mão direita.

Peter nem sabia que horas eram.

— Foi legal. Obrigada por perguntar.

O tom de voz cínico chamou a atenção de Jason, que o olhou e sorriu. Aquilo não era bom. Seu pai costumava se irritar com o cinismo do filho, e não achar graça. Um breve instante pensando sobre aquela mudança foi o suficiente para Peter preferir não ficar e descobrir o que estava acontecendo. Começou a subir as escadas, mas seu plano deu errado, claro, e seu pai o chamava antes dele sequer ter a ilusão de que conseguiria fugir.

— Da próxima vez que quiser matar aula, não roube o meu carro. Fica muito mais fácil de descobrir assim.

Ele suspirou, conformado com o plano falho. Realmente não fora muito inteligente. Mas que opção tinha? Madison Moore não subiria na garupa de sua moto. E ele estava pouco disposto a andar por aí com a garota na direção — puro orgulho, o que em sua concepção era um argumento extremamente válido.

— Anotado — resmungou, e então voltou a subir as escadas.

— Pode voltar.

De novo, Peter parou. Refez todos os passos um tanto pesaroso, apesar de não exatamente com medo. Já fazia algum tempo que qualquer temor a respeito do pai desaparecera. O que restara fora apenas respeito. Então, não, ele não estava preocupado com broncas ou castigos, mas sim com a possibilidade de Jason o achar imprudente ou irresponsável. Afinal, ele não sabia os reais motivos para Peter ter matado aula ou roubado o seu carro. Poderia ser qualquer coisa, inclusive algo ruim.

— Senta aí — Jason indicou o espaço vazio ao seu lado, no sofá. Peter obedeceu, aceitando até mesmo a cerveja que o pai entregou. — Eu liguei para a sua escola e eles me disseram que ainda estão com as coisas de Bane Decker.

E ali estava: a direta comunicação entre os O'Connel. Peter gostava dela. Nada de grandes dramas ou eternas voltas ao redor do mesmo assunto. Alguns pais fariam jogos até que seus filhos se entregassem, mas Jason sabia que aquilo não funcionaria com Peter. Seus métodos eram crus, quase frios, mas incrivelmente eficientes.

Bad KarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora