História ganhadora do Wattys 2019 🏆
Alfinetadas, piadas de mau gosto e sorrisinhos irônicos: é assim que as coisas funcionam na realeza adolescente de Shepherd High. Não há uma alma inocente nesse grupo totalmente clichê composto por patricinhas...
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Do lado de fora do carro, as lojinhas do centro deram lugar a casas de subúrbio apertadas umas contra as outras. Madison olhou para as calçadas de concreto rachadas, de onde chumaços de grama seca e ervas daninhas escapavam, e pensou que o bairro indicado pelo pai de Peter não poderia ficar longe. Parecia um final de tarde normal naquela vizinhança, monótono e pouco movimentado. Bem sem graça, para combinar com a vida que Bane deveria ter vivido. Ele morara ali, andara por aquelas ruas e respirara aquele mesmo ar que entrava pela janela e agitava os cabelos dourados de Madison.
Isso, claro, antes de mudar seu endereço permanentemente para seis metros abaixo do chão.
— Você até que é bom nisso, Peter — quebrou o silêncio.
Se o comentário era para se passar por um elogio, Madison não deixou transparecer. Por trás das lentes enormes de seus óculos escuros, um sorriso começava a lhe curvar os lábios. Não chegava a ser maldoso, mas a julgar pelo brilho mal escondido em seus olhos, nada de bom poderia sair de sua boca a seguir.
— Como é? — Peter piscou, desviando a atenção do tráfego para espiar Madison por uns segundos. Uma de suas mãos guiava o volante enquanto seu cotovelo livre repousava sobre a janela aberta. Seus braços delineados por músculos estavam tensionados, acompanhando o menear suave da direção.
Pegável, Madison observou.
— Enrolar o seu pai. — Quando Peter não entendeu, ela arregalou os olhos em zombaria: — O xerife.
Uma ruga cresceu entre suas sobrancelhas grossas
— Eu não "enrolo" meu pai — ele protestou. Seu olhar se perdeu no parabrisas e suas mãos se agarraram ao volante — Nós precisávamos desse endereço para investigar, eu fiz o que tinha que ser feito. Nós podemos estar salvando a sua vida e a de seus amigos agora com essa investigação — suas íris claras voaram para Madison — Nós estamos seguindo o rastro do assassino. Meu pai entenderia... — por um momento atrapalhou-se com as palavras e com menos convicção ainda completou: — Foi por uma boa causa.
Madison riu curto.
Então, o filho do xerife sabia mentir.
Cash havia mencionado dias antes de morrer que a ajuda de Peter poderia ser útil. Não precisava ser um gênio para concordar com ele. O filho do xerife tinha os meios e, agora que Madison estava ao seu lado, ela tinha também.
— Melhor tomar cuidado, Peter — a loira continuou a destilar seu veneno — Se continuar nesse caminho, você vai se tornar um membro honorário do clube dos cinco.
A provocação viera com um fundo de verdade. Se eles continuassem a serem vistos juntos, isso aconteceria. Madison observou Peter e se perguntou se o filho do xerife poderia se passar por uma companhia a seu nível.
Provavelmente, não.
— E acabar morto como um de vocês? — ele riu seco — Não, obrigado.