CAPÍTULO 2

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Tivemos algumas horas de reunião para estabelecer horários de gravação, edição, e a forma que eu editaria. Mostrou alguns vídeos dele para eu ter uma ideia do que ele queria. Admito que gostei do conteúdo, pois eu também gosto bastante de games. Ele aparentou ser bem ágil na resolução de seus games de enigmas, e bem inteligente (diferente da maioria, que só sabe falar babaquices na internet e arrumar problema). Ele tinha um vídeo gravado para ver como eu edito, mas ele não iria postar ainda.
Ele me mostrou o seu apartamento e me conduziu ao quarto em que eu iria ficar. O meu quarto era vizinho ao dele, bem caprichado e bonito. Tinha paredes brancas e apenas uma das paredes preta , onde ficou suspensa uma TV de 42 polegadas, e embaixo uma escrivaninha branca, com uns LED's e umas caixas de som, fones, e uma cadeira gamer branca e preta. Havia um espaço onde eu colocaria o monitor e o PC que eu trouxe, e ainda sobra um espaço pro notebook. Havia uma cama de solteiro, com um belo edredom vermelho. Andando uns dois passos adiante, havia um banheiro que era paralelo à parede preta.
- É aqui que você vai ficar, tudo bem? - disse ele, enquanto se apoiava na porta do quarto - Espero que não tenha ficado chateada.
- Não fiquei - disse eu, tentando não demonstrar o quão surpresa estava como o quarto estava arrumado, parecia até que eu ia ficar os seis meses lá - Na verdade... achei que ficou bem legal.
- Fico feliz. Obrigado por aceitar o negócio. - agradece Rafael
- Na verdade eu precisava sair da zona de conforto... mudar, sabe? - digo
- Nossa, que legal! - ele demonstra tanto interesse no que eu falo, até parece que esses caras são simpáticos: "duvido", pensei.
• • •
Já eram quase 3:00 horas da manhã quando acabei de editar o vídeo teste.
- Ficou ótimo- sussurrei para mim mesma, orgulhosa pelo resultado. - amanhã envio pra ele...
Mal acabei de finalizar a frase, e Rafael bate na porta. Ele tá acordado ainda? Me dirijo à porta, e abro uma parte da porta, porque eu estava usando um blusão qie ia até o meio da coxa, sem short ou calça por baixo
- Está acordada ainda? - indaga.
- Estou. - digo. - Ah, acabei a edição...
- Já? - pergunta, surpreso - Isso é bom!
- Quer entrar para ver?
- Se não te incomodar...
Dou três passos para trás, ele entra. Me olha de cima em baixo, será por causa da roupa? "Que idiota". Me dirijo à mesa e sento, ele se aproxima, apoiando um braço na mesa e outro no encosto da minha cadeira. Ele ficou tão próximo a mim que sua blusa solta esbarrava em meu ombro.
- Aqui está, se quiser que eu mude alguma coisa... - digo enquanto dou play no vídeo.
Enquanto ele assistia ao vídeo, percebo que ele é extremamente cheiroso. Não é só cheiro de perfume, mas seu cheiro natural também é gostoso de sentir, me deixando meio intimidada com tanta proximidade. Viro a cabeça para o lado oposto, para não demonstrar. Após assistir tudo, Rafael olha para mim, percebendo que eu estava ansiosa pela opinião dele. Eu o encaro com um olhar de expectativa.
      -O que achou? – digo
      - Você é incrível! Adorei. – diz ele, animado. – Talvez eu até aumente seu contrato, tudo bem pra você?
      - Sério mesmo?! –digo surpresa- Muito obrigada! – Não me contenho e nem hesito em dar um abraço forte nele. Eu estava muito feliz. Ele, por ser mais alto, abraçou meu pescoço e cabeça, me passando uma sensação de proteção.

PERSPECTIVA DE RAFAEL LANGE
      Ela ficou extremamente feliz com a minha resposta e, envolveu seus braços em mim, e eu retribuí o abraço, esfregando minha mão em seus cabelos pretos cacheados, com pontas em tom de roxo. Seu cabelo era cheiroso, macio e seu corte curto em Chanel de bico davam a ela um ar de formalidade, mas as pontas roxas e o leve arrepio de suas mechas dão uma sensação de leveza à ela. Após o longo abraço, nos afastamos e ficamos à alguns centímetros de distância.
      - Gostou mesmo da proposta? – digo, meio surpreso ainda com o abraço dela, sendo que já demonstrara um comportamento tímido, introvertido, indiferente e até meio grosseiro de vez em quando. – Ficaria mais?
      - Com certeza, mas não te garanto em não dar uma fugidinha para o Rio de vez em quando. – diz ela, rindo baixinho – Fica calmo, não vai ser pra sempre.
      - Promete tentar não levar um tiro lá? – fiz essa piada meio tosca, mas ela riu alto e eu também, até darmos conta de que era madrugada, e que os vizinhos iriam nos despejar.

PERSPECTIVA DE DÉBORA
      Tapei a boca com a mão ao lembrar que eram quase 3:30 da madrugada. Ele também deu uma pausa em suas gargalhadas.
      -Por que vai voltar lá? Já que vendeu o seu apartamento, e tudo mais. – pergunta ele – Tem alguém em especial lá? Mãe? Pai? Namorado?
      - Irmão. – digo, não querendo me aprofundar no assunto. Paulo é cinco anos mais velho que eu, mas foi o meu protetor, enquanto minha mãe preferia ele, me agredia para demonstrar o "quão idiota e insignificante eu era". Por ser o preferido, meu irmão não hesitava em comprar minhas brigas, e eu o amo, não só por isso, mas por tudo o que ele era. Porém, há três meses ele fora diagnosticado com câncer no pulmão e, segundo os médicos, ele tinha apenas mais algumas semanas de vida. Na última visita que fiz a ele, estava se preparando para as quimioterapias, e disse que, quando chegasse a décima terceira sessão (treze é o número da sorte dele, não sei porque) ele me fez prometer que não o veria mais, pois não queria que eu o visse naquela situação. E eu aceitei. Mas talvez eu quebre a promessa, pois sinto muita saudade dele. – Ele precisa resolver um problema, então gostaria de fazer uma surpresa a ele.
      -Ah sim. – diz.

editora de vídeo | rafael langeOnde histórias criam vida. Descubra agora