O reflexo juiz que pairava a minha frente, obrigava a despir-me de sonhos e desejos.A caneta e o papel ainda eram meus melhores amigos, com eles, transformava a dor em poesia, que por sua vez, não era mais leve só pelo fato de ser bonito.
Ainda ardia, ainda doía, era uma ferida aberta.Enquanto escrevia, despia pouco a pouco a alma dilacerada que habitava em meu corpo fraco. Cada palavra, cada desabafo, cada lágrima que caia no papel. Era a nudez artística que machucava e curava em momentos atemporais.
Suspiros, sonhos, medos...
Tudo resumido a nada, transformado em arte, que por sinal era a única coisa que me restava em um mundo frio, vazio.
E aquelas vozes, insistiam e me dizer coisas incompreensíveis, pelo breve prazer de me enlouquecer.
E o silêncio pairava no ambiente deserto. Como em uma realidade paralela de dois mundos tão independentes e dependente um do outro.Respirei, e ouvi o sussurro das dúvidas enquanto eu, poeta ferido e cansado, despia pouco a pouco mais uma vez o espírito incompreendido e deixava ali escrito no papel timbrado sobre a escrivaninha velha em meu quarto escuro: o sussurro dos porquês e a nudez de minh'alma ferida