Capitulo 5

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Agatha Pov.

        —Então.... Por que você veio aqui mesmo? — Tedros perguntou, finalmente me soltando.

Eu dei de ombros cansada, me sentando em qualquer lugar.

—Eu vim pra fugir de algumas coisas que aconteceram. — Expliquei, sem animo para mais mentiras.

Tedros riu, amargo.

—Bom, isso é um tanto irônico já que eu vim exatamente pro contrario. — Ele logo fechou a cara. — Eu vim ver o traidor que deu origem a esse lugar.

Minha cabeça adquiriu uma interrogação acima dela.

—Merlim? — Perguntei, confusa. Ele assentiu. — Mas ele não é do bem? Ajuda na história do seu pai e tal... O maior mago de todos os tempos...? — Eu citei, desejosa da minha antiga caixa de fósforos.

—Sim e sim... Mas eu não acharia ele tão do bem assim afinal, — Ele fez uma pausa e sua face adquiriu uma sombra. — Que pessoa do bem abandona uma criança sozinha num reino, sem pai?

Observei seu maxilar travar e pensei no quanto aquele garoto tinha mais historia do que eu podia ter imaginado.

—Sabe. — Eu disse. — Você é um saquinho de surpresas, filho de Arthur.

Ele sorriu, sentando-se do meu lado.

—Sério? E por que diz isso, Agatha de Além da Floresta? — Ele perguntou, parecendo estar se divertindo com essa forma de se tratar.

—Acho. É como se eu estivesse nos bastidores da história, junto com você. E é muito interessante.

Ele sorriu ainda mais, encostando o ombro no meu.

— Que bom que eu sou interessante. — Ele se gabou, me fazendo rir.

Convencido.

—Eu diria sua história, não você. — O cortei, com um sorriso superior.

Ele não ligou muito, se apoiando melhor na pedra atrás de si de um jeito relaxado.

—Sabe é por isso que eu gosto de você, você não é nada como as outras. — Ele disse, trivialmente.

Agora era meu rosto que possuía uma sombra.

—Por que eu não sou educada ou tenho uma boa aparencia...?

—Não. Por que você não tem medo de falar o que você pensa. — Ele disse, com um sorriso antes de me dar uma espécie de carinho na cabeça. — E a sua aparência não é tão ruim assim na verdade, sabia?

Ha ha, falou o príncipe loiro de olhos azuis. — Zombei revirando os olhos e rindo.

—Ei! — Ele reclamou. — Eu não sou só isso.

Ela suspirou.

—Bom saber, seria patético se fosse...

***

        Passaram-se alguns minutos com ambos em silêncio, apenas observando tudo ao seu redor.

—Agatha. — Ele chamou.

Eu olhei em sua direção, curiosa.

—Você sabe por que eu tenho tido tanto interrese em você ultimamente? — Ele perguntou, nostálgico.

Pus a mao no queixo, pensando.

—Não... À propósito, eu ía te perguntar isso mesmo. Por que?

Ele suspirou, sorrindo enquanto olhava pra baixo, parecendo tímido.

—Por que eu venho sonhando com minha princesa a tipo, meses.

Eu arregalei os olhos, confusa com o rumo da conversa.

—Uh... Dã, claro!

Eu devia ter imaginado. Se as princesas pensam em príncipes, era óbvio que os príncipes também só pensavam em princesas, certo?

—Sim. Mas só agora eu tive coragem de falar com a mesma. Tinha medo de gaguejar, de não saber me expressar ou sei lá... Não parecer ser sabe? O suficiente para ela... Não sei.

Eu ri gostosamente.

—Tedros de Camelot inseguro quanto sua posição? Alguém por favor escreva ou pinte isso! — Debochei antes de analisar melhor o que ele havia dito e pensar sobre. — Certo... Príncipes pensando em princesas. Nenhuma novidade. Mas... A grande pergunta é... O que eu tenho haver com isso?

Ah, por favor, não diga que ele quer ajuda com a sua Princesa, e por favor me diga que ela não é Sophie... Orei  silenciosamente.

—Como toda grande pergunta merece uma grande resposta e para sua grande sorte eu tenho a resposta, irei lhe dizer. — Ele se voltou na minha direção, se agachando a minha frente. Aquele movimento me lembrou de Sophie por isso corei violentamente, coçando meu pescoço sem parar. Os olhos azuis cristalinos de Tedros pareciam perfurar os meus castanhos opacos quando ele disse com um brilho diferente nos olhos e um tom animado na voz: — Por que você é a princesa a quem tenho sonhado a meses. Você é minha princesa, Agatha.

Sophie Pov.

        Abri a porta com uma força raivosa, indo em direção a minha cama e me jogando de bruços nela. Reclamando por ela cheirar tão mal.

—Por que todo esse quarto cheira ou a mofo ou a queimado ou a mofo e queimado?! Será que a escola do mal inteirinha sofreu um incêndio? À propósito, — Me sentei na cama, me sentindo irritada como nunca antes tinha sentido. — por que todo o mal tem que ter um cheiro tão ruim?! E melhor ainda. O que diabo eu estou fazendo aqui?!

Dot deu uma mordida no pedaço de lençol no qual ela havia transformado em chocolate, parecendo entediada.

—Brigou com Agatha? — Ela perguntou, simples.

Eu assenti, me deitando de cara na cama toda poida novamente, ainda reclamando baixinho.

—Vocês duas brigam mais do que ficam de bem. Quase nem parece que são amigas. — Ela se levantou e sentou-se ao meu lado no chão, parecendo estar com pena de mim. Eu estava com pena de mim. — Vocês estão as duas com a aparência deplorável hoje...

Eu me sentia mesmo deplorável ao me sentir encolhendo dentro do meu próprio cobertor sujo. Mas eu odiava que tivessem pena de mim.

—Não faço ideia do que você está falando. — Desconversei, me voltando para a parede mofada, de nariz empinado. — Eu e Agatha estamos otimamente bem. Foi só uma briguinha, não tem nada o que se preocupar.

Mas eu não me se sentia exatamente assim ao começar a roer as unhas.

—Se você diz... — Ouvi Dot se arrumar na sua própria cama. — Só espero que ela volte logo, está ficando tarde e amanhã ainda tem aula... Boa noite, Sophie.

—Boa noite, Dot. — Eu desejei de volta. No fim das contas essa garota não era mesmo assim tão detestável. — Eu também espero. Eu também...

Sussurrei fechando os olhos devagarinho, cansada.

A Escola do Bem e do Mal (Agaphie) Onde histórias criam vida. Descubra agora