The Beauty Inside

♡ Chapter Two ♡

Acordei cedo como de costume, sem precisar de nenhuma ajuda. Peguei a varinha da cômoda, onde a havia deixado e a transformei numa bengala perfeitamente ajustada às minhas necessidades, assim como meu quarto, idêntico ao do castelo e organizado como tal, sem dificuldades para esta princesa aqui.

Enquanto escolhia um vestido para mim, reconhecendo cada um apenas pela textura e o cheiro levemente diferente impregnado nos tecidos após cada evento vivenciado por eles – uma vez que o grande borrão meio escuro que meus olhos proporcionavam ao meu cérebro não era de grande ajuda. Escolhi dois modelos que Tom adorava para então ir até o Grande Livro de Feitiços em cima da penteadeira e bater nele.

"Bom dia, Star.", a frase ecoou na minha cabeça; eu não sabia se a voz dele era realmente daquele jeito, mas era a única coisa que realmente soava nítida para mim em qualquer momento e qualquer lugar, a única coisa que parecia correta.

Glossaryck era o ser mais poderoso de todo o Universo, então ele conseguia se comunicar comigo sem realmente falar, apenas usando telepatia; isso não fazia muito sentido para mim, uma vez que eu não fazia ideia se o que eu "escutava" era realmente o que todos escutavam quando ele abria a boca, mas, embora soubesse que era uma entidade extremamente pequena, tinha muito respeito por ele e sentia muita alegria quando conversávamos; me sentia normal.

"O que acha? O vestido com babados nas mangas e no final da saia ou o vestido com mangas 1/2 ?", perguntei em linguagens de sinais. Minha mãe havia arranjado os melhores e mais pacientes tutores de todas as dimensões para me ajudar a aprendê-la e, quando fazer isso era frustrante e estressante demais para mim, Tom estava lá por mim para me auxiliar e apoiar.

"O com babados, é menos simples, mas não é extravagante como seus vestidos de princesa.", ele respondeu de uma forma estranha, acho que aborrecida, talvez? Não sei, ainda estava aprendendo a identificar suas emoções em nossas conversas. "Posso voltar a dormir agora?", eu assenti; devia ser aborrecimento mesmo.

Ouvi um barulho baixo e abafado, sentindo o cheiro de antigo quase que se dissipar, o livro havia se fechado e eu já podia me trocar. O vestido que Glossaryck havia escolhido para mim era novo, minha dama de companhia havia me dado como presente de despedida; não gostava nem um pouco dela, mas meu demoniozinho havia gostado do vestido e, além do que, era confortável e cheiroso, então era uma boa opção para causar boas impressões no primeiro dia de aula. Ia mostrar para todos do que uma deficiente era capaz; voltaria para Mewni logo.

Enquanto escovava os dentes com cuidado e atenção, pensei em Tom novamente, ele era perfeito... Talvez um pouco nervosinho, mas nós detestávamos as mesmas coisas, então não via problema nisso, ele era cuidadoso e prezava pelo meu bem estar de uma forma diferente dos meus pais e minha dama de companhia, de um jeito bom, um jeito carinhoso e respeitoso. Ontem, quando o mostrei o vestido que aquela garota havia me dado, através de uma chamada no espelhofone – com o presente de despedida deles, um aparelhinho mágico sobre encomenda feito por ele e Pony Head (executado com uma ajudinha do Glossaryck, provavelmente) –, ele me descreveu da melhor forma que pôde: dissera-me que era da cor do mar de águas claras e tinha narvais no lado oposto ao do coração, bem como no final da saia, além de uma estrela brilhante como o Sol, com duas fitas delicadas, no centro do cinto; eu não havia entendido tudo, mas gostava do jeito que se esforçava para que eu compreendesse o mundo que ele via, de uma forma diferente; esforçava-se para que eu pensasse em muito mais do que eu não via e me concentrasse no que eu sentia e, com a descrição daquele vestido, agora eu me compreendia como um ser leve e gracioso semelhante à beira do mar, mas ainda sim, poderosa e ofuscante como o Sol; elegante, afiada e delicada, tudo ao mesmo tempo.

O dia já estava indo maravilhosamente bem, eu me sentia ótima, recarregada, confiante... Até aquele momento, pelo menos.

"Ohm ia, Star.", foi o que consegui ouvir saindo da boca de Marco; esforcei-me para tentar identificar alguma emoção em seu rosto ou em sua fala, mas tudo parecia e soava tão desfocado que era impossível identificar qualquer coisa que não fosse, mesmo que com muito esforço, a frase.