Eu entrei em casa sorrindo alegre, meio bobo até. O encontro com Jackie havia sido perfeito; eram sempre meio simples, mas gostávamos desse jeito, encontros mais comunicativos, contudo, menos românticos e super enfeitados, achávamos que isso fazia de nós um bom casal, não éramos do tipo que se preocupava em fazer um momento perfeito para tirar uma foto e mostrar para todos que estávamos felizes quando na verdade nem estávamos aproveitando a companhia um do outro, éramos do tipo que não se preocupava com isso e, justamente por esse motivo, estávamos realmente felizes juntos.
Porém, quando vi meus pais cochichando na sala, não muito alegres, senti que um balde de água fria estava prestes a acabar com o meu dia. Algo havia acontecido.
"O que foi?", perguntei baixo, um pouco hesitante, talvez eu não quisesse saber agora, talvez fosse melhor que ficasse sabendo amanhã, teria pelo menos um dia perfeito, mesmo que de mentirinha.
Às vezes, só às vezes, eu queria ser esse tipo de pessoa meio egoísta, que tenta, ao máximo, convencer-se de que está tudo perfeito, ou que se importa apenas consigo mesmo, pelo menos por um tempo.
Eles trocaram olhares e então encararam à mim, com certa esperança, mas muita preocupação. Pouco depois, via-me em frente à porta da princesa, que, aparentemente, estava deprimida e não emitia mais nenhum som há algum tempo, não era tão ruim quanto eu pensava, contudo, não deixava de ser ruim.
Pelo que me contaram, ela chegou meio irritada e magoada, passou correndo por eles e se trancou no quarto, tentaram saber o que havia acontecido e, enquanto a chamavam, ouviram uns sons de coisas sendo arremessadas em seu quarto, como se ela estivesse destruindo o mesmo, mas foi por um curto período de tempo e depois tudo ficou quieto. Estavam aflitos e agora eu também.
Respirei fundo e bati na porta, encostando o ouvido na mesma em seguida, para ver se obtia qualquer ruído no ambiente.
"Star... Tudo bem?", perguntei hesitante, me repreendendo imediatamente; para que fazer perguntas as quais já sabe a resposta, Marco Diaz? "Star?!", chamei mais alto, ciente que ela podia só não conseguir me ouvir direito, uma vez que possuía alto grau de surdez. "Por que não destranca a porta?", sugeri bem alto, quase gritando. "Não precisa conversar com ninguém se não quiser, mas pode comer algo ou...!", ou o que? Ugh, eu era péssimo nisso, especialmente porque essa garota era um grande mistério para mim.
Mesmo fazendo a demonstração da minha péssima habilidade de conversação, não tive resposta alguma, nem mesmo o mínimo som. Comecei a ficar mais ansioso sobre isso, nem parecia que havia alguém lá!
Fitei a porta por alguns instantes, perdido, pensando no que fazer agora, passei a mão pelo cabelo, colocando a outra no bolso enquanto batia o pé no chão, inquieto. O que fazer, o que fazer?
De repente me veio uma luz, um estalo, como quiser chamar. Corri para o meu quarto eufórico, procurando pelo objeto na gaveta enquanto questionava à mim mesmo como não havia pensado nisso antes.
"Isso!", exclamei baixo, satisfeito ao encontrar o que buscava.
Então, sem perder tempo corri para o banheiro que ficava entre nossos quartos e, sem pensar duas vezes, destranquei a porta que permitia acesso ao cômodo para ela; era engraçado como as chaves que possuíamos para trancar a porta do sanitário e ter privacidade quando preciso estava fazendo exatamente o contrário por ela agora, meio errado até, se parar para pensar, mas havia sido um mal necessário.
"Olha, eu sinto muito por estar invadindo seu quarto, sei que é inapropriado, mas você me deixou sem escolhas!", justifiquei alto, cobrindo os olhos antes mesmo de ver o ambiente para que não levasse um tapa ou qualquer outro golpe, já sabia que de indefessa essa garota não tinha nada.
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The Beauty Inside
RomanceStar Butterfly é uma princesa de outra dimensão que nasceu herdeira do reino e da varinha mágica de sua família, mas também com duas deficiências. Sendo a primeira herdeira parcialmente cega e quase que completamente surda, ela terá que provar para...