"Ugh, essi gaoto é insupotável!", Tom exclamou, batendo a porta e até me assustando um pouco.
"Calmá", murmurei, desviando o olhar e fazendo carinho em minha própria mão de modo um tanto quanto nervoso.
Tom era sim muito estressado o tempo todo, mas geralmente eu não me importava já que tudo que o irritava, também me irritava da mesma forma, me fazendo desejar que o motivo de nossa ira recebesse o que merecia. Só que... ultimamente... ele parecia acumular a raiva ao invés de deixa-la para lá depois de algum tempo e... eu não sentia toda essa raiva do Marco... ele me deixava brava sim, mas... não tanto a ponto de que eu quisesse o machucar muito, já que às vezes me dava vontade de pisar em seu pé ou estapeá-lo para ver se aprendia algo...
"cOmo assím, 'calma', Tar?! Esse gaoto náo tem o míimo de espeito po vócê e memô assí continua te peseguido, u que ele qué com vócê áfinal?", Thomas esbravejou tão alto que acho que pude ouvir tudo com mais clareza do que nunca; infelizmente... não podia ficar feliz com isso.
Voltei à encara-lo, porém, como não tinha uma resposta, muito menos uma que o agradasse, dei um passo para trás, um tanto nervosa, nunca havia sido o alvo de raiva dele e sentia que, dessa vez, era o caso. Não sabia como podia acabar...
"Náo vai dizê nada?!", questionou. "Náo se impóta com issu? Náo té irritá a insis-ênciá deli?".
"Irritá, Tóm... mais... eu já dissé di todas as fomas qui náo quéru sê amigá deli... u qui mais possu fazê?", murmurei, mesmo que muito hesitante, encolhendo os ombros e voltando à desviar o olhar.
"Sê firmi.", respondeu sério, aborrecido. "Pára di fica dandu sinais i diz exatámenti u qui qué, seim jutifícativas, seim 'po favô' e 'discúpa'. Só u qui qué i nada mais.", instruiu. "Issu é sê firmi.", completou.
Após essas palavras eu não fiz nada que não fosse concordar com a cabeça, um pouco amedrontada com as probabilidades futuras caso isso não desse certo. Nesse caso, acho que eu acabaria carbonizada.
Aos poucos, o ambiente voltou à temperatura natural e o único calor que senti foi o de seu abraço quentinho e carinhoso. Estava como sempre, mas... ao mesmo tempo... estava diferente... Isso fazia sentido? Não... Acho que se eu contasse alguém, não faria sentido algum, mas, para mim, fazia; apenas eu entendia o que estava acontecendo agora, mesmo que negasse a entregar-me à essa possibilidade.
"Boum, achu qui já tenhu qui í, tá táde e é essá a hora qui tábaiamos máis lá im casa.", explicou, beijando minha testa antes de de abrir um portal de chamas. "Até ámãnhã.", acho que ele acenou pra mim.
"Até amanhã.", eu respondi em linguagem de sinais, forçando um sorriso fraco antes que tivesse certeza que partiu e me jogasse em minha cama, suspirando alto.
Hoje havia sido um dia longo, cheio de altos e baixos e muito cansativo, mas ainda não havia terminado e eu tinha o que fazer. Me sentei na cama e cocei os olhos exausta, mas ainda motivada.
"Glóssy...", resmunguei, esperando que o livro viesse parar na cama sozinho.
"Sim, princesa?", respondeu ao mesmo tempo que vi algo se movendo e afundando no colchão confortável da cama.
"Abra onde paramos, por favor.", pedi em libras. "Rhina, não é?", lembrei.
"Sim, Star, mas não acha melhor descansar?", sugeriu.
"Descansar?", perguntei. "Não, sabe que responsabilidades vem primeiro.", afirmei, séria.
"E necessidades antes mesmo de responsabilidades.", respondeu no mesmo tom. "Vá dormir e amanhã seu desempenho será duas vezes melhor.", afirmou, gentil, eu acho, mas ainda autoritário.
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The Beauty Inside
RomanceStar Butterfly é uma princesa de outra dimensão que nasceu herdeira do reino e da varinha mágica de sua família, mas também com duas deficiências. Sendo a primeira herdeira parcialmente cega e quase que completamente surda, ela terá que provar para...