Cody sabia que estava encrencada, muito encrencada. Ao adentrar a sala e encontrar o irmão, sentado na poltrona e com aquela expressão que só ele sabia fazer, Cody sabia que tinha dado ruim pro seu lado. Ela tentou se recordar, mas não veio nada em sua mente, nenhuma merda que ela tenha feito.Ela coloca o casaco dentro do closet que tinha na entrada e pôs a boina no aparador junto com sua bolsa. Alinhou os cabelos e a roupa. Quando ia umidecer os lábios percebeu que a boca tava seca, o que o medo fazia na vida das pessoas? Ela se sentou ao lado do irmão e tomou postura.
-Eu tava na casa de uma amiga da escola- ela se xingou por dentro por sua voz ter saído trêmula.
Ela sabia que ele sabia que era mentira. Ralff sempre sabia os sinais do corpo humano. Afinal ele fora treinado pra isso quando fundou a empresa. Não queria que ninguém lhe passasse a perna. Ela fechou os olhos e então os abriu novamente junto com um sorriso.
-Quem é aquela garoto que estava te violando em frente a nossa casa?- Ralff pergunta de maneira direta e Cody teve que se apoiar no sofá pois achava que iria desmaiar a qualquer momento.
Mas quando a palavra ''violar" chegou em seus ouvidos ela quase teve uma crise de riso. Em que século Ralff achavam que eles estavam? 19? Ela não estava fazendo nada demais. E ela não era nenhuma filha de um duque que acabara de ser apresentada a sociedade e precisava de acompanhantes até alcançar a maioridade.
Ralff viu o riso no olhar e endureceu mais a expressão. O que ela achava que era? Uma mulher de 18 anos, que já poderia fazer o que viesse à sua cabeça? Ele não estava nada feliz com aquilo, pra falar a verdade ele estava decepcionado com a irmã caçula.
-Ralff por favor, era só um beijo, ele não estava me possuindo no meio da rua. Eu estava fazendo como qualquer outro adolescente.
-Só se ele fosse um energúmeno por completo. Ele que se metesse a besta e fizesse o que o desejo dele quisesse. Aí está a questão, você não é como qualquer outro adolescente. Você é a minha irmã, e de menor por sinal.
-Ralff!-Cody exclamou sua insatisfação. Ela sabia quantos anos tinha, não precisava que ninguém a lembrasse. Ela odiava quando ele a tratava como criança- Eu não sou mais uma criança, então não me trate como tal.
-É só você não agir como uma. Nós já conversamos e eu já ditei com quantos anos você poderá namorar. Ataques de pirraça são tediosos pra mim, Cody.
-Mas não é pirraça Ralff, não consegue entender isso? Eu gosto dele, o que aparenta ele também gosta de mim, e eu vou assumir um relacionamento com ele.
-Homens são mentirosos, eles são frios e calculista. Eles podem se transformar no mais solidários dos homens só pra conseguir o que querem.
-Mas ele não é como os outros homens, você não é como os outros homens. Ralff por favor, dê uma chance para o Daniel. Eu, Cody, sua irmãzinha que está te pedindo.
Isso era covardia, ele não podia generalizar que todos os homens são idiotas e só pensam em satisfazer seus próprios interesses. Ralff não era assim, Daniel não era assim, Fernando não era assim. Tinha homens que prestavam sim, nem todos, mas tinha.
-Então é Daniel o nome dele? Eu vou mandar a Interpol ir na casa dele é prender, exilar, fazer não sei o que com ele. Quantos anos ele têm? 36?
-O quê? Nem você tem 36 anos Ralff, dessa maneira você tá me ofendendo. Ele tem 21 anos. Caramba, quanta implicância, ele não te fez nada.
-Fez sim, ele beijou a você, sem a minha permissão, então posteriormente ele me beijou também. -Após terminar a frase, Ralff fez um sinal de vômito e Cody revirou os olhos.
-Bom, ele me disse que amanhã virá aqui pedir sua permissão pra nós namorarmos, e eu confio seriamente em você, Ralff. E eu espero de todo o meu coração que você não deia piti e nem humilhe o rapaz. Eu espero.
-Pois eu vou botar os cachorros em cima dele e depois fazer churrasco e servir a carne dele pros abutres.
Cody nem deu ouvidos a ele. Simpliesmente pegou sua bolsa e saio em direção a cozinha. Ela sabia como sair no meio de uma conversa irritava o irmão. Mas cansou de ouvir tanta calúnia. Ela sabia como era importante pra o irmão, importante mais do que qualquer coisa. Mas ela não ia esperar anos até o irmão se convencer de que ela estava pronta pra se relacionar com ela.
Apesar da pouca idade Cody era bem madura e podia muito bem tomar as decisões por conta própria, mas se ela dissesse isso ao irmão ele ia fazer um discurso enorme que terminaria na frase "até você alcançar a mairidade eu mando em você". Ela ficava louca com aquilo.
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Inversos
FanfictionEla, uma simples funcionária de uma fábrica de lâmpadas. Trabalha 10 horas por dia e nem tem todos os seus direitos trabalhistas. Um verdadeiro trabalho escravo. Mas ela estava feliz, o salário que ganha dá pra pagar as contas, o aluguel e manter su...