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Ranulff ficou irado quando viu aquele serzinho parado na sua porta e com mais um daqueles sorrisos atraentes que só ela tinha. Atuou um andar sedutor e mandou um beijo para o amigo. Sentou de maneira despojada e pôs os pés em cima da mesa para o desagrado de Ralff, Bella sabia o quanto aquilo irritava o amiga e fez de propósito.

- Tá fazendo o quê aqui? - Ralff falou fingindo estar com raiva e Bella levou à mão ao coração parecendo estar ofendida.

- Um amigo é para ajudar o outro. No nosso caso, um médico ajuda seu paciente. - Bella sorriu e o amigo bufou.

- Foi a Mama que te chamou né? - ela concordou- Eu disse que não precisava- ele disse indignado- Bella, não é nada demais.

- Vamos lá Ralff, você tem que pôr tudo pra fora. Desabafa meu amigo! Como você quer que eu te ajude, se você não quer me contar o que tá acontecendo?!- ela deixou a brincadeira e olhou séria para Ralff- Preciso que me diga.

- Não tô afim- ele voltou a prestar atenção na lista de coisas que o orfanato estava precisando e ouviu a amiga suspirar.

- Ralff por favor- ela fez biquinho. Estava velha demais pra isso mas tinha que incentivar o amigo a falar.

Ralff ficou concentrado na transferência bancária que estava fazendo para a conta do orfanato e ignorou Bella nesse meio tempo. Sabia que a amiga era hiperativa e logo ouviu o batucar dos dedos dela na mesa, olhou aborrecido pra Bella e esta deu de ombros. Ele esperou o barulho cessar mas sabia que só aconteceria se ele desse o que ela foi buscar.

- O que é que você quer?- ele perguntou rígido mas não tirou a atenção do laptop.

- Quero chá, e com leite.

Olhou sem entender mas resolveu fazer o que ela queria. Respirou fundo e foi atrás de algum empregado para buscar o que a madame exigira. Avistou Morgan arrumando a roupa e fez o pedido à ela. A ruiva sumiu de sua vista e ele virou-se para a morena que estava sentada e o encarando e tentou imaginar o que se passava na mente biruta da amiga. Fitou ela também e abriu um pequeno sorriso, agradeceu a quem quer que fosse por terem colocado ela naquele dia na ponte. Se não fosse por Bella, Ralff teria pulado e acabado de vez com sua vida. Então por que ele esconderia a volta de alguém para a pessoa que foi tão crucial no tratamento dele?  Abrira a boca para começar a falar contudo a amiga começou a rir do nada e ele ficou com uma expressão confusa. Ela continuou a rir mesmo quando bateram na porta, o que foi que se passou na mente dessa maluca? Ralff girou os calcanhares e abriu uma das portas para a empregada. Assim que a ruiva entrou ele analisou de cima à baixo, sentiu o olhar penetrante da amiga e sabia que ela estava fazendo aqueles diagnósticos malucos que ela faz só de olhar pra pessoa. A ruiva saiu do local e Bella abriu a boca pra falar merda, Ralff dilatou as narinas pela raiva que estava sentindo e repreendeu a amiga, mas ela não sendeixou abalar.

Izabella sabia muito bem ler as pessoas, era uma boa profissional por isso, lia as pessoas pelos gestos e ajudava cada paciente a partir disso. Sabia distinguir cada sentimento perfeitamente, - claro que haveria erros, mas isso acontecia raramente- e sabia muito bem o que o amigo estava sentindo só em ver a marca de expressão que se formou ao redor de seus olhos e o formato que sua boca adquiriu só em vem a ruiva. Se ele quisesse ela poderia fazer um relatório e explicar detalhadamente cada sentimento que ele exprimia ao olhar para a empregada, mas assim que ele recebesse o tal relatório diria que era mentira e que a amiga estava ficando mais louca do que já era. Ela poderia afirmar que era algo intenso o que ele estava sentindo, sobretudo, não diria nada disso pra ele. Ranulff Veneratti poderia ser o homem mais forte do mundo, mas ele tinha um ponto fraco igual a qualquer outro ser humano. E o ponto fraco de Ralff era: paixão.

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