Capítulo 6

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Memórias
Era dia de visitas, então todos os órfãos cujo os pais ainda não haviam falecido foram visita-los
Eu também fui, coloquei minha melhor roupa e me juntei ao grupo. Foram poucos os passos até que chegássemos a entrada principal do hospital, foram vários os corredores até chegarmos aos respectivos quartos, quando cheguei no quarto em que minha mãe estava, ela parecia estar em um filme daqueles antigos que ainda não tinham cores, estava pálida, e seus cabelos negros, estavam tão negros que era a primeira coisa que alguém reparava ao entrar no quarto, estava tão magra que dava para ver todos os seus ossos saltando, eu odiava ver minha mãe desse jeito, ainda mais no meu aniversário, ela estava tão fraca que não notou minha chegada eu tive que acariciar seus cabelos e chamar seu nome para que ela me notasse ali:- Ofélia- chamei-a- Filha, querida, como você está linda, hoje é seu aniversário você pensa que esqueci?- eu estava surpresa, mesmo naquele estado de saúde ela ter lembrado do meu aniversário, ela é sua mãe, óbvio que lembraria, essa aí é a voz chamo ela de "ela" espero que não se incomodem de ela aparecer aqui as vezes, achei que seria bom registrá-las aqui, são parte de mim, ou não? Eu me confundo com os pensamentos constantemente, não sei nada sobre ela , mas somos amigas, eu acho.
Conversei durante todo o tempo de visitação com a minha mãe, contei como estava sendo no orfanato, mas não mencionei o homem nem o som que eu escutei a noite, não achei necessário preocupa-lá. 
Eu já estava "em casa" quando a coordenadora Lise me chamou para conversar:- Lisa você poderia me acompanhar até minha sala? -Claro senhorita Lise!- eu me levantei e fui atrás dela. Sua sala era enorme, cheia de quadros, estantes de livros, e flores, muitas muitas flores: -tenho uma notícia para você, não é boa:- pode dizer, eu aguento- disse enquanto sorria, mas por dentro eu realmente estava nervosa, o que poderia ser? Algo relacionado a minha mãe e seu terrível estado de saúde?:-Sua mãe, ela faleceu.- o silêncio tomou conta da sala, meus olhos se encheram de lágrimas, não conseguia falar nada:- Mas seu corpo, ele não foi encontrado.:- como assim não foi encontrado??Ela não estava no hospital? Como não foi encontrado?:- eu dizia aos prantos- Na verdade ele foi encontrado, mas não nas dependências do hospital, foi encontrado nas margens do rio:- disse Lice- eu não acreditava naquilo, era muito para mim, eu simplesmente sai correndo orfanato a fora, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, com um aperto no peito que nunca sentira antes, as vozes estavam agitadas, tudo estava girando, então achei um banco a poucos metros daquele rio escuro, e sentei ali, e nem percebi quando aquela menina que me pediu para passar o açúcar sentou ao meu lado, ela não disse uma palavra, mas ficou do meu lado, e isso me deixou mais confortável.

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