09. você é papel

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     Como de costume, todos os dias Josh saía para correr antes mesmo de amanhecer. Era sempre o mesmo percurso; do condomínio até a praia, onde assistia o nascer do sol e depois voltava para casa soado, porém com as energias renovadas. No entanto, naquele domingo ao voltar da rotineira corrida, algo inesperado aconteceu; quem ele menos imaginava estava esperando por ele sentada nos degraus da entrada de sua casa.

— Sabina? — chamou, a garota levantou a cabeça, colocando o cabelo atrás da orelha. — O que tá fazendo aqui?

— Eu estava te esperando. — Respondeu ela. — Imaginei que estivesse fazendo sua corrida matinal, como fazia antigamente, então resolvi esperar. Pelo visto algumas coisas nunca mudam.

Josh suspirou e sentou ao lado dela no degrau.

— Antes pelo menos eu tinha minha parceira de corrida. — Alfinetou.

— A gente pode voltar a correr juntos, sinto falta disso.

— Acho melhor não. — Josh disse seco e fez menção em se levantar, mas Sabina colocou a mão em seu joelho, então ele parou.

O loiro esperou ela falar alguma coisa, mas o olhar da mexicana estava parado em um ponto fixo a sua frente, parecia submersa em pensamentos, estava em um lugar distante e inalcançável. Josh notou as olheiras ao redor dos olhos dela e a ponta do nariz vermelho como se estivesse chorado a pouco tempo. Percebeu a tristeza no olhar dela, então concluiu que havia algo de errado.

— Por que não me contou sobre o Noah? — Sabina perguntou sem olhar para ele.

— Seja mais clara, por favor. — Retrucou.

— Por que não me contou dos problemas dele com drogas? Por que não contou nada sobre a overdose que ele teve no verão passado?

Sabina encarou Josh com os olhos lacrimejantes.

— Quem te disse isso?

— A Linsey fez questão de jogar tudo isso na minha cara.

Josh suspirou alto, passando a mão pelo rosto.

— Tá, e como você esperava que eu te avisasse, Sabina? Por telepatia? Ou que colocasse um bilhete numa garrafa e jogasse no oceano na esperança de você recebesse lá do outro lado?

— Você sabe muito bem como, Joshua. — Ela respondeu no mesmo tom. — Eu te disse eu tinha que ir embora; você era o único que sabia por que eu confiava em você. Eu escrevi uma carta pro Noah me explicando e entreguei em suas mãos, eu deixei um número para contato com você, se você tivesse me contado da situação dele, eu teria dado algum jeito de...

— Eu rasguei a carta... — Beauchamp a interrompeu, encarando o chão, envergonhado.

A mexicana paralisou, depois riu com escárnio. Olhou para o céu azul, sem nuvens, fechou os olhos e mordeu o lábio inferior com força tentando não chorar.

Aquilo havia sido um golpe baixo.

Sabina, que pensava que não poderia sentir dor igual a que tinha sentido quando descobriu que Noah quase morreu de overdose, agora sentia a forma mais pura, latente e nociva da dor.

Ela se sentia traída, confiou em Josh mais do que em qualquer um. Confiou nele porque antes mesmo de conhecer Noah ou Bailey, eles já eram melhores amigos. Primeiro vizinhos, depois colegas de jardim de infância, depois de colegial I; onde conheceram Noah, Krys e Diarra. Conforme os anos foram passando e os novos amigos ingressavam ao grupo, nunca deixou de ser apenas Sabina, Noah e Josh, havia uma espécie de singularidade no trio de amigos; uma cumplicidade inexplicável.

tell me why • urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora