02 - Meu coração irá seguir.

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Eu posso não ter a fé de muitas pessoas ou acreditar no todo poderoso lá em cima, mas eu certamente acreditava em desgraças

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Eu posso não ter a fé de muitas pessoas ou acreditar no todo poderoso lá em cima, mas eu certamente acreditava em desgraças. Não o tipo de pessoa desgraçada, mas coisas que acontecem com você sem que você tenha controle sobre isso. Na verdade isso sempre acontecia comigo, eu era como um ímã de problemas que se acumulavam com o tempo, mas eu nunca esperei encontrar esse tipo de desgraça na minha vida. Tudo bem que o feitiço ou promessa de uma bruxa na maioria das vezes se cumpre, mas depois de tudo que eu fiz pelas malditas eu não achei que ela ainda manteria isso, tudo bem eu a matei, mas existe perdão depois da morte. Não sabia que elas ainda queriam o meu pescoço em uma bandeja ou o meu coração nas mãos.
Não que ele batesse para algo mais que o único órgão do meu corpo que me mantém viva.

Ver Liam e Hayden naquela sala com Deaton e Scott me quebrou por dentro, não, eu não desejava Liam ou anojava Hayden por tê-lo. Eu tinha inveja. Inveja de não ser a pessoa que eu amava ali, que me buscava a cada momento nos seus pensamentos e nas suas ações. A pessoa que me amava e ver aquela cena em que ela quase morria e só estava viva por causa de um feitiço bobo que eu usei me causava tamanha inveja e dor. Doía como verbena sendo enfiada na minha boca e doía como todos os meus ossos se quebrando de uma vez. Doía como o inferno.

Scott acata a decisão da garota e a transforma em uma de seus betas. Eu já não estava lá para ver, mas sim sentada no muro do lado de fora da clínica olhando a lua e fumando um merecido cigarro. A única coisa que eu poderia fazer agora era inserir essa coisa que não dava fim a minha vida se não tinha um pulmão vivo para fazer isso.

— Eu odeio vocês, — Falo olhando para o céu — todas vocês. Até você mãe, eu sei que você está rindo de mim agora por ser uma tola apaixonada. Continue rindo Regina, mas eu não vou dar esse gosto pra você. Eu não vou amar novamente, não por ele, não nessa vida. A sua maldição irá falhar, e eu não vou me apaixonar. Não mesmo, sua vadia. — Falo um pouco mais alto ao que deveria ser um sussurro, devido a minha irritação clara no momento.

— Se apaixonar por quem exatamente? — Levo um susto e quase caio do muro e me viro vendo Mason. O garoto me olhando com uma cara confusa, segurando a risada.

— Você quer me matar do coração garoto? — Questiono e desço do muro apagando o cigarro, me aproximando um pouco dele.

— Desculpe. Não foi a intenção. — Mason comenta e sorri de leve. — Eu ainda não agradeci você e nem me apresentei. — Sorriu de canto, e estendeu a mão para mim, e eu a apertei. — Sou Mason Hewitt. Obrigado por me tirar dessa, ajudar a minha amiga e a todos aqui. — Deu de ombros, e colocou as mãos nos bolsos da calça escura.

— Sou Josette d'Lamort. — Acenei com a cabeça, e suspirei. — Não há de que, coisas do ofício, eu diria. Sua amiga está bem? Ela se machucou feio. — Comentei brevemente,  e ele assentiu.

— Sim, mas ela vai melhorar, graças a sua mágica. — Ele sorri fraco e um garoto loiro se aproxima, parando ao lado dele. — Esse é o Corey. Meu namorado. — Ambos sorriram um para o outro, e eu não pude evitar de fazer o mesmo junto a eles.

— É um prazer. Sou a Jô. — Apertei firme a mão de Corey, e suspirei um pouco, me virando para o outro lado. — Bom, já que tudo está contido, eu vou tomar o meu caminho. Não há porque ficar aqui. Foi um prazer. — Eles assentem, e eu novamente aperto suas mãos, seguindo em direção ao carro.

Abro a porta do mesmo, e jogo minha mochila lá dentro, deixando meu celular no painel, mas antes que eu entre, sou interrompida por Scott.

— Jô. Espera. — Ele correu rapidamente em minha direção, parando em minha frente, respirando fundo por um momento, sorrindo em minha direção.

— Precisa de algum coisa? Eu meio que . . . estou indo já. — Comentei rapidamente, e ele negou, apenas estendendo a mão em minha direção, a qual eu apertei com gosto.

— Obrigado. Por tudo. Por ajudar a Lydia, o Mason e a Hayden. Todos nós. — Disse, e soltou a minha mão, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta jeans que usava.

— Não há de quê. — Respondi, meio sem ideia do que dizer ao alfa, afinal, não estava muito acostumada a tamanha gratidão.

— Você vai sair da cidade? — Scott questiona e bate uma mão na outra a frente do corpo.

— Sim, eu não pretendo ficar, quer dizer, eu não posso ficar aqui. — Comentei rapidamente, me arrependendo das palavras em seguida.

— Por quê? — Novamente, ele questiona interessado, talvez até mesmo confuso.

— Pra ser sincera, preciso ficar longe do Liam. — Respondo e abro a porta do carro novamente. — Ele . . . — Mason então me interrompe, agora parecendo mais interessado e preocupado do que antes.

— Ele te fez alguma coisa? — Mason aparece de novo e se intromete na conversa, confuso com as minhas palavras.

— Não. Bom, isso não é da conta de vocês, eu preciso ir. Toma, — Estendo um cartão a Scott, que o pega. — é alguns dos meus números de telefone. Estão sempre ligados, se precisar dos meus conhecimentos de quinhentos e dezessete anos, eu estarei a disposição. Basta um telefonema.

Scott sorri e segura o cartão dando uma olhada. Eu entro no carro e aceno para os três ali presentes. Vejo Liam sair de mãos dadas com Hayden da clínica e suspiro ligando o carro e indo embora. Não escolho o teletransporte, eu precisava esvaziar a mente e dirigir me faria bem.

O discurso sobre amor que eu recebi do meu irmão a uns anos me bate a porta. E mesmo que eu tenha pensado em ser a pessoa que Liam busca, eu não queria que fosse ele. Eu queria que fosse a pessoa que eu amava, a pessoa que eu desejava e que sentia o mesmo de mim. Amor e desejo. Eu não era mais a menina idiota de 1864. Eu era madura e naquela época eu caí na tentação e me apaixonei.

Ele com certeza não era uma pessoa a qual você deveria se apaixonar. Guerreiro, protetor e intocável. A pele era como lã e o rosto era de um bebê carinhoso. Eu sentia que meus dedos o queimavam toda vez que eu o tocava. Era como tocar o intocável. Bernard era uma pessoa que você gostaria de ter ao seu lado pelo resto da vida, amável, companheiro e acima de tudo ele era meu amigo e desconhecia o meu lado sombrio. Com ele esse meu lado simplesmente não existia, eu era apenas dócil e humana.

Eu invejava isso em Liam e Hayden. Eles eram o que eram mas o amor deles era puro e lindo, como ouro e ninguém jamais poderia quebrar isso. Algo como o amor nunca se quebra. Nunca acaba e um amor como o deles jamais vai acabar.

Liam ama Hayden com cada batida do coração dele, é . . . talvez eu acabo de citar Simplesmente Acontece, mas o ponto é que ele cuida dela como uma porcelana que deve ser polida e admirada a cada segundo. Hayden não era diferente, ela sempre está e sempre estará lá por Liam e mesmo que ele a mande embora, ela vai lutar ao lado dele e ficar por ele.

Algo assim não se quebra, ele se fortalece e eu jamais terei isso de novo.
Lágrimas idiotas rolam pelas minhas bochechas sem meus comandos e eu bato no volante algumas vezes. Mas que droga! Estalo os dedos e penso em um lugar qualquer nos Estados Unidos e simplesmente apareço no Texas. Tanto faz.

Se isso não for longe o suficiente daquele garoto, eu me mudo para a Europa ou até mesmo para a Oceania, quanto mais longe melhor. Isso era o melhor para o meu coração que voltava a bater aos poucos.

𝐅𝐈𝐑𝐄𝐏𝐑𝐎𝐎𝐅 | 𝗧𝗪.Onde histórias criam vida. Descubra agora