Spécial Anniversaire

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Sinceramente, esse não é o seu presente original. Talvez não chegue nem perto de tudo o que o outro - escrito pela metade - carrega, mas sinto que não é o que eu quero entregar. Pela primeira vez em algum tempo, me vejo sem jeito para ligar as palavras e fazê-las aproximarem-se de você com delicadeza, caminhando com todos os meus sentires impregnados nelas.

E ao mesmo tempo, não quero que seja sobre as coisas que eu sinto sobre você, porque já lhe dedilhei tudo em milhares de ocasiões, e agora você as sabe de cor. Quero simplesmente falar sobre o quanto você é incrivelmente extraordinário sem nem ao menos tentar ser, e espero que a chuva que parece presa nas nuvens cinzentas desça e lave a minha pressa, porque estou atrasada, mas não acho que seja uma novidade.

Coloco uma música triste para tocar ao meu lado, com a intenção de que ela abafe os sons eufóricos que escapam dos apartamentos vizinhos, causados pelos feriados que precedem o fim de ano. E não há mais tempo mas sigo enrolando, porque estou com medo de esse texto também não dar certo e ter de ser descartado como todos os outros. Me perdoe por não achar as palavras que carregam a sua essência com precisão, apesar de desconfiar que elas não existam e - enfim - feliz aniversário, meu amor.

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Era um dia de inverno que marcava o início das férias da faculdade, e apenas rolo para o outro lado da cama depois de desligar o alarme que esqueci de desativar no dia anterior. O sol ainda nascia timidamente, agitando seus raios luminosos para cá e para lá através do céu que pretendia ser amigável, mas mostrava-se preguiçoso com todas aquelas nuvens. Puxo o cobertor para cima da cabeça, resmungando quando meu celular sinaliza a chegada da única mensagem que tem um som especial. Todas as outras seguem mudas, com notificações superficiais.

As mensagens da mesma conversa continuam chegando, e cogito a ideia de tirar seu diferencial e mandar um áudio gritando para Taehyung que ainda são sete horas da manhã - mesmo sabendo que assim que abrisse o aplicativo, suas mensagens me fariam sorrir e eu esqueceria toda a indelicadeza que estava planejando.

Minha mente envolve-se em memórias, vasculhando qualquer compromisso que eu possivelmente havia esquecido, mas não encontro nada. Reviro os olhos quando percebo que o celular já está entre as minhas mãos, digitando a senha que contém o seu nome e abrindo o aplicativo para me deparar com 56 mensagens não lidas apenas dele.

Metade delas são apenas ACORDA PIETRA e suspiro na tentativa de não xingá-lo. Vasculho as outras mensagens, mais acima, e descubro que ele estava me convidando para ir à praia nesse friozinho de inverno.

Sinceramente...

Taehyung, você tem noção de que ainda são sete horas da manhã do meu primeiro dia de férias e de que é pleno inverno? Você bebeu, ser humano esquisito?

Digito freneticamente, suspirando antes de apertar o enviar e apagando toda a mensagem segundos depois quando seu status se atualiza como estando online. Taehyung, eu odeio o modo como você me torna fraca.

Que praia?

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Às oito horas eu já estava exageradamente agasalhada, plantada na calçada do edifício e morrendo de fome enquanto esperava Taehyung manobrar o carro com a paciência que só ele tinha. Termino de me espreguiçar quando ele para à minha frente, olhando para mim pela janela com aquele seu sorriso irresistível.

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