16 de dezembro de 2013

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Não conseguiu mais dormir. Privação de sono já não era mais uma novidade em sua realidade. Ainda bem que médicos eram muito bem treinados para aquilo. As horas, que mais pareceram eternidade, pois praticamente não passavam, serviram para que ele se perguntasse inúmeras vezes se deveria ligar pra Addison pela manhã. Até então, a única forma que tinha conseguido de falar com ela, conversar, de forma que ela o respondesse, tinha sido pelo telefone antigo de seu quarto.

Quando o dia clareou lá fora, ele decidiu plugar o fio do telefone de volta a parede. Ainda que tivesse medo do desconhecido, sabia que Addison não notaria o que estava acontecendo. Como ela poderia chegar à conclusão totalmente implausível e correta de que estava conversando com um Derek no futuro? Ele não daria nenhuma pista que poderia a fazer desconfiar daquilo. Não mencionaria a internet a distância, a guerra, as filhas e muito menos tentaria avisá-la sobre a bolsa de valores ou o 11 de setembro. No entanto, ainda assim, por menos que ele esperasse, ela fez a constatação que ele temia.

- Você está diferente hoje.

Isso foi depois de cerca de 30 minutos conversando ao telefone.

- Porque? _ Derek perguntou.

Ainda sentia que era como conversar como um fantasma.

- Não sei...

- Minha voz está mais grave? _ ele arriscou.

Não sabia ao certo como era sua voz há 13 anos atrás. Ninguém sabia ao certo. As vozes são ouvidas por dentro por quem fala, por isso todos sempre se surpreendem quando ouvem alguma gravação com sua própria voz.

- Não _ disse Addison _ Acho que não. É que você está soando tão... Cauteloso.

- Cauteloso?

- Sim. Parece que você não tem certeza de nada.

- E não tenho _ ele respondeu.

Deveria ter apenas pensado, mas aquela verdade era tão certa que ele precisava dizer.

- Estranho _ ela disse _ Ter certeza de tudo é a sua marca registrada.

Derek riu. Se lembrava que tinha sempre certeza de tudo aos 20 e poucos anos. Sempre tinha um plano para concretizar, metas para bater, objetivos a cumprir. Naquela época aquilo parecia ser a coisa certa: ter um plano e segui-lo.

Já Addison não era tão assim. Ela achava que cada coisa tinha um momento certo para acontecer, mas quando algo grande acontecia em sua vida – como a proposta pra Boston, ela deixava de lado tudo o que havia planejado para seguir. Havia um tempo em que o plano dela era ser uma grande neurocirurgiã – talvez para provar algo para o pai, no entanto aquilo foi deixado de lado quando ela percebeu que seria maior na cirurgia materno-fetal.

- Você poderia mudar também _ ela comentou _ Seria divertido.

- Addie, eu sou homem.

- E daí, Derek? Você acha que não existem homem na medicina materno-fetal?

Ele contraiu os lábios e revirou os olhos. Era óbvio que existiam e todos eles deveriam ser zoados por caras como Mark, ele não queria ser mais um.

- Estou bem na neurocirurgia. Pensei que você também estava.

- Eu também pensei, mas a dra. Carlsmith disse que eu tenho futuro aqui.

- E você acreditou?

- Porque eu não acreditaria? _ ela questionou arqueando as sobrancelhas.

It's their seasonOnde histórias criam vida. Descubra agora