20 de dezembro de 2013

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A voz de Addison dizendo que estava fazendo aquela viagem pelas filhas e que faria qualquer coisa por elas, não deixou com que Derek tivesse uma boa noite de sono. Ele não parava de pensar no fato de ela estar em um lugar que não gostava somente porque as filhas estavam se divertindo em estar com a família. Ele lembrava de quando deu a Addison a sugestão de passar as festas de final de ano em Connecticut, como as meninas haviam ficado animadas e Addison com raiva. Ela tentou desfazer aquilo, o acusou de usar as meninas para encurralá-lo, mas ainda assim cedeu quando viu que era a maioria. Ela fazia aquelas coisas por amor, estava sempre fazendo concessões, o que o deixava ainda mais culpado com tudo o que estava acontecendo. Naquele momento, tudo o que ele queria era que elas tivessem lá, queria poder caminhar até o quarto das meninas para vê-las dormindo, ou puxar Addison na cama para abraçá-la por trás. Nos últimos temos aqueles tinham sido seus gestos de carinho.

Viu que o dia já tinha amanhecido por conta da mensagem de Mark que chegou em seu celular. Abriu e contraiu os lábios quando leu o amigo perguntando se ele iria trabalhar naquele dia. Jogou o aparelho de lado e tentou ignorar. Era difícil que ignorasse o trabalho, mas deveria ao menos tentar. Sentou na cama passando a mão nos cabelos em desalinho, em seguida caminhou até o banheiro para escovar os dentes. Quando desceu para encontrar com a mãe na cozinha, ela estava comendo ali sozinha. Retribuiu ao beijo que ele deu em sua bochecha e continuou silenciosa enquanto ele sentava ao seu lado pegando uma xicara vazia para se entender.

- E Amelia? _ perguntou, tentando puxar um assunto.

- Saiu pra trabalhar. Você vai trabalhar hoje? Se precisar, eu posso ao menos passar a sua roupa.

- Não. Eu acho que hoje eu vou trabalhar de casa. Não estou com cabeça para ir para aquele hospital.

- Você está sem cabeça pro trabalho?

- É... Acho que eu estou precisando de umas férias.

- Falou com a Addison?

- Falei _ mentiu _ Com ela e com as meninas.

- E como elas estão?

- Bem. As meninas saíram pra se divertir com o Captain ontem e a Addie está muito bem. Ela está reencontrando alguns amigos, revivendo na cidade dela.

Carolyn apenas assentiu e tomou mais um gole de café.

- Vocês se entenderam?

- A gente não está brigado, mãe. A gente está bem. A senhora vai ver quando ela chegar. Não tem amante, não tem nada. Nem pensa em falar pra ela sobre essas teorias da Amelia. Isso não tem o menor sentido, o menor cabimento.

- É o que eu desejo.

- Mãe, a senhora me conhece, a senhora sabe que eu amo a minha esposa, eu amo a Addison, eu sempre fui louco por ela. A senhora sabe do que eu abri mão pra ficar com ela. Eu poderia ter um futuro como a senhora queria, com a Mary ou qualquer garota que tivesse mais a ver comigo, mas eu quis ela. Porque eu amava e amo a minha esposa. Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por ela. Eu seria incapaz de fazer isso que a senhora está pensando, eu seria incapaz de ser infiel, desleal com ela. Mesmo se eu tivesse perdido o interesse, mesmo que eu não gostasse mais dela, mesmo se tivesse alguém no meu caminho... Eu respeito a Addison. Ela é a mãe das minhas filhas. Eu seria incapaz de ser desleal com a mãe das minhas filhas, com a mulher que eu amei por anos, com a mulher que eu amo, que eu vou amar pra sempre.

Carolyn olhou para o filho por alguns segundos, em seguida sorriu, orgulhosa.

- Eu tenho muito orgulho de você, Derek. Eu tenho orgulho do homem que você se tornou e não é só do filho não. Eu tenho orgulho do médico, do marido, do pai...

- Ah! Não sei se deveria ter tanto orgulho _ comentou.

- Ué? Porque não? O seu pai sentiria muito orgulho. Ele adoraria conhecer as netinhas. Ele adoraria a sua esposa, sabia?

- Eu sempre disse isso pra ela _ ele comentou com um sorriso no rosto _ Ele e a Addison teriam muito em comum. Às vezes eu ficava pensando se me apaixonei por ela exatamente porque tinha tudo o que eu sempre admirei no papai. Essa vontade de abraçar o mundo, de querer mudar a realidade... A Addison, se ela pudesse, ela... Dava a felicidade dela para que os outros fossem felizes. Depois que a Katie nasceu então...

- É. O seu pai era assim mesmo. Tinha dias que ele parecia determinado a enfrentar o mundo só pra fazer algum de vocês sorrirem.

- Eu lembro.

- Ah! Mas vamos parar de falar sobre isso... _ disse Carolyn _ Você não vai mesmo trabalhar?

- Não. Eu acho melhor eu ficar por aqui. Posso continuar usando o computador? Vou trabalhar de casa.

- Você sabe que você pode usar o que você quiser. Então, já que você não vai, eu vou preparar um almoço bem gostoso pra gente. Aquele frango com molho vermelho que você adora.

Ele sorriu e abraçou-a.

- Eu te amo.

- Eu que amo você.

Ele afastou-se da mãe e passou a manhã inteira trabalhando no projeto, conversando com Mark através de mensagens on-line, mas em nenhum momento respondeu as mensagens do amigo sobre Eva. Segundo ele a colega estava realmente estressada desde a discussão que os dois quiseram, mas deixou claro que não abriria mão do projeto. Não agora que receberiam todas as glorias. Derek não imaginava que ela deixaria. Voltou a focar no trabalho e parou apenas para almoçar com a mãe. Aproveitou o tempo fora do hospital para enviar e-mails para muitos profissionais, no intuito de formar um novo time para sugerir na reunião com a Casa Branca e, obviamente, ao mencionar a possibilidade de um financiamento da Casa Branca, recebeu várias respostas. Selecionou as dos melhores profissionais e formou uma lista para apresentar a Eva e Mark assim que eles se encontrassem. Em outros tempos os consultaria sobre o assunto, mas não tinham mais tanto tempo para decidir aquilo em equipe com todas o tempo que eles costumavam levar para tomar uma decisão, então ele facilitaria aquilo correndo atrás dos profissionais e dando opção para que os amigos escolhessem.

Teve o dia tão ocupado, apesar de não ter saído para ir ao hospital, que não lembrou de ligar pra Addison e nem pra casa dos pais dela para falar com as filhas. Chegar perto do telefone que fazia chamadas para o passado não estava em seus planos. A verdade é que agora ele tinha medo de usar aquilo e mudar qualquer coisa no presente. A sensação de que poderia ter perdido as filhas mexeu com ele de forma a quase traumatizá-lo.

Ao fim da noite se distraiu conversando com Kathleen e brincando de lego com os filhos dela. Era divertido e lhe fazia lembrar de Katie. Ela adorava brincar de construir as coisas e sempre era tão organizada que acabava se irritando com Ella quando a menina pegava alguma peça sem sua permissão.

Aquela noite ele dormiu pensando nas filhas. Olhando para as fotos dela em seu celular. Algumas ele sequer imaginava que existia. Certamente, elas haviam pegado sem ele saber e feito imagens delas mesmas, distorcidas ou borradas por conta dos movimentos na hora da captura. Gostaria de ao menos sonhar com elas, mas nos últimos dias não tinha sonhado, ou lembrava de ter. A verdade era que tinha a sensação de que tudo aquilo era um grande sonho.

It's their seasonOnde histórias criam vida. Descubra agora