c e n t o e v i n t e e u m

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Constantemente

eu espero por uma tragédia

um funeral

um incêndio interrompendo a festa

é só uma questão de tempo

até as roupas secarem no varal

Eu vivo colecionando caixões

vazios

sem corpos

aguardando pelos seus moradores

já consigo sentir o cheiro da putrefação

abafando todos os outros odores

Os vermes circulam ao redor

mal podem esperar para roer a fria carne

os abutres lhes fazem companhia

com suas penas cor de luto

ansiosos por um desastre

eu, como uma boa coveira

seguro a minha pá

com as mãos coçando para enterrar


Estrelas MortasOnde histórias criam vida. Descubra agora