Eu conto a história para Harry escondendo os detalhes mais íntimos, porque duas latas de cerveja estão longe de serem o suficiente para que eu me abra tanto para um garoto que acabei de conhecer.
Ele me interrompe algumas vezes para fazer comentários excelentes como "Em algum ponto da vida, literalmente todo gay vai ter a vida destruída por um Sam", ou "Ele estudava cinema? Isso já era um sinal de que não ia dar certo" ou um simples e direto "Filho da puta!".
Em nenhum momento Harry parece ter pena de mim. Ele parece se solidarizar, claro, mas na maior parte do tempo ele sorri como se estivesse orgulhoso da pessoa que eu me tornei. Não sei se é exatamente isso que ele pensa, mas, contando essa história pela primeira vez depois de tanto tempo, percebo que esse é o jeito como eu me sinto. Sinto orgulho de ter sobrevivido ao Sam.
- Agora é a sua vez de falar, pelo amor de Deus. Eu não aguento mais o som da minha própria voz - eu digo.
- Bem, a minha história também é meio dramática, não sei se você está preparado.
Eu apoio a cabeça sobre os joelhos dobrados, tentando arrumar uma posição confortável, e olho fixamente para Harry, mostrando que estou totalmente preparado para o drama.
Assim como eu, ele também bebe um longo gole de cerveja antes de começar.
- Eu ainda morava com minha mãe e minha irmã em Holmes Chapel quando o The Sound anunciou o último show. A minha vida estava uma bagunça, eu não tinha ideia de como seria o meu futuro e a minha relação com a minha família nunca foi das melhores. Mas, assim que anunciaram os shows, eu botei na cabeça que viria para Londres de qualquer jeito. Comecei a fazer de tudo pra juntar dinheiro. Literalmente tudo. Desde trabalhos como fazer bolos para festas, até animação em festa infantil.
Eu dou uma risada.
- Não queira nem imaginar como eu passava calor naquela fantasia de Homem-Aranha.
Me pego pensando em Harry vestindo apenas um collant grudadinho no seu corpo inteiro e me beijando pendurado de cabeça pra baixo em uma teia e, de repente, isso é tudo o que eu quero imaginar.
- Na época estava fora de cogitação falar para minha mãe que eu sou gay. Minha família toda sempre foi muito religiosa e eu tinha certeza de que ia morrer sem sair do armário. - Ele olha para o chão e ri de si mesmo - Até parece, né?
Eu abro um sorriso porque depois de tanto tempo consciente da minha sexualidade, isso deixou de ser a coisa mais importante sobre mim.
Se essa conversa estivesse acontecendo com o Louis de dezoito anos, ouvir alguém falando que é gay em voz alta me causaria calafrios de empolgação por encontrar um cara como eu. Hoje é tudo tão natural que em nenhum momento eu imaginei que Harry poderia ser hétero. Para ser sincero, eu sempre parto do pressuposto de que ninguém é hétero porque gosto de esperar o melhor das pessoas.
- Mas é claro que meu segredo não ficou a salvo por muito tempo.
- Eu estava esperando por isso - eu digo. - Não de um jeito cruel, claro! É só que você disse que ia ter drama, então eu meio que deduzi.
- Pois você está certíssimo - Harry diz, fazendo um cafuné rápido na minha cabeça sem nenhum aviso prévio, o que, obviamente, faz com que eu derreta um pouquinho por dentro.
- Na época, mesmo trabalhando muito, - ele continua - eu sempre arrumava tempo para me dedicar a uma coisa. Tá, é meio ridículo, você vai rir de mim.
- Harry, eu estou passando a minha madrugada sentado no chão para conseguir um ingresso para ver três caras de quase 30 anos cantando música teen. E provavelmente vou parcelar esse ingresso em três vezes. Eu não estou em posição de ridicularizar ninguém.
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Escrito em Algum Lugar - Larry Stylinson [CONCLUÍDA]
FanficO show mais aguardado do ano! Pelo menos para Louis, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são baru...