A minha vida estava perfeita quando conheci o Sam. Estava entrando no terceiro semestre da faculdade e tinha conseguido um estágio na empresa onde trabalho até hoje. Havia finalmente tomado coragem de conversar abertamente com a minha mãe sobre a minha sexualidade e, ao contrário da tragédia que eu imaginava que aconteceria quando eu falasse "Mãe, eu sou gay", a situação foi supertranquila. Ela disse que eu não estava contando nenhuma novidade, me mandou tomar cuidado porque as pessoas são cruéis e me pediu para separar o que tinha de roupa suja no meu quarto e colocar na máquina de lavar. Simples assim.
Eu estava com a minha vida acadêmica, profissional e familiar em total equilíbrio e, pra completar, o The Sound tinha acabado de entrar em turnê e os rumores de um show na Inglaterra estavam fortíssimos. O que poderia dar errado?
Bem, o Sam.
A gente se conheceu no aniversário de uma colega da faculdade. Era esse tipo de comemoração onde todo mundo vai para um pub pequeno que não tem estrutura para acomodar o grupo enorme de pessoas que foi convidado e, no fim das contas, todo mundo fica em pé bebendo e conversando na calçada. Eu estava lá, o Sam estava lá, ele demonstrou interesse e a gente se beijou naquela noite. Trocamos números, conversamos por um tempo, saímos algumas vezes e um dia eu acabei pedindo ele em namoro e ele aceitou. Não foi um pedido memorável, mas foi importante demais para mim.
A questão é que, na minha cabeça, um cara como o Sam nunca olharia para mim, quem dirá me namorar. Sam era magro e alto. Eu era um pouco mais baixinho do que eu sou hoje, e já estava cansado de entrar em aplicativos de namoro e dizer "e aí, curte baixinhos?" como se ser baixo fosse um problema.
Sam estudava cinema, já havia viajado para uns quatrocentos países e sonhava em mudar o mundo com a sua arte. Eu estudava matemática, nunca havia saído da Inglaterra e sonhava em trabalhar de carteira assinada para poder me aposentar cedo. Nós éramos muito diferentes, mas, de alguma forma, a gente se completava. Eu me sentia bem quando estava com ele. Na maior parte do tempo.
As nossas diferenças sempre foram uma grande piada entre nós dois e eu estaria mentindo se não dissesse que havia me pegado várias vezes planejando nosso casamento com o tema "Os opostos se atraem".
A coisa foi ficando séria. Nosso namoro foi durando dois, três, quatro meses e no quinto mês eu conheci a família de Sam. Seus pais e seu irmão me acolheram com muito amor em um jantar na casa deles e o jeito como tudo aquilo parecia normal me deixava encantado. Eu sempre imaginei que, se fosse para viver uma história de amor, ela seria sofrida e cheia de drama, mas com Sam tudo era simples. Eu vivi experiências que hoje percebo como são raras. Trocar receitas com a sogra não é o tipo de coisa que qualquer homem gay pode fazer e, por um tempo, eu pude.
A primeira vez que eu me senti desconfortável com Lucas foi no dia em que o show do TS na Inglaterra foi confirmado e divulgaram as datas para as vendas dos ingressos. Gosto musical era uma das muitas coisas que eu e Lucas não tínhamos em comum. Eu nunca tive a oportunidade de falar "Olha eu sou apaixonado pela boyband The Sound, sei todas as letras de trás pra frente, li mais fanfics de TS ao longo da vida do que qualquer outro tipo de literatura e tenho um blog no Tumblr chamado fuckyeahshiall onde posto fotos do Shawn e do Niall diariamente para os meus 28 seguidores". Mas também nunca achei que esse tipo de conversa seria necessário.
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Escrito em Algum Lugar - Larry Stylinson [CONCLUÍDA]
Hayran KurguO show mais aguardado do ano! Pelo menos para Louis, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são baru...