Se a abertura do show for exatamente igual à de todos os outros da Europa, eu sei que tenho mais ou menos três minutos até a banda subir ao palco. Antes de todo show, eles exibem um vídeo emocionantes sobre a trajetória do The Sound, mostrando trechos dos primeiros clipes, das primeiras entrevistas e de quando eles ganharam um VMA de banda revelação e o Shawn tropeçou na escada na hora de ir receber o prêmio.
O vídeo começa e eu já estou correndo. Levo algum tempo para entender como a numeração das arquibancadas funciona e a gritaria se junta às luzes piscando para deixar ainda mais difícil a minha missão de enxergar as placas. Vejo letras e números passando diante dos meus olhos. B32, C26, D39.
Sinceramente, quem inventou essa numeração que não faz sentido nenhum?
Ouço vozes me xingando toda vez que preciso passar por uma fileira apertada e dependo da boa vontade das pessoas para me darem passagem.
Tenho quase certeza que alguém jogou um copo de guaraná na minha cabeça quando avisto o setor onde Harry está. F24! Na minha cabeça, criei esse momento onde eu chegaria aqui e ele estaria de braços abertos me esperando para um abraço. É óbvio que isso não acontece. Tudo o que eu vejo é um mar de gente, e minha cabeça está girando um pouco porque tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
O vídeo no telão está quase acabando e os gritos atingem seu nível máximo. Eu olho para todos os lados enquanto fico parado no meio do setor, entre um corredor e outro, dividindo minha atenção entre a busca por Harry e o palco iluminado, pronto para receber os maiores músicos de todos os tempos (segundo eu mesmo).
O meu esforço físico de correr até ali decide que agora é um bom momento para mostrar suas consequências e minhas pernas começam a formigar. Minha respiração está ofegante e, na falta de um lugar para sentar, eu me jogo no degrau do corredor e espero a adrenalina passar. Me sinto cansado, frustrado e um pouco idiota. Mesmo sentado no chão, ainda consigo ver um pedacinho do palco. A contagem regressiva acaba e o The Sound aparece no meio de uma cortina de fumaça dramática, cercados de luzes coloridas.
Bem, é nessa parte que eu choro.
Começa meio que com uma lagrimazinha só, e eu quase tento puxá-la de volta pra dentro do olho usando apenas a força da minha mente. Mas, depois de tanto tempo esperando, eu finalmente estou aqui, o show começa e não faz sentido segurar a emoção.
Eu choro e sorrio ao mesmo tempo, e percebo que essa é uma das minhas sensações favoritas. Chorar e sorrir junto. Chorrir.
— Belo casaco — ouço uma voz dizer no meu ouvido.
Eu não preciso nem olhar para saber que é ele, mas olho mesmo assim. Viro meu pescoço com a velocidade máxima que pescoços são humanamente permitidos e encontro Harry sentado do meu lado no degrau.
Ele também está chorrindo.
— Eu não acredito que te encontrei— eu sussurro mesmo sabendo que ele não vai conseguir me ouvir no meio do barulho.
A gente fica se encarando enquanto a música começa. Eu vejo o reflexo das luzes do palco nos olhos dele, mas não ouso desviar. Eu quero perguntar por que ele nunca me respondeu, quero saber se está tudo bem, quero mostrar a playlist brega que eu fiz pensando em nós dois. Mas eu não faço nada disso. A gente só se encara por muito tempo até começar a ficar bizarro demais e daí o contato visual meio que se transforma naquele momento em que um fica olhando para a boca do outro. A gente se aproxima, eu sinto as respirações ficando pesadas e acho que se Harry realmente não quisesse mais nada comigo, ele não estaria sentado no chão encarando a minha boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escrito em Algum Lugar - Larry Stylinson [CONCLUÍDA]
Fiksi PenggemarO show mais aguardado do ano! Pelo menos para Louis, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são baru...