Harry não me respondeu. Não imediatamente, nem no mesmo dia, nem nos três meses que se passaram entre o nosso beijo e a semana do show.
Depois do meu término com Sam, eu vivi uma série de primeiros encontros que nunca passaram disso. Uns beijos, sexo casual e sumiço. Não estou tentando bancar a vítima porque, em alguns casos, era eu quem sumia. Mas, ainda assim, depois de tantas tentativas frustradas de me relacionar com alguém, teoricamente eu já deveria estar acostumado, certo?
Teoricamente.
Mas com Harry foi diferente. Eu senti que a gente realmente se conectou. Eu nunca me abri daquele jeito com nenhum outro cara. Aquele beijo não foi apenas um beijo. Foi quase que uma promessa. Mas se eu na verdade estivesse me iludindo e criando expectativas em cima de qualquer coisa, esta não teria sido a primeira vez.
Me iludir e criar expectativas eram basicamente as minhas especialidades na vida.
E ainda tinha o casaco dele. Aquela jaqueta verde que me assombrava dia e noite pendurada no meu guarda-roupa. E o pior é que eu nem pude passar noites em claro me afundando em angústia enquanto cheirava o casaco de Harry porque, eventualmente, minha mãe pegou a peça de roupa no meu quarto e botou pra lavar. O cheiro dele havia ido embora.
Zayn e Liam ouviram minha história sobre a noite da fila um milhão de vezes, com toda a paciência do mundo. Enquanto Zayn me encorajava a seguir em frente e esquecer o cara que não teve a mínima decência de responder à minha mensagem, Liam preferia acreditar que aquilo tudo era o destino dizendo que eu precisava me esforçar mais um pouco para reencontrar o amor da minha vida.
É meio idiota pensar em Harry como o amor da minha vida e, por mais que o meu lado racional soubesse que não preciso de ninguém pra me sentir completo, eu meio que queria alguém. Eu queria que fosse ele. Todo o meu discurso de empoderamento do jovem gay solteiro caía por terra quando eu pensava em Harry e, numa noite solitária, eu criei uma playlist chamada “Doze músicas para lembrar de você” e escutei minhas doze faixas favoritas do TS em um looping infinito até cair no sono. No dia seguinte, decidi seguir em frente e evitei procurar qualquer coisa sobre a banda porque aquilo, de certa forma, me fazia meio mal.
Bem, eu me esforcei bastante. Meu histórico de navegação na internet ficava cada dia mais humilhante e desesperado. Procurei pelo nome de Harry em todos os fóruns e grupos de The Sound que eu conhecia. Busquei pela sua fanfic inacabada em todas as plataformas mas, assim como antes, seus textos continuavam desaparecidos de toda a internet. Descobri que existem mais Harrys no fandom de TS do que eu imaginava. Atingi o fundo do poço quando descobri um fã irlandês que também se chamava Harry e vendia almofadas em tamanho real dos três membros da banda.
Considerei comprar uma, mas o frete ficava caro demais.•
Quando o dia do show finalmente chega, eu estou empolgado e frustrado ao mesmo tempo, o que é basicamente como tenho me sentido todos os dias desde a noite da fila. Eu cogitei vender o meu ingresso e deixar essa ideia de show pra lá, mas meus amigos me lembraram constantemente que eu já deixei de ver o The Sound ao vivo uma vez por causa de homem. Não podia deixar isso acontecer de novo.
Logo depois do almoço eu me arrumo com uma roupa confortável para aguentar o dia. Uma bermuda jeans, o meu “tênis de academia” que eu só usei por dois meses até, bem, desistir da academia, e uma camiseta escrito “TEAM SHIALL” que mandei fazer na época do primeiro show e nunca tive a oportunidade de usar. Encaro o moletom verde de Harry pendurado em um cabide no meu quarto e, num ato de esperança e desespero, pego o casaco e amarro na cintura.
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Escrito em Algum Lugar - Larry Stylinson [CONCLUÍDA]
FanficO show mais aguardado do ano! Pelo menos para Louis, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são baru...