Amizade entre homem e mulher existe sim!

Hospital

     Aquela foi a hora e meia mais angustiante da minha vida. Do trajeto de carro da festa até o hospital (não deixaram entrar na ambulância) e o tempo de espera até liberarem o quarto para visita.

       Assim que o Gustavo entrou na ambulância liguei pros pais dele e os meus e Mario, Fernando e eu fomos correndo ao hospital.

      Os pais dele chegaram vinte minutos depois da gente. Ficaram esperando em silêncio e foram os primeiros a entrar.

-Gustavo quer ver vocês três- fala a Senhora Bershire

      A angústia finalmente chegara ao fim, entramos no quarto em silêncio e vimos nosso amigo sentado na cama de hospital.

-Que susto você nós deu!- falo fingindo estar brava

-É muito bom poder ver vocês. Achei que só veria a cara de preocupação dos meus pais- fala ele

      Mesmo com tudo o que acontecera ele estava de bom humor. Os quatro rimos com a sua piadinha sem graça mas logo ficamos em silêncio.

-Você conseguiu estragar a festa duas vezes, que façanha!- fala Fernando

      Dou um tapa no meu amigo, aquele comentário não era apropriado.

-Bom, pelo menos um foi por um bom motivo!- fala Gustavo

-Agora você está livre, leve e solto!- fala Mario

-E o mais importante, solteiro.

     Era bom ver meu amigo feliz mas eu conhecia muito bem o meu amigo, ele não estava totalmente feliz, e não era porque ele está no hospital.

-Estou doido pra sair daqui! Ninguém entende que estou cem por cento bem!- fala ele

-Eles te explicaram o que aconteceu?- pergunto

-Sim mas não quero falar disso. Apenas quero esquecer o acontecido e voltar pra festa.

-Depois do acontecido ela deve ter ido por água abaixo.

-Não queria estragar a festa de ninguém.

     Abraço o meu amigo e o Fernando e Mario se unem ao abraço.

-O que acham de me ajudarem a fugir?- pergunta ele

-Você está maluco?!- falo

-Logo logo você vai sair daqui- fala Mario

-Ah, não quero ficar aqui- fala ele

      A porta se abre e os pais dele entram.

-O Gustavo tem que descansar, depois vocês conversam depois- fala a mãe dele

-Podemos ficar no quarto?- pergunto

      Não queria deixar meu amigo sozinho naquela situação
.
-Todos pra casa. Vocês precisam descansar também- fala ela

-Pelo menos podemos saber o que aconteceu?- pergunto

     Sua mãe ficou séria.

-O meu filho já não falou que não quer falar sobre o assunto?!- pergunta ela meio brava

-Eu só quero o melhor para o seu filho!- falo

-Eu sei, mas agora quero todos fora.

      Não adiantava continuar argumentando então abracei o meu amigo.

-Fica bem, tá? Qualquer coisa me liga- falo

-Pode deixar- fala ele

      O Fernando e Mario se despedem dele e saem do quarto. Eu fico um pouqinho mais pra me despedir.

-Promete que vai ficar bem?- pergunto a beira do choro

-Só se você prometer não chorar por minha causa, não mereço o seu choro. Eu não morri!- fala ele

      Ele fecha o punho e levanta o mindinho o que me faz rir.

-Juro ficar bem e não preocupar a Isa com minha saúde e se não que cortem meu mindinho fora!- fala ele

     Uno meu mindinho com o dele.

-Juro estar sempre do lado do meu melhor amigo e não chorar por causa dele porque, segundo o mesmo, ele não merece o meu choro e se não que cortem meu mindinho fora- falo

       Abraço meu mindinho com força.

-Até logo- falo

-Até- fala ele

      Saio do quarto e me encontro com os meninos na recepção.

-Quer carona pra casa?- pergunta Fernando

-Acho que vou ficar aqui. Vai que o Gustavo precisa de mim- falo

-Cuida bem do nosso amigo, tá?- fala Mario

-Vou cuidar sim!- falo

     Eles me abraçam e vão embora e eu fico na sala de espera.

-Doutor!- chamo

      O doutor vem até mim.

-O que foi?- pergunta ele

-Quero saber como está meu amigo- falo

-Quem?

-O Gustavo Bershire.

-Não estou autorizado a falar sobre meus pacientes.

-Por favor, senhor. Eu tenho que saber a gravidade do assunto.

-O jovem Bershire tem problemas respiratórios, é o que eu posso lhe contar.

     Fico em choque. Como assim meu amigo com problemas respiratórios? Pensando bem, fazia sentido já que nas aulas de educação física ele não fazia muito esforço e não foi no acampamento da escola.

-Ele vai morrer?- pergunto preocupada

-Desculpe, tenho que ir trabalhar- fala ele

     Ele me deixa sozinha e mais preocupada ainda.