(III) O Tipo ideal

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(:P.O.V JIMIN:)

🐇🐤

 — O que seis carbonos de mãos dadas fazem juntos com seis hidrogênios em uma igreja? 
   
Aquilo era a química a base de piadas toscas, igual a Kim Taehyung, que tinha seu caderno do Bolt, o supercão, (aquele que eu tinha certeza que raciocinava melhor do que ele) aberto em mãos olhando como um retardado para as folhas cheias de ramificações preenchendo-as, totalmente sem entender nada.
   
Então, o moreno me lançou aquele olhar de aluno que só vai para a escola para não reprovar por falta, o que claramente era o seu papel, e negou com a cabeça, me mostrando o quão sem inteligência ele era. Um suspiro me escapou e eu quase o esganei naquilo que eu digo ser meu ápice de pelanca histérica.
   
Eu queria o dizer que ele, insistindo em me obrigar a o ensinar química como um condenado achando que iria conseguir 1% da minha inteligência para o teste dele de amanhã, estava sendo mais iludido do que os cachorrinhos de rua indo até as portas das churrascarias achando que vão ganhar um ossinho por lá. O que era triste, e por eu não ser um amigo tão desalmado, o permitiria que a sua esperança fosse a última a morrer.
   
— O que seis carbonos de mãos dadas fazem com seis hidrogênios na igreja, Jiminnie? — Ele perguntou, baixo, tão baixo que eu quase não escutei. Oras, acho que sua esperança estava morrendo mais antes do que imaginei.
   
Contudo, eu suspirei novamente, tão cansado daquela sessão de estudos inútil quanto ele. Só estava suportando porque o post-it com as mensagens bonitinhas que a minha mãe deixava sobre a minha escrivaninha todos os dias me fazia ter um dia melhor.
      
— Eles estão benzeno, Taehyung. — Uma referência idiota, para uma piada idiota.
     
Eu realmente achei que o ensinar química através de piadas ruins iria funcionar. Mas, vejamos só, o senso de humor de Kim Taehyung estava em estado crítico, tão crítico que me dava dó.
      
— É isso que devo fazer com você. Meus dotes de mãe Diná me fazem sentir que esse amor pelo Hoseok incorporou tão forte em você que fez tua cabeça e destruiu seus poucos neurônios. Não me recordo de você ser tão sem inteligência dessa forma. Só pode ser coisa do demônio. — Fechei o livro em um baque, balançando a cabeça à medida que empurrava meus óculos de volta no lugar e estralava os dedinhos para afastar as energias do mal.
   
Ele me lançou aquele olhar cabisbaixo e se jogou na cama, totalmente sem estímulo.
      
— Eu acho muito estimulante a forma que você me incentiva. Tão incentivador que eu me sinto imensamente estimulado a morrer de desgosto por te ter como amigo.
   
— Credo, Tae, por que você é tão extremista? Um zero não é grande coisa e não é a primeira vez que você não vai ganhar um dez. Já deveria ter se acostumado e parado de drama. — Fui o mais cínico possível à medida que agachava para pegar a minha pequena caixinha do paraíso na gaveta das minhas cuecas, — Taehyung era o único a conhecê-la —, ouvindo a sua risada forçada tomar o ambiente.
   
— Há há, eu também acho que você deveria ser acostumado com o fato de que o nome do Jeon sempre estará melhor acima do seu. Já deveria ter parado de drama.
    
Minha cabeça se virou igual a da boneca Annabelle, quase num giro perfeito de 360 graus. Eu não acreditava que Taehyung foi tão baixo capaz de tocar no nome da desgraça bem dentro do meu templo sagrado. A minha primeira iniciativa foi o acertar com a primeira coisa que eu possuía em mãos e foi tão rápido, mas tão rápido, meus caros, que eu tenho certeza que foi capaz de o atingir como um tiro bem no meio daquele cabeção dele, e eu tampouco me importei que a caixa do meu precioso kitkat estivesse completamente amassada.
      
Ele havia se recuperado da perna para ter a cabeça lascada agora.
      
Eu estava tão imensamente satisfeito o vendo gemer de dor do que uma mulher de tpm comendo uma panela de brigadeiro.
      
— Você nunca mais ouse me provocar usando uma frase tão medonha quanto essa e ainda mais incluindo o nome daquele nariz de batata no meio, está ouvindo? — Eu levantei o dedo e rugir bem na sua cara, o vendo gargalhar como um sadomasoquista em meio a dor, segurando a cabeça atingida. — Você não vai querer comprar uma guerra contra Park Jimin.
      
— Claro que não, deixo esse deleite apenas para Jeongguk. Não vou querer acabar com a única diversão que vocês tem na vida. Claramente, um é o passa tédio do outro. Você sabe no que isso termina não é mesmo? — Ele se pôs de pé e riu bem na minha cara (daquele jeito bem nojento, do tipo tão insinuante que você não precisa que a frase seja completa para entender).
      
Eu peguei a sua afronta nas entrelinhas e o empurrei de volta para a cama com toda a minha raiva.
      
— Kim Taehyung! — Eu gritei como se estivesse o avisando que a minha cota de paciência com a sua brincadeira sem graça estava chegando ao fim, sem conseguir segurar toda a minha frustração em ter que o ouvir insinuando aquelas coisas babacas e articuladas à nível da Ministra Damares! — Você não ouse!
      
Eu estava no que digo ser minha sessão de faniquito, pronto para espernear frustrado porque eu não conseguia ouvir afrontas.
      
Eu nunca sentiria nada além do que ódio mortal por aquele ser repugnante de nariz grande e olhos com o formato estúpido de pequenas jabuticabas bonitas. O pernalonga me dava repulsa.
      
— Por que você está tão inquieto? Falar a verdade te incomoda? — Ele sorria enquanto falava, o que claramente me tirava ainda mais do sério. — Você é um mimadinho da...
      
Quando eu já estava munido com o meu travesseiro e pronto para o apresentar uma sessão de BDSM e o dar uma sensação prazerosa de sufocamento, minha mãe entrou no quarto e me pegou no flagra prestes a cometer um assassinato.
      
— Garotos, o que eu já falei sobre brincadeiras de lutinha? — A mulher de cabelo negro e bonitos olhos fechadinhos (como os meus, diga-se de passagem) trazia consigo uma bandeja com o que parecia ser o lanchinho da tarde, não deixando de lado o humor na voz.
      
Será que ela não sentia o cheiro de um rato fedido, cujo Kim Taehyung, prestes a morrer, não? Me perguntava, daí lembrei que a coitada não tinha culpa, a mãe nunca foi boa em farejar o perigo, ela nunca sentiu cheiros mesmo.
   
Trágico.
      
— Eu só estava ensinando a expressão "morrer pela boca" para o Tae, mãe. — minha carinha de inofensivo a fez cair na conversa, mas, ao o olhar para aquele que eu dizia ser meu ex amigo, o sinal que fiz de faca passando pelo pescoço o alertou que ele não se safaria dessa. — Totalmente na esportiva...
      
— Falando em esporte e lembrando de exercícios, lembre-se de caminhar hoje a tarde, filho... — Quando minha mãe abriu a boca para falar aquilo, eu choraminguei totalmente cansado de tantas infelicidades uma atrás da outra.
   
Porém, eu sabia que ela era exatamente a minha "personal trainer" por pedido meu. Tinha consciência que, mesmo querendo desistir, eu não poderia abandonar os exercícios. Tudo pela saúde, afinal.
      
Mas, por Deus, pra que tanto sofrimento? Não entendia o porquê nasci tão lindo para ter que suportar tantas desgraças. Acho que era a compensação por eu ser tão bonito, claramente não pode haver tantas bênçãos em uma pessoa só, para não ser injusto com os mais feios.
      
— Mas diz aí, tia, que lanchinho lindo é esse aí? É para mim? — Taehyung se levantou da cama, todo animadinho quando enxergou a bandeja, me fazendo revirar o olhos.
     
Interesseiro idiota. Grr.
   
— Tudo para os meus dois nenês. Lanchinhos e sucos naturais feitos unicamente pela mamãe aqui. — Ela se vangloriou toda pomposa, e eu fechei os olhos como se ouvir aquilo tivesse me dado dor de cabeça.
      
— Ah que delícia! — Taehyung exclamou.
     
— Ah que cúmulo do insuportável!!! — Grunhi, então minha mãe riu ao que eu me joguei dramaticamente no meu colchão, que inclusive fedia a rato, acho que devo dedetizar o mais antes possível.
      
— Eu não sei onde fui ter um garoto tão mimado...— Ouvi minha mãe praguejar e revirei os olhos.
       
Eu não era mimado, puff.
   
— Na maternidade? — Taehyung questionou estupidamente após alguns minutos, como se realmente tivesse levado tempo para chegar até aquela conclusão.
      
Minha mãe gargalhou enquanto acariciava os cabelos de Taehyung, seu olhar denunciando que achava a lerdeza alheia fofa. Eu fechei os olhos para não ser obrigado a ver aquela traição.
      
— Eu estou saindo agora para academia, se cuidem e nada de briga de lutinha, okay? — Ela esquecia que éramos os maiorais quando falava aquele tipo de coisa. — Jimin, mais tarde estou chegando para dar uma organizada nesse chiqueiro. Folga para a Sunmi, trabalho extra para mim.
      
— Triste, tia, mas te aconselho a dar uma primeira olhada na gaveta de cuecas dele, o caso está precário por lá. — Meus olhos se arregalaram no exato segundo, o assistindo sorrir para mim todo cínico, me deixando apavorado quando minha mãe pareceu aceitar o seu "conselho" pavoroso.
      
Que traíra dos infernos!
      
— Kim Taehyung, você será um rato morto!

Disputa Acirrada •Jikook•Onde histórias criam vida. Descubra agora